Trump anuncia tarifas para países que compram petróleo venezuelano

Medida afetará principalmente a China, maior importadora do petróleo da Venezuela.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou segunda-feira (24) que irá impor uma tarifa de 25% sobre todas as importações de países que comprem petróleo ou gás da Venezuela. A medida, que entrará em vigor a partir de 2 de abril de 2025, representa uma nova escalada na guerra comercial promovida pelo governo americano e tem como principal alvo a China, que atualmente é responsável por absorver 68% das exportações de petróleo venezuelano. A decisão foi comunicada por Trump através de sua rede social Truth Social, onde o presidente afirmou que a Venezuela tem sido “muito hostil” aos Estados Unidos e que os países que continuarem a comprar petróleo do regime de Nicolás Maduro serão obrigados a pagar as tarifas sobre todas as suas trocas comerciais com os EUA.
A imposição de tarifas secundárias sobre países que negociam com a Venezuela representa uma nova estratégia na política externa americana para a região. Segundo dados da Administração de Informação Energética dos EUA (EIA), além da China, outros países como Espanha, Cuba, Malásia, Rússia, Singapura e Índia também importam petróleo venezuelano em menores quantidades. No entanto, surpreendentemente, os próprios Estados Unidos aparecem como o segundo maior comprador de petróleo da Venezuela, tendo importado 8,6 milhões de barris apenas em janeiro de 2025, de acordo com o Census Bureau. Essa situação coloca o governo Trump em uma posição delicada, já que a medida anunciada poderá afetar diretamente empresas americanas que operam no setor petrolífero venezuelano.
O anúncio das novas tarifas ocorre em um momento de intensas negociações entre o governo Trump e a Chevron, segunda maior petrolífera dos Estados Unidos, que atualmente opera cinco projetos de exploração de petróleo na Venezuela. Na mesma segunda-feira em que Trump anunciou as tarifas, o Departamento do Tesouro americano prorrogou a licença da Chevron para produzir petróleo na Venezuela até 27 de maio, estendendo o prazo inicial que se encerraria em 3 de abril. Essa decisão evidencia as complexidades e contradições da política externa americana em relação à Venezuela, já que ao mesmo tempo em que busca pressionar o regime de Maduro através de sanções econômicas, o governo dos EUA precisa equilibrar os interesses de suas próprias empresas que operam no país sul-americano. Analistas apontam que o verdadeiro objetivo das tarifas anunciadas por Trump seria dificultar a entrada da China na indústria petrolífera venezuelana, considerando que a Venezuela possui as maiores reservas comprovadas de petróleo bruto do mundo, com aproximadamente 303 bilhões de barris.
As consequências dessa nova medida protecionista de Trump ainda são incertas, mas especialistas preveem um possível rearranjo no mercado global de petróleo. A China, principal alvo das tarifas, provavelmente buscará alternativas para suprir sua demanda energética, o que pode beneficiar outros produtores de petróleo. Por outro lado, a Venezuela, já fragilizada economicamente por anos de sanções internacionais, poderá enfrentar ainda mais dificuldades para escoar sua produção petrolífera, principal fonte de receitas do país. O cenário que se desenha a partir dessa decisão de Trump promete acirrar ainda mais as tensões geopolíticas na América Latina e no cenário internacional, com potenciais impactos não apenas econômicos, mas também diplomáticos e estratégicos para todos os países envolvidos nessa complexa equação energética e comercial.
Impactos da medida ainda são incertos
As repercussões da decisão de Trump de impor tarifas aos compradores de petróleo venezuelano ainda são difíceis de prever com precisão. No entanto, é certo que essa medida terá impactos significativos não apenas nas relações entre Estados Unidos e Venezuela, mas também no cenário geopolítico global, especialmente considerando o papel da China como maior importadora do petróleo venezuelano. O desenrolar dessa situação nos próximos meses será crucial para entender como o mercado internacional de petróleo se adaptará a essas novas condições e quais serão as estratégias adotadas pelos países afetados para contornar as restrições impostas pelo governo americano.