Setor de videogames japonês enfrenta crise com política de tarifas

Impacto imediato nas gigantes da indústria de jogos.
As empresas japonesas Sony, Nintendo e Bandai Namco estão enfrentando uma das crises mais significativas dos últimos anos, resultado direto das tarifas comerciais impostas pelo governo de Donald Trump nos Estados Unidos. A medida, que entrou em vigor no início de abril de 2025, trouxe impactos severos para o setor de tecnologia, especialmente para as gigantes dos videogames, que dependem de cadeias globais de fornecimento. Nintendo já anunciou o adiamento dos pedidos antecipados de sua nova console Switch 2 no mercado norte-americano, como uma estratégia para avaliar os possíveis efeitos das tarifas, enquanto Sony e Bandai também relatam quedas significativas no mercado financeiro. Com taxas que variam de 24% para o Japão até 46% no Vietnã, os custos de produção e exportação sofreram um aumento expressivo, gerando incertezas econômicas e logísticas para as empresas do setor.
Contexto e desafios das tarifas comerciais
O advento das tarifas é parte de uma política mais ampla do governo norte-americano para corrigir déficits comerciais com várias nações. Contudo, esse movimento atinge de forma mais dura países altamente dependentes da exportação, como o Japão, e indústrias cuja produção está amplamente distribuída por diversas localidades globais. No caso da Nintendo, por exemplo, uma grande parte da produção de componentes de hardware ocorre na China e no Vietnã, locais que agora enfrentam tarifas de até 34% e 46%, respectivamente. Além disso, o preço inicial do Nintendo Switch 2, previsto para US$ 450, já reflete a necessidade de se considerar os custos adicionais impostos pela nova política tarifária. Observando o setor como um todo, analistas destacam que a cadeia de produção tecnológica, que envolve desde semicondutores até montagem final, será fortemente impactada, resultando em produtos mais caros e potenciais atrasos de mercado.
De acordo com dados oficiais, as ações da Sony despencaram até 13%, enquanto a Nintendo seguiu uma queda semelhante, com 7,35%. Outros registros importantes incluem Bandai Namco (-7,03%), Capcom (-7,13%), Square Enix (-5,23%) e SEGA (-6,57%).
Segundo a BBC, o impacto das tarifas de Trump vai além dos games. O Goldman Sachs, grupo financeiro multinacional, elevou para 45% a chance de uma recessão nos EUA para os próximos 12 meses, contra os 35% de acordo com a projeção anterior.
Sony dá um jeito de contornar tarifas de Trump, mas de forma temporária
Em relação aos produtos, o PS5 está protegido de ser afetado pelas tarifas de Trump. A Sony adotou medidas preventivas, como duplicar cadeias de suprimentos e estocar hardware, para prevenir o impacto, mas apenas no curto prazo.
Cenário de incerteza para o mercado global
O impacto das tarifas não se limita apenas ao Japão. Empresas americanas e europeias que dependem de componentes asiáticos também reportaram queda em seus valores de mercado, enquanto grupos como a Entertainment Software Association (ESA) alertam sobre os danos que as restrições comerciais podem causar à economia global. A ESA, que representa grandes marcas do setor de jogos como Microsoft e Sony, sinaliza que as tarifas podem reduzir a competitividade das empresas, encarecer os produtos para o consumidor final e provocar uma retração significativa no setor de entretenimento eletrônico. Na prática, essas dificuldades têm feito com que fabricantes de consoles e desenvolvedores de jogos repensem suas estratégias de produção e distribuição, enquanto consumidores enfrentam a possibilidade de preços mais altos para hardware e software.
Perspectivas para a indústria de games
Apesar dos desafios impostos, os especialistas do setor destacam que as empresas japonesas têm demonstrado resiliência em situações de crise anteriores. A Nintendo, por exemplo, superou períodos turbulentos na pandemia e conseguiu manter sua posição de liderança no mercado global. O mesmo pode ser dito da Sony, que se adaptou a mudanças de mercado durante recessões econômicas passadas. A expectativa agora está voltada para possíveis negociações entre governos e setores comerciais que possam reduzir o impacto das tarifas a longo prazo. Enquanto isso, a indústria de games segue monitorando de perto o cenário, buscando minimizar as perdas e encontrar soluções que mantenham a competitividade global. O futuro do setor dependerá, em grande parte, da habilidade das empresas em se adaptar ao novo contexto econômico, enquanto consolidações e parcerias podem ser estratégicas para enfrentar essa nova realidade.
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