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Varoufákis alerta sobre riscos do rearmamento europeu

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Ex-ministro grego critica nova política de defesa da UE.

O economista e ex-ministro das Finanças da Grécia, Yánis Varoufákis, fez duras críticas à nova política de defesa da União Europeia, classificando o rearmamento do bloco como “a próxima loucura da UE”. Em entrevista concedida segunda-feira (10), Varoufákis argumentou que o aumento dos gastos militares representa um desvio de recursos de áreas prioritárias como saúde, educação e combate às mudanças climáticas. Segundo ele, a decisão de ampliar o orçamento de defesa é uma reação equivocada às tensões geopolíticas atuais e não contribuirá para aumentar a segurança do continente a longo prazo.

Varoufákis contextualizou sua crítica lembrando que a União Europeia foi originalmente concebida como um projeto de paz e integração econômica após a Segunda Guerra Mundial. Na visão do economista, o rearmamento representa um desvio dessa vocação pacifista e pode alimentar uma nova corrida armamentista global. Ele argumentou que os recursos destinados à compra de armamentos e ampliação das forças armadas seriam melhor empregados no fortalecimento da diplomacia, da cooperação internacional e de mecanismos multilaterais de resolução de conflitos. O ex-ministro grego também questionou a eficácia da estratégia, alegando que um aumento do poderio militar europeu dificilmente alteraria o equilíbrio de forças global diante de potências como Estados Unidos, China e Rússia.

Ao detalhar sua visão sobre os riscos do rearmamento, Varoufákis apontou possíveis consequências negativas para a economia e a sociedade europeias. Ele prevê que o aumento dos gastos militares pressionará os orçamentos nacionais, podendo levar a cortes em programas sociais e investimentos em infraestrutura. O economista também alerta para o risco de uma maior militarização da política externa do bloco, o que poderia minar esforços diplomáticos e de cooperação. Varoufákis argumenta ainda que o fortalecimento do complexo militar-industrial europeu pode criar novos focos de corrupção e influência indevida sobre decisões políticas. Em sua análise, uma Europa mais militarizada estaria mais propensa a intervir em conflitos externos, potencialmente desestabilizando regiões vizinhas.

“Devemos rejeitar o plano de Trump. Mas temos de ter o nosso próprio plano. O primeiro passo será rejeitar imediatamente e sem qualquer dúvida a apropriação de terras de Donald Trump, a sua tentativa de se apoderar da riqueza subterrânea de parte da Europa”, garante.

“Temos de contrapropor o nosso próprio plano de paz. Rearmar a Europa, comprar mais armas à British Aerospace, Dallas, Rheinmetall, não vai mudar nada para a Ucrânia”, acredita. A Ucrânia precisa de um plano de paz da Europa agora“.

Este acordo deve garantir a soberania da Ucrânia e a sua ligação à Europa, mantendo-a “fora dos dois blocos, o bloco russo e o bloco da NATO”.

Como alternativa ao rearmamento, Varoufákis defende que a União Europeia deveria priorizar investimentos em uma “economia verde” para combater as mudanças climáticas, fortalecer seus sistemas de proteção social e promover uma maior integração fiscal entre os países-membros. O ex-ministro conclui que apenas através de um modelo de desenvolvimento sustentável e inclusivo a Europa poderá garantir sua segurança e prosperidade no longo prazo. Ele convoca os líderes europeus a repensarem a estratégia de defesa do bloco, apostando na diplomacia e na cooperação internacional como principais instrumentos para lidar com as ameaças geopolíticas contemporâneas. Varoufákis ressalta que uma Europa forte e unida, fiel aos seus valores fundadores de paz e solidariedade, seria a melhor garantia de segurança para o continente.

Debate sobre futuro da defesa europeia deve se intensificar

As declarações de Yánis Varoufákis devem alimentar o debate sobre os rumos da política de defesa da União Europeia nos próximos meses. Enquanto críticos como o ex-ministro grego alertam para os riscos do rearmamento, defensores da nova estratégia argumentam que ela é necessária para garantir a autonomia e a capacidade de autodefesa do bloco em um cenário geopolítico cada vez mais instável. A discussão promete se intensificar à medida que os países-membros negociam a alocação de recursos e definem as prioridades para o fortalecimento militar do continente.