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Ucrânia Corta Gás Russo para Europa: Revez Econômico e Geopolítico

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No dia 1º de janeiro de 2025, a Ucrânia encerrou o trânsito de gás russo para a Europa, finalizando um acordo de cinco anos que mantinha o fluxo de gás entre Moscou e o continente. Essa decisão, de grande simbolismo, reflete as tensões geopolíticas e as mudanças no cenário energético global.

O acordo de trânsito, assinado em 2019, permitia à Rússia exportar gás natural através da Ucrânia, uma rota crucial desde 1991. A Rússia chegou a controlar cerca de 35% do mercado europeu de gás, mas a invasão da Ucrânia em 2022 provocou uma drástica redução nessa dependência. Com o fim do acordo, a Ucrânia deixa de receber cerca de US$ 800 milhões anuais em taxas de trânsito, e a Gazprom, a gigante energética russa, perderá aproximadamente US$ 5 bilhões em vendas de gás para a Europa via Ucrânia.

A interrupção do fornecimento de gás russo representa um golpe financeiro e um revés geopolítico para a Rússia. A Gazprom, que já foi a maior exportadora de gás do mundo, registrou um prejuízo de US$ 7 bilhões em 2023, seu primeiro prejuízo anual desde 1999. Essa mudança demonstra a determinação da União Europeia em reduzir sua dependência dos combustíveis fósseis russos, uma estratégia eficaz apesar dos desafios econômicos.

Antecipando o fim do acordo, a Europa diversificou suas fontes de energia. Os países europeus têm importado grandes quantidades de gás natural liquefeito (GNL) dos Estados Unidos, Catar e Noruega, reduzindo a participação do gás russo em suas importações. Em 2021, o gás russo representava mais de 40% das importações de gás da UE, mas em 2023, esse número caiu para cerca de 8%.

Embora o fim do acordo represente apenas cerca de 5% do total das importações de gás da União Europeia, ele tem implicações práticas. Países como Áustria, Hungria e Eslováquia, que ainda dependem do gás russo, já organizaram rotas alternativas de abastecimento. A Áustria, por exemplo, importará GNL através da Itália e da Alemanha, enquanto a Eslováquia enfrentará custos adicionais em taxas de trânsito em rotas alternativas.

Analistas alertam que o fim do acordo pode dificultar o reabastecimento das reservas de gás da Europa antes do próximo inverno, o que poderia manter ou até aumentar os preços do gás em 2025. A interrupção do fornecimento via Ucrânia será particularmente sentida na Moldávia, que já enfrenta dificuldades para manter o abastecimento de aquecimento e água quente.

A decisão da Ucrânia de encerrar o fornecimento de gás russo à Europa é um marco na reconfiguração do mapa energético global. Enquanto a Rússia perde receita e influência, a Europa caminha para uma maior independência energética, apesar dos desafios. Este movimento reforça a importância da diversificação das fontes de energia e a necessidade de políticas energéticas robustas e independentes, alinhadas com os princípios de mercado livre e soberania nacional.