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Vacina ButanVac custa R$ 61,4 milhões e falha em testes

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Promessa de Doria não atinge eficácia esperada.

O Instituto Butantan investiu R$ 61,4 milhões no desenvolvimento da vacina ButanVac contra a Covid-19, uma promessa do ex-governador de São Paulo João Doria que acabou falhando nos testes clínicos. O imunizante, anunciado em março de 2021 como a primeira vacina 100% nacional, não atingiu os níveis mínimos de eficácia na produção de anticorpos, levando à interrupção dos estudos em agosto de 2024. O montante gasto incluiu os custos com ensaios clínicos para avaliar a eficácia e segurança da vacina, além dos gastos com a fabricação. As informações foram obtidas via Lei de Acesso à Informação (LAI) e revelam um revés significativo para o projeto que havia sido amplamente divulgado como uma solução brasileira para o enfrentamento da pandemia.

O desenvolvimento da ButanVac foi cercado de expectativas e promessas ambiciosas. Doria chegou a afirmar que cada dose custaria R$ 10, um valor inferior ao das vacinas importadas que estavam sendo aplicadas na época. O Butantan prometeu disponibilizar 40 milhões de doses em três meses, com uma capacidade de produção que poderia chegar a 100 milhões de doses por ano. No entanto, os testes clínicos, que duraram três anos, revelaram uma realidade diferente. Na segunda fase dos ensaios, que contou com 400 participantes, ficou evidente que a resposta imunológica gerada pela ButanVac era inferior à de outros imunizantes já disponíveis. Especificamente, a vacina dobrou a quantidade de anticorpos contra a doença após 28 dias de sua aplicação, quando a meta esperada era uma produção quatro vezes maior, número atingido por vacinas já em uso.

A interrupção dos testes da ButanVac levanta questões sobre o processo de desenvolvimento de vacinas no Brasil e o uso de recursos públicos em projetos de alto risco. O Instituto Butantan, em nota, defendeu o investimento, argumentando que os recursos aplicados contribuíram para o avanço de processos tecnológicos e industriais, permitindo que outros estudos relacionados se beneficiem do conhecimento acumulado. A instituição enfatizou que não há investimento em vão quando se trata de pesquisa deste tipo, destacando que os recursos ajudaram a aprimorar a infraestrutura e as capacidades do Butantan para o desenvolvimento de futuras vacinas. Este episódio também evidencia os desafios enfrentados na corrida global por uma vacina eficaz contra a Covid-19, onde mesmo instituições renomadas e com ampla experiência em imunobiológicos podem enfrentar obstáculos significativos.

O fracasso da ButanVac, apesar do alto investimento, ressalta a importância de uma abordagem cautelosa e baseada em evidências no desenvolvimento de vacinas. Enquanto o Instituto Butantan mantém seu compromisso com a ciência e a saúde da população, o episódio serve como um lembrete da complexidade e dos riscos inerentes à pesquisa biomédica. Para o futuro, espera-se que as lições aprendidas com o projeto ButanVac possam informar e aprimorar os processos de desenvolvimento de vacinas no Brasil, contribuindo para uma maior eficiência e sucesso em iniciativas futuras. A transparência na divulgação dos resultados e custos associados a projetos de pesquisa de grande escala também se mostra crucial para manter a confiança pública e o apoio a investimentos em ciência e tecnologia no país.

Impacto e perspectivas para o setor de imunobiológicos

Apesar do revés com a ButanVac, o setor de imunobiológicos no Brasil continua a se desenvolver, com o Instituto Butantan mantendo seu papel crucial no fornecimento de vacinas para o Sistema Único de Saúde. O episódio ressalta a necessidade de diversificação de investimentos em pesquisa e desenvolvimento, bem como a importância de parcerias internacionais para o avanço da ciência no país. A experiência adquirida, mesmo com um resultado não ideal, pode contribuir para o aprimoramento de protocolos e processos em futuros projetos de desenvolvimento de vacinas, fortalecendo a capacidade nacional de resposta a emergências de saúde pública.