Trump reafirma posição antiaborto e corta fundos de ONGs

Presidente americano revoga medidas de Biden e retoma políticas restritivas.
As ações de Trump ocorrem um dia após ele conceder perdão a 23 ativistas antiaborto que haviam sido condenados por bloquear o acesso a clínicas onde se realizavam abortos. O presidente também participou da tradicional Marcha pela Vida em Washington, evento anual que reúne milhares de opositores ao aborto na capital americana. Em mensagem gravada exibida aos manifestantes, Trump prometeu “proteger os avanços históricos alcançados” pelo movimento pró-vida e “impedir a pressão democrata radical por um direito federal ilimitado ao aborto”. O vice-presidente J.D. Vance e o presidente da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, discursaram pessoalmente no evento, reforçando o apoio da atual administração à causa antiaborto.
A primeira ordem executiva assinada por Trump revoga uma medida de Biden que permitia o uso de fundos federais para financiar abortos eletivos em casos considerados de “crise sanitária”. O republicano argumenta que essa prática viola leis aprovadas pelo Congresso há quase 50 anos que impedem o financiamento federal da interrupção voluntária da gravidez. A segunda ordem restabelece a chamada “Política da Cidade do México”, implementada originalmente por Ronald Reagan em 1984, que proíbe o repasse de recursos americanos a ONGs estrangeiras que ofereçam serviços de aborto ou defendam a legalização do procedimento. Essa política, apelidada pelos críticos de “regra da mordaça global”, tem sido alternadamente revogada por presidentes democratas e reinstituída por republicanos nas últimas décadas.
As medidas adotadas por Trump reacendem o debate sobre o aborto nos Estados Unidos, tema que ganhou nova dimensão após a Suprema Corte derrubar em 2022 a proteção constitucional ao procedimento estabelecida pelo caso Roe v. Wade. Desde então, diversos estados controlados por republicanos aprovaram leis que restringem severamente o acesso ao aborto, enquanto estados democratas buscam proteger esse direito. Organizações de defesa dos direitos reprodutivos criticaram as ações de Trump, argumentando que elas representam “ataques diretos à saúde e aos direitos humanos de milhões de pessoas em todo o mundo”. Por outro lado, grupos antiaborto celebraram as medidas como um passo importante na luta pela proteção da vida desde a concepção. O tema promete ser central na campanha presidencial de 2025, com Trump sinalizando que manterá uma postura conservadora caso seja reeleito.
Impactos das novas políticas dividem opiniões nos EUA e no exterior
As decisões de Trump sobre o aborto devem ter repercussões significativas tanto nos Estados Unidos quanto internacionalmente. Especialistas preveem um aumento nas restrições ao procedimento em estados conservadores, enquanto a comunidade internacional se divide sobre os efeitos da retomada da “regra da mordaça global” na saúde reprodutiva de mulheres em países em desenvolvimento.