Rico Melquiades critica CPI das Bets por tratamento privilegiado a Virginia Fonseca

Influenciador questiona postura do Senado durante depoimento.
O influenciador digital Rico Melquiades manifestou-se publicamente contra o que considerou um tratamento privilegiado concedido à influenciadora Virginia Fonseca durante seu depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets, realizado na última terça-feira (13) no Senado Federal. Em suas redes sociais, Rico criticou a postura dos senadores e a condução da sessão, afirmando que a influenciadora, que possui mais de 53 milhões de seguidores no Instagram, foi tratada com excessiva cordialidade, diferentemente de outros depoentes. A CPI das Bets foi instaurada para investigar a influência dos jogos de apostas online no orçamento das famílias brasileiras e possíveis associações com organizações criminosas envolvidas em práticas de lavagem de dinheiro. Virginia foi convocada pela relatora da comissão, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), para explicar seus contratos com empresas de apostas online e sua responsabilidade na divulgação desses serviços para milhões de seguidores, muitos dos quais podem ser menores de idade ou pessoas vulneráveis a problemas com jogos.
Durante o depoimento, Virginia Fonseca esteve amparada por um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que lhe garantiu o direito de permanecer em silêncio sobre determinados aspectos de seus contratos com as casas de apostas. A influenciadora optou por não revelar os valores exatos recebidos para promover as bets em suas redes sociais, o que gerou críticas de Rico Melquiades e outros observadores da CPI. Em sua fala inicial, Virginia destacou sua trajetória profissional, mencionando que começou na internet aos 17 anos e hoje, aos 26, acumula múltiplas funções como influenciadora, mãe, empresária e apresentadora. Acompanhada do marido, o cantor Zé Felipe, a influenciadora negou ter assinado contratos com a chamada “cláusula da desgraça”, mecanismo pelo qual influenciadores receberiam percentuais sobre as perdas de seus seguidores nas apostas. No entanto, admitiu que um de seus contratos previa um bônus de 30% sobre o valor do cachê caso ela conseguisse “dobrar os lucros” da casa de aposta, meta que afirmou nunca ter alcançado. Este ponto específico do depoimento foi destacado por Rico Melquiades como contraditório e merecedor de maior escrutínio pelos senadores.
A repercussão do depoimento de Virginia Fonseca foi imediata nas redes sociais, com diversas de suas falas viralizando na internet e gerando intenso debate sobre a responsabilidade dos influenciadores na promoção de jogos de azar. Conforme dados da plataforma Social Blade, a influenciadora perdeu aproximadamente 192 mil seguidores após sua participação na CPI, sendo cerca de 29 mil no próprio dia do depoimento e outros 162 mil até o meio-dia da quarta-feira seguinte, movimento que Rico Melquiades interpretou como uma reação do público à percepção de falta de transparência. A CPI das Bets já havia convocado anteriormente outras personalidades digitais para prestarem esclarecimentos sobre a divulgação de apostas online, como a advogada e influenciadora Deolane Bezerra, que conseguiu um habeas corpus e foi liberada da oitiva. Para Rico Melquiades, a diferença de tratamento entre os depoentes evidencia um problema estrutural na condução da CPI, que estaria sendo mais rigorosa com alguns convocados e mais permissiva com outros, especialmente aqueles que possuem maior alcance midiático e poder econômico, comprometendo assim a credibilidade e eficácia das investigações parlamentares.
Especialistas em direito digital e marketing de influência ouvidos após a repercussão das críticas de Rico Melquiades apontam que o caso levanta questões importantes sobre a regulamentação da publicidade de apostas no Brasil, tema que ganhou relevância com a recente regulamentação do setor pelo governo federal. A ausência de transparência sobre os valores envolvidos nos contratos de influenciadores com as bets dificulta a compreensão do real impacto econômico e social dessa atividade, bem como a efetiva fiscalização por parte dos órgãos competentes. Durante seu depoimento, Virginia Fonseca afirmou seguir todas as regras estabelecidas pelo Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) para publicidade de apostas online e disse fazer alertas aos seguidores sobre os riscos envolvidos, declarações que não convenceram Rico Melquiades e outros críticos. A expectativa é que, nas próximas semanas, a CPI das Bets convoque novos influenciadores e representantes de casas de apostas para aprofundar as investigações sobre o setor, que movimenta bilhões de reais anualmente no país e tem suscitado preocupações sobre vício em jogos, endividamento familiar e lavagem de dinheiro através dessas plataformas.
Impacto nas redes sociais e próximos passos da investigação
A polêmica envolvendo o depoimento de Virginia Fonseca e as críticas de Rico Melquiades continuarão repercutindo nos próximos dias, especialmente considerando que a influenciadora perdeu quase 200 mil seguidores após sua participação na CPI. Analistas de redes sociais avaliam que este pode ser um momento de inflexão na relação entre influenciadores digitais e suas audiências, com consumidores cada vez mais atentos à responsabilidade social dos criadores de conteúdo que seguem. A CPI das Bets deve apresentar seu relatório final até o final do ano, com possíveis recomendações para alterações na legislação sobre publicidade de jogos de azar e responsabilização de influenciadores que promovem atividades potencialmente prejudiciais a públicos vulneráveis. Enquanto isso, Rico Melquiades promete continuar sua campanha por maior transparência no setor, utilizando sua própria plataforma para questionar práticas que considera danosas ao público.