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Sustentabilidade cenográfica em debate com jardins artificiais na COP30

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Jardins artificiais dividem opiniões sobre sustentabilidade em Belém.

A preparação de Belém para receber a COP30, conferência mundial sobre mudanças climáticas que ocorrerá em novembro de 2025, trouxe à tona um intenso debate em torno do uso de jardins artificiais no espaço urbano. O governo do Pará, ao apresentar o projeto de instalação de “árvores artificiais” e jardins cenográficos em áreas estratégicas da cidade, justificou a medida como símbolo de modernização e uma aposta na sustentabilidade visual para receber lideranças globais e delegações internacionais. No entanto, ambientalistas, arquitetos e integrantes da sociedade civil questionam a real efetividade desse tipo de intervenção e levantam dúvidas sobre o quanto essas soluções podem de fato contribuir para a promoção de uma cidade mais verde e resiliente. A escolha pelo uso de estruturas artificiais, em vez do investimento prioritário em paisagismo com espécies nativas e projetos de revitalização ambiental perenes, ampliou o debate público. Segundo representantes do governo, a adoção de jardins cenográficos está alinhada ao desejo de apresentar à comunidade internacional uma capital amazônica moderna e acolhedora. Contudo, críticos argumentam que essas medidas podem mascarar questões ambientais e urbanas mais profundas, afastando a cidade da sustentabilidade autêntica que a COP30 tanto preconiza.

O contexto do debate é alimentado por mobilizações de diferentes setores e organizações que enxergam nas obras cenográficas uma resposta superficial diante do desafio de transformar Belém numa referência de sustentabilidade real e duradoura. O diagnóstico dos Serviços Ecossistêmicos, conduzido pelo ICLEI dentro do projeto Nature-Based Cities, já havia apontado áreas críticas e vulnerabilidades ambientais que demandam soluções estruturantes e a integração dos ecossistemas urbanos como prioridade máxima para o planejamento estratégico local. Em meio a esse cenário, surgem questionamentos sobre o papel dos jardins artificiais e se eles não seriam apenas uma fachada para impressionar os visitantes da COP30, em detrimento de ações profundas de conservação ambiental, requalificação de espaços degradados e ampliação de áreas verdes efetivamente integradas ao cotidiano da população. Enquanto o governo paraense aposta em uma “modernização sustentável” como cartão de visitas, cresce entre moradores, especialistas e ativistas ambientais o sentimento de que a sustentabilidade encenada pode comprometer o legado do maior evento climático já realizado na Amazônia brasileira.

Desdobramentos do debate já aparecem nas discussões sobre a distribuição dos benefícios advindos das obras e revitalizações encaradas como legado para a cidade. Há críticas de que as melhorias priorizam áreas nobres e turísticas, como o Porto Futuro II e o centro histórico, enquanto bairros periféricos seguem enfrentando desafios estruturais e carência de políticas públicas ambientais. Estudos ressaltam que a verdadeira sustentabilidade depende do fortalecimento dos sistemas naturais urbanos, investimento em soluções baseadas na natureza e combate a desigualdades históricas nos espaços urbanos de Belém. O uso de jardins cenográficos levanta dúvidas sobre o balanço ambiental das intervenções, a destinação correta de resíduos, gastos com manutenção e impactos no espaço público após o evento. A visão de especialistas é de que o debate escancara a necessidade de alinhar estratégias urbanas a compromissos ambientais sólidos, fazendo da COP30 um marco de transformação efetiva, e não apenas cenográfica, para a capital paraense e para a Amazônia.

O futuro desse debate está diretamente ligado à pressão da sociedade civil organizada, à participação ativa de especialistas e à transparência nas decisões do poder público sobre o legado pós-COP30. Com o mundo voltando seus olhos para Belém, há uma expectativa crescente de que a cidade aproveite o evento não apenas para se promover internacionalmente, mas também para implementar políticas ambientais inovadoras e inclusivas. Os próximos meses serão decisivos para a construção de um consenso em torno de práticas urbanas realmente sustentáveis, com potencial de inspirar outras cidades amazônicas e brasileiras. Entre o simbolismo das “árvores artificiais” e a necessidade urgente de regeneração ambiental, Belém se encontra diante de escolhas que podem moldar seu futuro e consolidar sua posição como protagonista no enfrentamento global das mudanças climáticas e no desenvolvimento urbano mais justo e sustentável.

Perspectivas para a sustentabilidade efetiva em Belém

O debate sobre a sustentabilidade cenográfica em Belém, catalisado pela instalação de jardins artificiais para a COP30, representa uma oportunidade única para que a capital paraense repense seus modelos de urbanização e priorize soluções ambientalmente responsáveis. À medida que se aproximam as discussões globais do evento, aumenta a pressão para resultados que transcendam a estética e promovam regeneração ambiental, justiça social e integração dos ecossistemas urbanos. A evolução desse cenário dependerá do compromisso dos gestores públicos, da mobilização das comunidades e da capacidade de transformar o debate atual em políticas públicas que beneficiem toda a população, evitando que práticas cenográficas se sobreponham à sustentabilidade de fato.

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