Rua 25 de Março e a pirataria no Brasil

Rua 25 de Março é citada em relatório dos EUA sobre pirataria.
Impactos econômicos e sociais apontados no relatório.
A Rua 25 de Março, um dos centros comerciais mais tradicionais do Brasil, foi destacada em um relatório divulgado pelo Escritório de Representação Comercial dos Estados Unidos como um polo notório de falsificação e pirataria. O documento, intitulado “Mercados Notórios por Falsificação e Pirataria”, aponta que mais de mil lojas na região comercializam produtos contrafeitos, incluindo eletrônicos, roupas, calçados, perfumes e acessórios de moda. A publicação reacendeu debates sobre o impacto da ilegalidade na economia brasileira, considerando que, em 2024, o Brasil teria perdido R$ 468 bilhões devido à pirataria, contrabando e falsificação em 15 setores econômicos, conforme o Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP).
Contexto e desafios da pirataria na região
A inclusão da Rua 25 de Março no relatório reflete um problema que ultrapassa as fronteiras nacionais. A região é citada ao lado de outros mercados conhecidos por práticas similares, como o bairro do Brás e a Rua Santa Ifigênia, em São Paulo. Conforme explica Edson Vismona, presidente do FNCP, o mercado ilícito não apenas prejudica a arrecadação fiscal e a indústria formal, mas também contribui para o fortalecimento do crime organizado. Embora a pirataria seja frequentemente associada ao comércio ambulante não autorizado, entidades como a Univinco25, que representa lojistas locais, destacam que a maioria dos comerciantes na região atua de forma legal e comprometida, alertando contra a generalização de toda a área como um foco de ilegalidade.
“Deixam de gerar empregos, de atrair novos investimentos. Quem compra produtos de baixa qualidade, que afeta sua saúde e segurança. É o erário com a brutal sonegação de bilhões de impostos. A indústria e o comércio formais, que investem e que geram empregos, também perdem mercado. E segurança pública, porque cada vez mais esse mercado está sendo ocupado por organizações criminosas e milícias, e isso afeta a nossa segurança, porque está sendo fortalecida a estrutura criminosa que arrecada esse dinheiro que poderia estar circulando na economia formal”, afirma Edson Vismona.
Desdobramentos e estratégias de combate
O relatório norte-americano destaca ainda a necessidade de fortalecer a proteção à propriedade intelectual, vinculando-a a políticas comerciais, como tarifas de importação. Enquanto isso, as autoridades locais e estaduais têm intensificado a fiscalização na região da Rua 25 de Março. Parcerias entre o setor público e privado buscam coibir atividades ilegais, com medidas como operações regulares de inspeção e campanhas de conscientização. Apesar dos esforços, os desafios são complexos, incluindo o volume de mercadorias ilícitas em circulação e a sofisticação das redes criminosas envolvidas, o que demanda coordenação entre diferentes níveis governamentais e setores da sociedade.
“Eles conseguem colocar os produtos, por não pagarem impostos, a preços muito mais baratos. É um flagelo mundial. O que demonstra a necessidade de todos os países articularem ações, inclusive em cooperação, para combater esse mercado ilícito que movimenta bilhões de dólares”, diz Edson Vismona, presidente do Fórum Nacional contra a Pirataria.
Perspectivas e futuro do comércio na Rua 25 de Março
A Rua 25 de Março continua sendo um símbolo da vitalidade comercial brasileira, atraindo consumidores de todo o país. No entanto, o estigma de ser associada à pirataria permanece um desafio. Lojistas legais veem na atenção global ao problema uma oportunidade para promover práticas mais transparentes e sustentáveis. Em paralelo, as críticas internacionais podem estimular o Brasil a investir mais em regulações e políticas que alinhem o comércio local aos padrões esperados pelo mercado global. Com a conjugação de esforços entre empresários, governo e sociedade, espera-se que a região possa fortalecer sua reputação enquanto polo comercial legítimo e acessível para diferentes públicos.