Três em cada dez brasileiros não sabem ler ou escrever

Milhões continuam fora do acesso pleno à alfabetização.
O Brasil encerrou o ano de 2023 com dados preocupantes sobre a alfabetização, conforme revelou a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgada pelo IBGE. O levantamento mostrou que 9,3 milhões de brasileiros com 15 anos ou mais ainda não sabem ler ou escrever, representando 5,4% da população nesta faixa etária. Entre esses milhões de cidadãos, a maioria se concentra nas regiões Norte e Nordeste, sendo que apenas no Nordeste estão mais da metade dos analfabetos do país. O estudo ainda indicou que a taxa de analfabetismo é quase três vezes maior entre pessoas com mais de 60 anos, alcançando 15,4% dos idosos. Enquanto avanços vêm sendo registrados, como a diminuição da taxa nacional em comparação ao ano anterior, persistem disparidades significativas entre regiões, faixas etárias e grupos raciais, como o dobro de analfabetismo entre negros em relação aos brancos. Estes indicadores evidenciam que, apesar da melhoria no ensino ao longo das décadas, o desafio da alfabetização plena persiste e exige ações urgentes.
A contextualização do problema revela que o analfabetismo é reflexo de um processo histórico de exclusão educacional no Brasil, agravado por desigualdades regionais, sociais e raciais. Segundo a pesquisa, 46% da população brasileira ainda não completou a educação básica, demonstrando um abismo no acesso ao ensino fundamental e médio. O recorte regional mostra que, no Nordeste, a taxa de analfabetismo é de 11,2%, enquanto nas regiões Sul e Sudeste fica abaixo dos 3%. Em relação à cor ou raça, 7,1% dos negros (pretos e pardos) são analfabetos contra 3,2% dos brancos, reflexo direto das desigualdades estruturais existentes no país. O levantamento destaca também a influência da faixa etária, já que entre as gerações mais jovens o acesso à escola é maior, enquanto muitos idosos carregam a condição de analfabetos por toda a vida devido à falta de oportunidades educacionais décadas atrás. De maneira geral, o avanço da escolarização convive com a permanência de desafios históricos ainda não superados.
Os impactos do analfabetismo vão além das limitações individuais e alcançam toda a sociedade, dificultando o desenvolvimento econômico, a cidadania plena e a diminuição das desigualdades. Pessoas que não dominam a leitura e a escrita têm menos acesso ao mercado de trabalho e aos serviços públicos, o que perpetua um ciclo de exclusão social. Além disso, o analfabetismo funcional, que atinge quem sabe ler, mas não compreende textos básicos, também é um desafio: três em cada dez brasileiros não conseguem interpretar mensagens simples, prejudicando a produtividade e a participação social desses indivíduos. O quadro é agravado quando considerados outros fatores, como o acesso desigual à tecnologia e à formação continuada. Embora a taxa de analfabetismo esteja em queda, especialmente entre pessoas negras, ainda são necessários esforços coordenados para que os avanços sejam distribuídos de forma equitativa e atinjam todas as camadas da população, reduzindo as distâncias socioeconômicas e garantindo melhores oportunidades.
O futuro da alfabetização no Brasil depende da continuidade de políticas públicas efetivas e do compromisso com a redução das desigualdades. Iniciativas voltadas à educação de jovens, adultos e idosos, aliadas à expansão de programas que garantam o acesso à escola e à permanência dos estudantes, são fundamentais para ampliar o domínio da leitura e escrita entre os brasileiros. O desafio central está em superar as barreiras históricas e estruturais, assegurando que crianças, jovens e adultos de todas as regiões e origens sociais possam acessar o direito básico à educação. Apesar dos avanços recentes, o país ainda enfrenta um cenário em que quase metade dos cidadãos não completou a escolaridade mínima e milhões permanecem analfabetos. O combate ao analfabetismo é essencial para o desenvolvimento nacional e para a construção de uma sociedade mais justa, inclusiva e preparada para os desafios do século XXI.
Desafios e perspectivas para erradicação do analfabetismo
Concluir que o Brasil avançou na luta contra o analfabetismo, mas ainda enfrenta grandes obstáculos, é reconhecer a importância da alfabetização não apenas para o crescimento individual, mas para o progresso coletivo. O cenário exposto pelas estatísticas recentes demonstra que as políticas focadas na alfabetização, sobretudo para adultos e idosos, precisam ganhar novo fôlego e prioridade. Além disso, é necessário combater a desigualdade regional e racial que perpetua a exclusão educacional, garantindo que investimentos cheguem especialmente às regiões e grupos mais vulneráveis. O compromisso com a educação básica deve ser firmado por toda a sociedade, com iniciativas integradas entre governos, escolas e comunidades locais. O alcance dessa meta será fundamental para permitir que todos os brasileiros desenvolvam plenamente suas potencialidades, participem ativamente da vida social e possam contribuir para um país mais desenvolvido e igualitário. A expectativa é que, com a manutenção e o aprimoramento das políticas públicas, o Brasil consiga reduzir ainda mais o número de analfabetos e superar as barreiras históricas à alfabetização.
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