Rubio afirma que Irã deve parar enriquecimento de urânio

Declaração de Rubio reacende debate nuclear internacional.
O senador norte-americano Marco Rubio afirmou em pronunciamento recente que o Irã não poderá seguir enriquecendo urânio em território nacional caso avance qualquer novo acordo com os Estados Unidos, posição divulgada logo após intensificação das negociações nucleares entre os governos das duas nações. De acordo com Rubio, que se manifestou em Washington, 23 de abril de 2025, o Irã só estaria autorizado a importar pequenas quantidades de urânio, estritamente para uso em programas civis certificados, como produção de energia e pesquisa médica. A declaração representa um endurecimento da postura americana diante das discussões sobre o futuro do programa nuclear iraniano, que há anos é alvo de preocupações internacionais quanto ao possível desvio para objetivos militares. Rubio justificou a exigência alegando que o acesso do Irã à tecnologia de enriquecimento representa sério risco à não proliferação, tema central dos tratados internacionais assinados pelos Estados Unidos e seus aliados. O senador ainda destacou que o objetivo é garantir o monitoramento rígido e transparente sobre o destino do urânio importado, impedindo qualquer possibilidade de desenvolvimento de armamento nuclear.
A discussão sobre o enriquecimento de urânio pelo Irã não é recente, mas ganha novo fôlego em meio a pressões diplomáticas renovadas e divergências nas negociações internacionais. Desde 2015, com o Acordo Nuclear firmado entre Irã e o grupo de potências globais, incluindo Estados Unidos, França, Reino Unido, Alemanha, Rússia e China, o país persa se comprometeu a restringir seu programa nuclear em troca da retirada de sanções econômicas. No entanto, a saída dos EUA do acordo em 2018, durante o governo Donald Trump, agravou as tensões e levou o Irã a retomar atividades de enriquecimento em níveis mais elevados. O recente posicionamento de Rubio reflete temores do Congresso norte-americano quanto à capacidade iraniana de produzir material nuclear sensível, mesmo sob alegações de uso puramente civil. Diplomatas internacionais, por sua vez, apontam que a confiança entre as partes está abalada e que a retomada das negociações requer concessões mútuas claras, especialmente quanto aos níveis de enriquecimento permitidos e inspeções periódicas nas instalações iranianas.
O impasse entre Estados Unidos e Irã soma-se a análises e avaliações técnicas de agências internacionais, como a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que vê com preocupação qualquer expansão do programa iraniano sem supervisão efetiva. O governo iraniano, por sua vez, reitera seu direito soberano de enriquecer urânio para fins pacíficos, conforme estabelecido pelo Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), mas rejeita categoricamente qualquer exigência que limite permanentemente a atividade nacional nesse setor. Segundo fontes diplomáticas, o debate interessa também à segurança de países vizinhos no Oriente Médio, muitos dos quais pressionam por garantias adicionais contra uma escalada nuclear na região. A declaração de Rubio sinaliza também um possível alinhamento do Congresso dos EUA a pressões europeias por maior rigor nos mecanismos de verificação, atraindo reações imediatas do governo de Teerã, que acusou Washington de impor demandas “inaceitáveis” e ameaçou abandonar as negociações caso não haja respeito às prerrogativas iranianas. Especialistas internacionais avaliam que o momento é de cautela, pois qualquer ruptura pode aumentar riscos de proliferação e instabilidade.
O futuro das negociações nucleares entre Irã e Estados Unidos permanece cercado de incertezas, com ambas as partes demonstrando pouca disposição para flexibilizar posições em pontos considerados essenciais. Observadores internacionais apontam que a exigência de Rubio, para proibir o enriquecimento doméstico e restringir importações, pode servir de obstáculo decisivo à reaproximação diplomática esperada por segmentos da comunidade internacional. Por outro lado, o debate reforça a importância de um acordo equilibrado, que contemple tanto as preocupações de segurança quanto o direito iraniano ao uso pacífico da tecnologia nuclear. Novos encontros diplomáticos estão previstos para as próximas semanas, com expectativa de que mediadores busquem alternativas para destravar o diálogo. O resultado dessas conversas pode influenciar diretamente o equilíbrio de poder e estabilidade no Oriente Médio, transformando o tema em prioridade das agendas multilaterais nos fóruns internacionais e ampliando o monitoramento das ações iranianas por parte de organismos independentes.
Irã e EUA concluem terceira rodada de negociações sobre programa nuclear
O Irã e os Estados Unidos concluíram em Omã no sábado (26) a terceira rodada de negociações sobre o programa nuclear de Teerã, um ciclo de conversas indiretas nas quais tentam chegar a um acordo para aliviar as tensões no Oriente Médio.
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, liderou a delegação iraniana e os EUA encaminharam o enviado especial da Casa Branca para o Oriente Médio, Steve Witkoff, para as negociações, que foram mediadas por Omã.
“As conversas técnicas e de especialistas entre as duas delegações entraram em uma fase de discussões detalhadas sobre demandas e expectativas mútuas”, informou a televisão estatal. As delegações presentes na capital de Omã, Mascate, “retornarão às suas respectivas capitais para consultas”, disse a rede.
Omã, que está atuando como mediador, informou que as negociações serão retomadas na próxima semana. “As negociações continuarão na próxima semana com uma nova reunião de alto nível provisoriamente agendada para 3 de maio”, disse o ministro das Relações Exteriores de Omã, Badr Albusaidi, na rede social X.
Embora Teerã afirme que seu programa é exclusivamente para fins civis, os EUA, Israel e outras potências ocidentais suspeitam que o objetivo seja desenvolver uma arma atômica.
Nesta ocasião, as conversas na capital de Omã, Mascate, incluíram uma reunião em nível técnico entre especialistas de ambos os lados.
Araqchi expressou nesta semana um “otimismo cauteloso” com relação ao processo.
O presidente americano, Donald Trump, reiterou em uma entrevista publicada pela revista Time sua ameaça de recorrer à ação militar se não houver acordo. Mas ele também disse que “preferiria muito mais um acordo do que a queda de bombas”.
Essa rodada de conversas é a primeira negociação de alto nível entre os dois rivais desde que Trump, em seu primeiro mandato, retirou os EUA do acordo multilateral de 2015 para restringir o programa nuclear do Irã e aliviar as sanções.
Perspectivas futuras para acordo nuclear
A discussão sobre os limites do programa nuclear iraniano deverá se intensificar nos próximos meses, especialmente diante da pressão dos Estados Unidos por garantias mais rígidas e verificáveis. A postura adotada por Rubio pode ecoar em futuras resoluções do Congresso americano, influenciando diretamente a condução das negociações multilaterais e o papel do Irã como ator central no cenário regional do Oriente Médio. Para além das questões técnicas, o tema mobiliza interesses estratégicos de potências globais e testará a capacidade dos órgãos internacionais de formular mecanismos eficazes de supervisão. Caso persista a ausência de consenso, o risco de novas sanções ou até um recrudescimento das tensões regionais não pode ser descartado. Por outro lado, um eventual entendimento sobre a limitação do enriquecimento e o monitoramento transparente pode abrir caminho para uma fase de maior estabilidade e cooperação, trazendo benefícios tanto para a economia iraniana quanto para a segurança internacional. O desenrolar das negociações será decisivo para determinar o alcance de um acordo duradouro ou a permanência de um cenário de incerteza, marcado por disputas diplomáticas e desconfiança mútua entre Estados Unidos e Irã.
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