Trump anuncia o Domo de Ouro, sistema antimísseis inspirado na tecnologia israelense

O “Domo de ouro” dos EUA, inspirado no sistema de defesa de Israel.
Defesa nacional americana recebe investimento trilionário.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou oficialmente na terça-feira (20) o desenvolvimento do ambicioso “Domo de Ouro”, um sistema de defesa antimísseis avaliado em US$ 175 bilhões (aproximadamente R$ 991 bilhões) inspirado no “Domo de Ferro” israelense. Durante coletiva realizada na Casa Branca, o líder americano detalhou que o projeto, que promete revolucionar a segurança nacional dos EUA, terá capacidade de proteger todo o território americano contra ameaças diversas, desde mísseis hipersônicos até ataques realizados a partir do espaço. Trump garantiu que o sistema oferecerá “quase 100% de proteção” contra ofensivas inimigas e enfatizou que o desenvolvimento completo será concluído até o final de seu mandato, previsto para janeiro de 2029. O general da Força Espacial dos EUA, Michael Guetlein, foi designado para liderar o programa, que está sendo desenvolvido pelo Pentágono e tem como princípio fundamental a utilização exclusiva de tecnologia e materiais produzidos em solo americano, reforçando a autonomia tecnológica do país.
O “Domo de Ouro” representa uma evolução significativa em relação ao sistema israelense que o inspirou, apresentando uma arquitetura muito mais abrangente e sofisticada. Enquanto o “Domo de Ferro” de Israel, instalado desde 2011, foi concebido principalmente para interceptar foguetes de curto alcance, a versão americana pretende integrar sistemas terrestres, marítimos e espaciais para rastrear, interceptar e destruir ameaças aéreas em todas as fases de um ataque. A estrutura do sistema americano contará com quatro camadas de proteção: antes do lançamento, através de vigilância antecipada e destruição preventiva; logo após o disparo, com detecção rápida e resposta imediata; durante o voo, interceptando os mísseis em pleno ar; e na aproximação ao alvo, com sistemas de defesa de última linha antes do impacto. De acordo com o Departamento de Defesa, o projeto incluirá uma extensa constelação de satélites de vigilância e de ataque, sensores ultrassensíveis e mísseis interceptadores de última geração, alguns deles posicionados em órbita. Esta combinação de tecnologias visa garantir uma resposta total mesmo diante de ameaças múltiplas e simultâneas, representando um salto tecnológico considerável na estratégia de defesa americana.
O financiamento do “Domo de Ouro” enfrentará desafios significativos, considerando sua magnitude e complexidade tecnológica. Trump anunciou que parte do investimento inicial de US$ 25 bilhões virá de seu projeto de reforma tributária, mas o financiamento total ainda depende da aprovação de um projeto de lei no Congresso americano. Especialistas do Escritório de Orçamento do Congresso estimam que apenas os componentes espaciais do sistema poderiam consumir até US$ 542 bilhões nos próximos 20 anos, evidenciando a dimensão econômica do projeto. O analista Tom Karako, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, avalia que mesmo com o uso de tecnologia nacional para acelerar o desenvolvimento, o cronograma proposto por Trump é considerado otimista por muitos especialistas do setor de defesa. Empresas de tecnologia e empreiteiras do setor de defesa, incluindo a SpaceX de Elon Musk, já estão disputando contratos para a construção do escudo, fazendo propostas diretamente ao Secretário de Defesa, Pete Hegseth, que descreveu o projeto como “um investimento geracional na segurança da América”. No cenário internacional, o anúncio gerou reações imediatas, especialmente da Rússia, com especialistas apontando possíveis violações ao Tratado do Espaço de 1967, que limita a militarização do espaço exterior.
As implicações geopolíticas do “Domo de Ouro” prometem redesenhar o equilíbrio de poder global nas próximas décadas, especialmente considerando a possível expansão do sistema para além das fronteiras americanas. Trump revelou que o Canadá já manifestou interesse em participar da iniciativa e negocia os termos de adesão, o que poderia representar o primeiro passo para uma eventual cobertura continental. O primeiro-ministro canadense, Mark Carney, confirmou que existem discussões em andamento sobre um novo relacionamento econômico e de segurança com os EUA, potencialmente incluindo a participação no projeto do escudo antimísseis. Trump destacou que a implementação do “Domo de Ouro” completaria o trabalho iniciado pelo ex-presidente Ronald Reagan há 40 anos, referindo-se à Iniciativa de Defesa Estratégica, conhecida popularmente como “Guerra nas Estrelas”. Entre as tecnologias que podem integrar o novo sistema está o Command Control Battle Management Communications (C2BMC), capaz de coordenar diferentes camadas de defesa. Caso seja concluído dentro do prazo estipulado, até 2029, o “Domo de Ouro” representará não apenas um marco tecnológico para os Estados Unidos, mas também uma transformação fundamental na doutrina de segurança nacional americana para as próximas gerações.
Tecnologia de defesa define novo paradigma na segurança global
O ambicioso projeto do “Domo de Ouro” sinaliza uma nova era na corrida armamentista global, com potencial para alterar significativamente as estratégias militares das principais potências mundiais. A proposta de Trump, ao criar um sistema de defesa praticamente impenetrável, poderá incentivar nações rivais a desenvolverem novas tecnologias ofensivas capazes de superar essas barreiras, elevando os investimentos militares globais a patamares sem precedentes. Para os Estados Unidos, o sucesso deste sistema representaria não apenas maior segurança territorial, mas também uma considerável vantagem estratégica no cenário internacional, reforçando sua posição como líder tecnológico e militar. O “Domo de Ouro”, definido por Trump como “o mais próximo da perfeição possível”, poderá se tornar o maior legado de seu segundo mandato presidencial, consolidando sua visão de uma América protegida e tecnologicamente soberana.