Dólar Sobe para R$ 6,19 em Meio a Indecisões Sobre Emendas Parlamentares

No dia 27 de dezembro, o dólar comercial brasileiro alcançou um novo patamar, fechando a sessão à cotação de R$ 6,193, representando um aumento de R$ 0,016 ou 0,26% em relação ao dia anterior. Essa alta se insere em um contexto de poucas negociações no mercado financeiro e ausência de intervenções significativas do Banco Central (BC).
Durante a sessão, a cotação do dólar operou em leve alta, ultrapassando várias vezes a marca de R$ 6,21, embora tenha desacelerado nos momentos finais de negociação. Ao longo da semana, a moeda norte-americana acumulou uma valorização de 2%.
A instabilidade no mercado cambial foi influenciada pela indefinição sobre o destino das emendas parlamentares. Os investidores permanecem incertos se essas emendas serão executadas antes do fim do ano, transferidas para 2025 ou parcialmente canceladas. Essa incerteza tem elevado os gastos potenciais do governo para o final de 2024.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, estabeleceu um prazo até as 20h do dia 27 para que a Câmara dos Deputados respondesse a questionamentos sobre o pagamento de R$ 4,2 bilhões em emendas de comissão. Esta medida veio após a Câmara pedir a reconsideração da liminar de Dino que suspendeu o pagamento dessas emendas.
Impacto no Mercado de Ações
A bolsa de valores também refletiu a tensão do mercado. O índice Ibovespa, da B3, fechou o dia em 120.269 pontos, com uma queda de 0,67%. Esse recuo resultou em uma perda acumulada de 1,5% na semana, levando o indicador ao menor nível desde 19 de junho.
Intervenção do Banco Central
Embora o BC tenha intervindo minimamente no mercado, vendendo US$ 3 bilhões das reservas internacionais na quinta-feira (26), a autoridade monetária já injetou quase US$ 31 bilhões no mercado de câmbio em dezembro. Este é o maior volume mensal desde a implementação do regime de metas de inflação em 1999.
Contexto Internacional e Dados Econômicos
A indefinição no mercado internacional contribuiu para que os fatores internos tivessem maior peso na sessão. O dólar não apresentou uma tendência clara em relação às principais moedas, subindo perante algumas e descendo diante de outras, em um dia marcado por poucas negociações globais.
Além disso, dados econômicos recentes mostram um dinamismo na economia brasileira. A taxa de desemprego caiu para 6,1% no trimestre encerrado em novembro, o menor nível da série histórica iniciada em 2012. O número de ocupados somou 103,9 milhões de brasileiros, também um recorde. O estoque de crédito teve alta de 1,2% em novembro, a 11ª alta mensal consecutiva.
Perspectivas Futuras
Economistas alertam que a recente depreciação do câmbio e a contínua elevação das expectativas de inflação podem resultar em um aperto monetário mais forte. Cláudia Moreno, economista do C6 Bank, mencionou que os dados divulgados reforçam a visão de que a taxa básica, a Selic, poderá alcançar 15% em junho de 2025 e permanecer nesse patamar até o final de 2026.
Com o último dia de negociações em 2024 se aproximando, os mercados financeiros permanecem atentos às decisões sobre as emendas parlamentares e seus potenciais impactos na economia brasileira.