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Shein eleva preços em até 377% nos EUA antecipando tarifas de Trump

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Shein elevou preços em até 377% nos EUA antes das tarifas de Trump.

Gigante do e-commerce reajustou valores antes da implementação de novas tarifas.

A gigante chinesa do fast-fashion Shein implementou um aumento expressivo nos preços de seus produtos vendidos nos Estados Unidos, com reajustes que chegam a impressionantes 377% em alguns itens. A medida, que afetou desde vestidos até utensílios domésticos, ocorreu principalmente na sexta-feira, 26 de abril de 2025, e representou uma antecipação aos efeitos das novas tarifas sobre pequenos pacotes que foram implementadas pelo governo do presidente Donald Trump em 2 de maio. De acordo com dados compilados pela Bloomberg News, o impacto desses reajustes variou significativamente entre categorias, com o preço médio dos 100 principais produtos de beleza e saúde subindo 51% em relação ao dia anterior, enquanto itens de casa e cozinha registraram aumento médio superior a 30%. O caso mais expressivo identificado foi o de um conjunto de 10 panos de cozinha, cujo preço disparou 377%. No segmento de roupas femininas, principal categoria da varejista, o aumento foi mais contido, ficando em torno de 8%. Essa movimentação da empresa chinesa foi vista por especialistas como um sinal precoce do potencial impacto da guerra comercial entre Estados Unidos e China para os consumidores americanos, que já começam a sentir no bolso os efeitos das políticas protecionistas adotadas pelo governo Trump em seu segundo mandato.

A decisão da Shein reflete diretamente a recente ordem executiva assinada por Donald Trump no início de abril, que não apenas encerrou a brecha que isentava de impostos produtos de empresas chinesas como Shein e Temu, como também triplicou o valor da taxa imposta sobre as importações nos Estados Unidos. Antes dessa mudança, encomendas com valor inferior a US$ 800 (equivalente a aproximadamente R$ 4,5 mil) não eram taxadas, beneficiando-se da chamada isenção “de minimis”, que permitia que mercadorias com valor abaixo desse limite entrassem no país sem tarifas adicionais. Agora, com o fim dessa isenção, esses pequenos pacotes devem receber um imposto que pode chegar a até 90% do valor total do produto, aumentando significativamente o custo final para o consumidor. Desde sexta-feira, 2 de maio, o governo dos EUA também elevou a taxa por item postal para US$ 100, e novos reajustes estão previstos para junho, intensificando ainda mais a pressão sobre as plataformas de e-commerce chinesas. Esse cenário confirma a tendência de que os produtos vendidos nessas plataformas ficarão consideravelmente mais caros para os consumidores dos Estados Unidos, representando uma mudança significativa no modelo de negócios dessas empresas, que conquistaram o mercado americano justamente pelos preços baixos e pela ampla variedade de produtos oferecidos a custos muito competitivos quando comparados aos varejistas tradicionais.

Os dados compilados pela Bloomberg demonstram claramente o impacto dessas mudanças no comportamento tanto das empresas quanto dos consumidores americanos. Em uma análise mais detalhada, verificou-se que, de maneira geral, os preços da Shein nos EUA subiram cerca de 10% entre os dias 24 e 26 de abril, com base em um carrinho de compras amostral preenchido com 50 itens de várias categorias. Durante esse período, 7 dos 50 itens da amostra foram completamente removidos do catálogo disponível para os Estados Unidos, indicando possíveis ajustes estratégicos no portfólio de produtos. Em contraste significativo, os preços da Shein no Reino Unido, mercado não afetado por essas novas tarifas, permaneceram praticamente inalterados no mesmo período e nenhum item foi retirado do catálogo, evidenciando que os ajustes são específicos para o mercado americano. Dos 43 itens que permaneceram disponíveis no carrinho americano, 30 deles tiveram um aumento de preço superior a 10% em apenas dois dias, demonstrando a rapidez e a amplitude do reajuste implementado pela empresa. Em resposta antecipada a essas mudanças, as vendas da Temu e da Shein registraram um aumento expressivo em março e no início de abril, à medida que consumidores americanos correram para estocar produtos – desde pincéis de maquiagem até eletrodomésticos – antes dos aumentos de preços impulsionados pelas novas tarifas, conforme mostram dados da Bloomberg Second Measure. Ambas as empresas haviam anunciado no início do mês que aumentariam seus preços nos EUA em resposta às novas políticas comerciais.

As plataformas asiáticas de comércio eletrônico como Shein e Temu estão buscando alternativas para minimizar o impacto dessas novas tarifas em seus negócios e manter sua competitividade no mercado americano. Em fevereiro deste ano, a Shein, antecipando-se às políticas tarifárias que seriam implementadas por Trump, ofereceu incentivos a alguns de seus fornecedores chineses para estabelecer capacidade de produção no Vietnã, país que não está sujeito às mesmas restrições comerciais impostas à China. Por sua vez, a Temu adotou uma estratégia diferente, incentivando fábricas chinesas a enviar seus produtos em grandes volumes diretamente para depósitos nos Estados Unidos, adotando o que a empresa chamou de estrutura de “meia custódia”. Essas movimentações estratégicas demonstram que as empresas chinesas estão se adaptando rapidamente ao novo cenário comercial, mas os consumidores americanos inevitavelmente sentirão o impacto no bolso. A expectativa é que esse quadro se intensifique nos próximos meses, conforme continuam a crescer as tensões entre EUA e China no contexto da guerra comercial intensificada pelo tarifaço de Trump. O aumento de preços anunciado pela Shein é apenas o primeiro sinal visível de uma provável onda de reajustes que afetará diversas categorias de produtos importados da China, podendo ter consequências significativas para a inflação nos Estados Unidos e para os hábitos de consumo dos americanos, que nos últimos anos se acostumaram com produtos importados a preços muito competitivos.

Consumidores já sentem impacto das novas políticas comerciais

A intensificação da guerra comercial entre Estados Unidos e China deve continuar afetando os preços para o consumidor final nas próximas semanas, com especialistas prevendo que outras empresas do setor de e-commerce seguirão o exemplo da Shein e anunciarão reajustes similares. O cenário econômico indica que o mercado de varejo online passará por transformações significativas nos próximos meses, com possíveis mudanças nas cadeias de suprimentos globais e nos padrões de consumo americanos. Enquanto as empresas buscam alternativas para manter sua competitividade, os consumidores americanos enfrentarão o desafio de adaptar suas expectativas e hábitos de compra a uma nova realidade de preços mais elevados para produtos que antes eram acessíveis a custos muito baixos, marcando um possível retorno a um cenário de maior protecionismo comercial nas relações entre as duas maiores economias do mundo.

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