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STF lacra celulares e plenário vazio marca julgamento de Martins

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OAB alega que STF fere prerrogativa ao lacrar celulares de advogados.

Medida inédita do Supremo impacta julgamento de Filipe Martins.

O Supremo Tribunal Federal viveu nesta terça-feira um episódio incomum ao determinar o lacre dos celulares de todas as pessoas presentes no plenário da Primeira Turma durante o julgamento de Filipe Martins, ex-assessor da Presidência, acusado de participar de articulações para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder após as eleições de 2022. A sessão, marcada por forte controle de acesso e segurança reforçada, foi realizada sob orientação expressa do ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo processo, e aconteceu em um ambiente com público reduzido e rígidas restrições de registro de imagens. A decisão de lacrar aparelhos impactou diretamente a dinâmica do julgamento, que transcorreu com o plenário praticamente vazio, contrastando com sessões anteriores marcadas por maior movimentação. A medida foi implementada para evitar vazamentos e proteger o sigilo das discussões, reforçando o entendimento da Corte sobre a necessidade de preservar a integridade dos procedimentos judiciais em casos de alta repercussão. O julgamento, realizado em Brasília, reuniu apenas as pessoas estritamente necessárias para a condução do processo, evidenciando o clima de cautela e vigilância crescente em torno de denúncias relacionadas ao processo eleitoral e possíveis estratégias de perpetuação no poder.

O contexto que levou à adoção desta medida inédita pelo STF remonta aos recentes episódios envolvendo a divulgação não autorizada de imagens em julgamentos anteriores, especialmente na análise do chamado “núcleo 1” das investigações sobre possíveis tramas para questionar o resultado eleitoral. O tribunal já havia registrado tentativas de acesso indevido ao plenário, como a do advogado Sebastião Coelho, que tentou acompanhar a sessão sem credenciamento, gerando incidentes e posteriores determinações para reforço da segurança. Desta vez, com a presença do próprio Filipe Martins, um dos denunciados, a Corte buscou maior controle ao proibir o uso e o porte de celulares, lacrando os dispositivos em embalagens plásticas lacradas ao ingresso no ambiente do julgamento. A Procuradoria-Geral da República apresentou denúncias contra Martins e outros envolvidos, apontando a elaboração de estratégias para um suposto golpe institucional, contexto que intensificou o escrutínio sobre o andamento do processo. O STF, atento aos desdobramentos e repercussão do caso, optou por medidas preventivas ainda mais rigorosas, reforçando a postura da Corte frente a episódios que envolvem figuras de destaque do cenário político nacional.

O ambiente austero e praticamente esvaziado do plenário refletiu o clima de tensão e a preocupação institucional com a condução de julgamentos sensíveis. A presença limitada de público, composta apenas por servidores essenciais, advogados credenciados e os ministros responsáveis pela sessão, contrastou com outras ocasiões em que o plenário abrigava maior quantidade de pessoas. O deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS) foi um dos poucos parlamentares a comparecer, reforçando o caráter reservado do julgamento. A decisão de lacrar celulares foi recebida com críticas por parte de alguns advogados e observadores, que argumentam sobre a importância da transparência nos atos judiciais, mesmo em temas delicados. Por outro lado, setores do tribunal defendem a medida como imprescindível diante dos riscos de exposição indevida das partes e das estratégias processuais em um ambiente de intensa polarização. O STF justificou o novo protocolo como necessário para garantir o controle das imagens e evitar que registros indevidos comprometam a lisura e segurança das discussões, especialmente ao julgar denúncias com potencial de repercussão nacional e impactos políticos ampliados.

Com o término da sessão, a expectativa é que o STF mantenha a política de restrição em julgamentos de casos considerados sensíveis, avaliando a adoção definitiva do lacre de celulares como parte dos procedimentos em sessões futuras. O julgamento de Filipe Martins, marcado por um plenário esvaziado e forte aparato de segurança, gera discussão sobre o equilíbrio entre sigilo judicial e direito à informação, tema que deve pautar debates institucionais e jurídicos nos próximos meses. A Corte reforçou seu compromisso com a integridade dos processos e destacou que medidas extraordinárias serão avaliadas caso a caso, conforme a gravidade e repercussão social das matérias em análise. O episódio sinaliza a tendência de endurecimento das práticas de segurança dentro do STF, ao mesmo tempo em que reacende discussões no meio jurídico e político sobre os limites da publicidade nos julgamentos. Para a sociedade, o caso serve como termômetro do grau de tensão que envolve os julgamentos de figuras públicas e a busca por mecanismos que assegurem tanto a ordem institucional quanto o respeito aos princípios democráticos.

Consequências e expectativas diante do aumento da segurança no STF

Diante do rigor adotado no julgamento de Filipe Martins, o Supremo Tribunal Federal inaugura uma nova fase em termos de protocolos de segurança e controle de acesso em sessões de grande repercussão. O lacre de celulares e a restrição ao público são indicativos de que a Corte pretende estabelecer padrões mais rígidos para proteger o curso das investigações e o sigilo das discussões, sobretudo em processos que envolvam ameaças percebidas à ordem constitucional. A experiência deste julgamento deverá pautar revisões internas sobre o funcionamento do plenário e a exposição dos participantes, resguardando a instituição de eventuais influências externas ou tentativa de pressão por meio de registros não autorizados. O debate sobre a publicidade dos atos judiciais, tema caro à democracia, será intensificado à medida que mais casos de impacto nacional cheguem ao STF com exigência de novas medidas de controle do fluxo de informações.

Neste cenário, a atuação do STF tende a ser observada com atenção por outros tribunais e instâncias do Judiciário, que poderão adotar práticas semelhantes em momentos considerados críticos para a segurança institucional ou o regular andamento dos trabalhos. A tendência, de acordo com especialistas, é que o rigor com dispositivos eletrônicos se torne mais frequente, não apenas para dirigentes e integrantes do processo, mas também para o público e imprensa. Por outro lado, advogados e entidades representativas já articulam discussões sobre o respeito ao princípio da transparência, propondo alternativas que conciliem proteção e publicidade dos julgamentos. O Tribunal, por sua vez, afirma que cada decisão sobre o acesso ao plenário e uso de aparelhos será tomada com base na sensibilidade do caso, sinalizando abertura para ajustes em seus protocolos.

As consequências desta postura adotada pelo Supremo no caso Martins deverão ser sentidas nos desdobramentos de outros processos de repercussão nacional, especialmente à medida que novas denúncias ou investigações avançarem para apreciação no tribunal. O modelo de plenário esvaziado e controle rigoroso do fluxo de informações tende a se consolidar em situações que envolvam riscos de comprometimento das investigações ou da integridade das partes. Se, por um lado, a Corte mostra disposição em agir preventivamente para evitar conflitos e exposição indesejada, por outro, a sociedade permanece atenta aos desdobramentos dessa política restritiva e aos possíveis impactos sobre a percepção de legitimidade e confiança no Judiciário. Com o episódio, o STF reafirma seu papel de protagonista na defesa da institucionalidade, ao mesmo tempo em que alimenta o debate sobre a evolução da cultura da transparência nos espaços de poder.

Ao final, permanece a expectativa de que o Supremo Tribunal Federal continue avaliando criteriosamente mecanismos que equilibrem segurança, publicidade e participação nos julgamentos de alta relevância. O caso de Filipe Martins é um marco neste processo de adaptação institucional, funcionando como referência para ações futuras tanto na Corte quanto em outras esferas do Judiciário. Diante dos desafios impostos pela era digital e pela polarização política, a busca por procedimentos que assegurem a condução dos trabalhos sem prejuízo à transparência permanece como um dos principais pontos de atenção para os próximos julgamentos. A experiência do plenário vazio e dos celulares lacrados deixa lições valiosas para a Justiça brasileira, que seguirá sendo palco de debates fundamentais sobre democracia, sigilo e interesse público.

Lacração de celulares na Primeira Turma irrita OAB que pede revisão de medida ao STF

O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) vai pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) revisão da medida que determinou o lacramento de celulares de todos os presentes em julgamento na Primeira Turma da Corte, nesta terça-feira (22/4). A Turma analisa denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra mais um grupo de acusados de tentativa de golpe de Estado.
“O Conselho Federal da OAB acompanha o julgamento em curso na Primeira Turma do STF e peticionará à Corte solicitando ao ministro Cristiano Zanin a revisão da medida que determinou o lacramento dos celulares dos presentes, inclusive de advogados no exercício profissional”, disse.
A OAB ainda afirmou reconhecer a importância da segurança e da ordem nos julgamentos. “No entanto, o uso de aparelhos para gravação de áudio e vídeo em sessões públicas é amparado por lei e constitui prerrogativa da advocacia, não podendo ser restringido sem fundamento legal claro e específico”, ressaltou o presidente da OAB, Beto Simonetti.

Veja quem integra o núcleo 2

– Silvinei Vasques – ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na gestão de Jair Bolsonaro;
– Fernando de Sousa Oliveira – ex-secretário-adjunto da Secretaria de Segurança Pública do DF;
– Filipe Garcia Martins Pereira – ex-assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência;
– Marcelo Costa Câmara – coronel do Exército e ex-assessor de Bolsonaro;
– Marília Ferreira de Alencar – delegada da Polícia Federal e ex-subsecretária de Segurança Pública da Distrito Federal; e
– Mário Fernandes – general da reserva do Exército e “kid preto”.

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