Zema afirma que loja da família foi alvo da PF e sugere perseguição por parte de Lula

Zema acusa governo federal de perseguição após operação da PF em empresa da família.
Governador de Minas afirma que fiscalização teria motivação política.
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), gerou polêmica ao afirmar que uma empresa pertencente à sua família foi alvo de uma operação de fiscalização conduzida pelo Ministério do Trabalho e acompanhada por sete viaturas da Polícia Federal em fevereiro deste ano. Durante entrevista concedida à Revista Oeste na noite de quinta-feira, 22 de maio de 2025, o governador mineiro sugeriu, sem apresentar evidências concretas, que a ação teria motivação política, especialmente considerando as articulações já em curso para as eleições presidenciais de 2026. Zema destacou que, em mais de cem anos de existência, a empresa familiar nunca havia passado por uma fiscalização tão ostensiva, insinuando que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva estaria promovendo uma perseguição política contra ele por ser um potencial adversário no próximo pleito eleitoral. A declaração do governador mineiro rapidamente repercutiu nos meios políticos e agravou ainda mais a tensão já existente entre o estado de Minas Gerais e o governo federal, especialmente após outras críticas recentes feitas por Zema à atual administração federal em questões relacionadas a investimentos e apoio ao seu estado. O caso levanta questionamentos sobre a relação institucional entre diferentes esferas de governo e possíveis motivações políticas em ações de fiscalização, tema sensível no contexto democrático brasileiro e que frequentemente gera debates acalorados sobre os limites da atuação estatal.
A versão apresentada por Zema, contudo, foi categoricamente negada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, que contestou diversos pontos da narrativa do governador. Segundo a pasta federal, o alvo da operação mencionada não era uma empresa do Grupo Zema, contradizendo diretamente a afirmação central feita pelo governador mineiro. Além disso, o ministério esclareceu que a operação não contou com a participação da Polícia Federal, como alegado por Zema, mas sim da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que teria atuado apenas na segurança dos agentes do próprio Ministério do Trabalho e Emprego e também do Ministério Público do Trabalho durante a ação fiscalizatória. Por sua vez, a PRF também se manifestou sobre o caso, informando que sua participação se limitou a garantir a segurança dos agentes federais durante a fiscalização, seguindo os protocolos padrão estabelecidos para operações desse tipo. Tanto a Polícia Federal quanto a Secretaria de Comunicação da Presidência da República foram procuradas para comentar o caso, mas não se manifestaram até o fechamento desta reportagem. O Estadão também tentou entrar em contato com o governador Romeu Zema solicitando esclarecimentos adicionais sobre a fiscalização mencionada, mas não obteve retorno. A controvérsia evidencia o clima de tensão política que já se instala no país, a mais de um ano das eleições presidenciais.
Durante a mesma entrevista em que mencionou a suposta operação na empresa de sua família, Zema aprofundou suas críticas ao governo federal, afirmando que existiria uma “birra com Minas Gerais” por parte da atual administração. O governador acusou o governo Lula de investir pouco no estado mineiro e de cobrar “taxas de agiota”, numa referência provável às negociações da dívida do estado com a União. Em tom de confronto direto, Zema ainda declarou que Minas Gerais seria um estado que está “resistindo” e lembrou que, segundo sua perspectiva, o estado “afundou” durante gestões anteriores do PT. Esta não é a primeira vez que o governador mineiro se envolve em embates públicos com o governo federal ou com o Partido dos Trabalhadores. Recentemente, a Justiça do Distrito Federal rejeitou um pedido do PT para que Zema removesse publicações em suas redes sociais nas quais associava o partido e o presidente Lula a uma suposta fraude no INSS. Na ocasião, a juíza Vanessa Maria Trevisan, da 13ª Vara Cível de Brasília, indeferiu o pedido de urgência solicitado pelo PT, entendendo que as declarações do governador estariam protegidas pela liberdade de expressão no contexto do debate político. Em suas publicações, Zema tratou dos descontos indevidos nos proventos de aposentados e pensionistas, chegando a aparecer em um vídeo usando uma camiseta preta, em sinal de “luto pelos aposentados roubados pelo PT”, conforme escreveu na legenda da publicação feita no Dia do Trabalhador deste ano.
O episódio envolvendo a suposta fiscalização na empresa da família Zema se insere em um contexto mais amplo de crescente polarização política no Brasil, que tende a se intensificar à medida que se aproximam as eleições de 2026. Como governador de Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país, Romeu Zema é frequentemente apontado como um potencial candidato da direita à presidência, especialmente por representar uma alternativa mais moderada dentro do campo conservador. Suas críticas constantes ao governo federal e, em especial, ao presidente Lula e ao PT, parecem seguir uma estratégia de posicionamento político visando justamente esse cenário eleitoral futuro. Por outro lado, as respostas contundentes dos órgãos federais, contestando ponto a ponto as afirmações do governador mineiro sobre a suposta operação, demonstram a preocupação do governo federal em não permitir que narrativas potencialmente prejudiciais à sua imagem se consolidem sem contestação. A divergência entre as versões apresentadas pelo governador e pelo Ministério do Trabalho evidencia não apenas um conflito factual sobre o que realmente ocorreu, mas também reflete as tensões políticas mais profundas que permeiam as relações entre diferentes níveis de governo no atual contexto brasileiro. Para os analistas políticos, este tipo de embate tende a se tornar cada vez mais frequente conforme o país avança em direção ao próximo ciclo eleitoral, com potenciais candidatos buscando construir narrativas que fortaleçam suas posições junto ao eleitorado.
Divergência entre versões levanta questões sobre uso político de fiscalizações
O caso envolvendo as declarações do governador Zema e a pronta resposta do Ministério do Trabalho levanta importantes questões sobre os limites entre fiscalizações legítimas e possíveis usos políticos de órgãos de controle. Enquanto o governador não apresentou provas concretas de suas alegações de perseguição política, também é fundamental que os órgãos federais mantenham a transparência necessária em suas ações fiscalizatórias, especialmente quando envolvem empresas ligadas a figuras políticas proeminentes. A expectativa é que tanto o governador quanto o ministério possam fornecer mais detalhes sobre o ocorrido nos próximos dias, permitindo que a sociedade tenha acesso a informações mais precisas sobre este episódio que promete repercutir ainda por algum tempo no cenário político nacional.