Venda do Instagram e WhatsApp pode ser imposta a Zuckerberg

Ações da FTC colocam aquisições da Meta em julgamento nos EUA.
Mark Zuckerberg, fundador e CEO da Meta, enfrenta um julgamento histórico que pode mudar o curso de sua empresa. Nesta segunda-feira, 14 de abril de 2025, o tribunal nos Estados Unidos começou a analisar as acusações de práticas anticoncorrenciais relacionadas às aquisições do Instagram e WhatsApp. A ação, movida pela Comissão Federal de Comércio (FTC), questiona se as compras realizadas há mais de 10 anos foram estratégias para eliminar a concorrência. O caso pode levar Zuckerberg a se desfazer desses aplicativos, resultado que representaria uma reviravolta sem precedentes no mercado global de tecnologia.
O cerne do caso reside nas alegações de que a Meta teria utilizado métodos anticoncorrenciais para assegurar sua dominância no mercado. E-mails internos da empresa, que destacam declarações de Zuckerberg como “é melhor comprar do que competir”, têm sido usados como evidência central pela FTC para sustentar seu argumento. Por outro lado, a defesa da Meta insiste que essas mensagens não têm relevância para o processo jurídico, argumentando que as aquisições foram previamente aprovadas pela própria FTC. O desfecho do julgamento, previsto para durar várias semanas, poderá redefinir as regras do jogo no setor de tecnologia.
Tensões políticas e lobby empresarial marcam o caso
A complexidade do julgamento vai além do campo jurídico e adentra o território político. As acusações contra a Meta foram iniciadas durante o governo Trump e ganharam novos contornos no contexto atual. Relatórios mencionam tentativas de lobby de Zuckerberg para influenciar as decisões da FTC no passado, incluindo reuniões pessoais com o então presidente. Além disso, recentes ações políticas, como a demissão de dois comissários democratas da FTC, levantaram preocupações sobre possíveis interferências no processo. O fato de o julgamento ocorrer num ambiente politicamente polarizado tornou o caso ainda mais central para debates sobre regulamentação e transparência no setor tecnológico.
Enquanto isso, a Meta tem buscado suavizar sua imagem pública com iniciativas variadas, incluindo contribuições financeiras a aliados políticos e a inclusão de figuras influentes no conselho da empresa. Essas ações são vistas como tentativas de fortalecer sua posição diante das acusações. O desfecho da batalha judicial impactará não apenas a estrutura da Meta, mas também poderá criar um precedente significativo para outros gigantes do setor, como Google e Amazon, que enfrentam processos similares de concorrência desleal.
Impactos potenciais para o mercado e consumidores
Caso a FTC vença o julgamento, os impactos para o mercado de tecnologia serão profundos. A venda forçada do Instagram e WhatsApp representaria um golpe para a Meta, que consolidou ambos os aplicativos como peças centrais de sua estratégia de negócios. Para os consumidores, essas mudanças podem significar maior competitividade e inovação no setor, conforme novas empresas ou investidores assumam o controle dessas plataformas. No entanto, há também preocupações de que a separação possa resultar em desafios para a integração de serviços ou até mesmo em mudanças nas políticas de uso e privacidade.
Especialistas destacam que o caso poderá servir como recado para outras empresas que utilizam práticas questionáveis para sufocar concorrentes menores. O professor Allensworth, consultado pela imprensa, enfatizou que o julgamento é uma oportunidade para reforçar a legislação antitruste nos Estados Unidos. No entanto, há ceticismo sobre a capacidade da FTC de vencer o caso, dado o precedente de aprovação das aquisições há mais de uma década. Ainda assim, a decisão final poderá abrir discussões globais sobre regulamentação em mercados dominados por poucas empresas gigantes.
Perspectivas e o futuro da Meta
O litígio atual contra a Meta é apenas o capítulo mais recente numa série de desafios enfrentados por gigantes do Vale do Silício. Enquanto Zuckerberg se prepara para testemunhar no caso, junto com outros ex-executivos da empresa, o mundo observa atentamente para ver como isso influenciará o futuro da tecnologia. Se for confirmado que a Meta precisa vender Instagram e WhatsApp, a empresa enfrentará uma grande reestruturação, potencialmente reconfigurando o mercado digital em escala global.
Independentemente do resultado, o julgamento já despertou debates sobre o papel das grandes empresas na economia mundial e a necessidade de maior regulamentação. À medida que cresce a pressão para evitar monopólios no setor, as decisões tomadas nos Estados Unidos provavelmente ecoarão em outras jurisdições, como Europa e Ásia. Assim, a disputa se torna não apenas uma luta jurídica, mas também um símbolo das mudanças que estão por vir no controle das gigantes da tecnologia.
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