Redução da jornada de trabalho ganha força no Brasil: ‘É tendência mundial, diz Alckmin’

Tendência mundial estimula debate sobre jornada de trabalho.
O vice-presidente Geraldo Alckmin reforçou na terça-feira, 6, em Brasília, a necessidade de abrir um amplo debate nacional sobre a redução da jornada de trabalho e o fim da escala 6×1, durante um almoço promovido pela Frente Parlamentar do Empreendedorismo. Alckmin, que também atua como ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, apontou que a discussão tem caráter urgente diante das mudanças impostas pelos avanços tecnológicos e do movimento internacional de revisão das jornadas laborais. Na ocasião, Alckmin ressaltou que o tema deve ser enfrentado com participação ativa dos sindicatos, do Congresso Nacional e de diversos setores da sociedade, citando que, em muitas indústrias, a escala 6×1 já não reflete mais a realidade produtiva do país. A defesa da proposta de redução da jornada de trabalho foi endossada pelo presidente Lula, que afirmou compromisso do governo em intensificar a discussão com ampla participação social, mirando um ambiente mais adequado às demandas atuais do mercado de trabalho brasileiro. A proposta, incorporada em uma PEC que tramita na Câmara dos Deputados, ganhou status de prioridade na agenda do governo, abrindo espaço para intensas discussões parlamentares sobre o futuro das relações trabalhistas no país.
“Há uma tendência no mundo inteiro de redução de jornada de trabalho. É uma tendência mundial, porque cada vez mais a tecnologia permite eu fazer mais com menos gente. A agricultura mecaniza, a indústria automatiza, robotiza. Vai ser o robô. A capacidade de armazenamento de dados de um computador é muito maior que a do cérebro humano”, afirmou Alckmin.
Segundo o vice-presidente, o avanço tecnológico tem impulsionado ganhos de produtividade, mas também ampliado desigualdades sociais. Ele defendeu mudanças estruturais na economia para garantir justiça social.
“É um mundo mais rico, sobre dinheiro no mundo, e um mundo mais desigual. E quem não tem capital, só tem força de trabalho, cresce pouco. Por isso que achei importante a proposta de mudança no Imposto de Renda que o presidente Lula enviou”, completou.
Alckmin também sinalizou que o governo está ciente das diferenças entre setores da economia e que eventuais mudanças na jornada devem ser negociadas com responsabilidade. “Entendo que não se pode tratar situações desiguais de forma igual. Tem que fazer essa discussão com os sindicatos… esse setor pode avançar mais, esse pode menos”, afirmou.
O contexto global mostra que o Brasil segue uma tendência observada em diversas economias avançadas, onde a tecnologia tem transformado processos produtivos e permitido ganhos de eficiência com menor exigência de tempo presencial do trabalhador. Países como Alemanha, Itália e França já contabilizam jornadas semanais inferiores a 37 horas, resultado de políticas públicas orientadas para o bem-estar social e para o aumento da produtividade. Ao contrário destas nações europeias, onde a redução da jornada é celebrada como conquista social, países como a Grécia e setores da Ásia, especialmente a China, ainda mantêm rotinas exaustivas, com médias semanais que superam as 48 horas. No Brasil, a Constituição estabelece o limite máximo de 44 horas semanais, mas a escala 6×1 – seis dias trabalhados para cada folga – é alvo de críticas por parte de sindicatos, que apontam desequilíbrio entre trabalho e vida pessoal. O avanço das discussões nacionais se dá em meio ao reconhecimento de que a legislação trabalhista precisa acompanhar a rápida transformação dos meios de produção e das expectativas dos trabalhadores no século XXI.
Os desdobramentos do debate sobre a redução da jornada de trabalho envolvem análises sobre produtividade, competitividade e equilíbrio socioeconômico. Especialistas apontam que, onde a adoção de jornadas menores foi implementada, observou-se aumento do bem-estar dos trabalhadores, redução de afastamentos por doenças ocupacionais e ganhos sustentáveis de eficiência nas empresas. O exemplo europeu, especialmente da Alemanha, comprovou que é possível manter níveis elevados de produção e receitas empresariais mesmo após a adoção da semana de quatro dias, com 73% das empresas participantes de um experimento em 2024 relatando intenção de manter o novo modelo. No cenário brasileiro, o desafio é equilibrar interesses de empresários, sindicatos e parlamentares diante de uma economia que ainda convive com altos índices de informalidade e desigualdade. Alckmin frisou que avanços tecnológicos, como automação e robotização, tornam imprescindível a revisão do modelo atual para garantir justiça social sem comprometer a competitividade nacional. Ele destacou que setores como agricultura, indústria e até a saúde já sentem os impactos dessas transformações, sinalizando que a agenda da jornada reduzida está em total sintonia com o futuro do trabalho.
A conclusão é que o Brasil se encontra em momento decisivo para repensar sua legislação trabalhista e alinhar-se à tendência global de redução da jornada semanal. O tema continuará tramitando no Congresso Nacional, motivando debates entre empresários, trabalhadores e parlamentares sobre o melhor formato para o país. O governo federal mantém a pauta como prioridade, reconhecendo que a mudança pode representar avanços significativos para a qualidade de vida dos brasileiros, impulsionando a produtividade sem comprometer direitos históricos. O futuro da escala 6×1 depende agora da habilidade política do Executivo e do Legislativo em construir consensos que levem em consideração as novas realidades do mundo do trabalho. A discussão sobre a jornada de trabalho no Brasil é, portanto, um reflexo das transformações globais e de uma busca constante pelo equilíbrio entre desenvolvimento econômico e justiça social, abrindo espaço para novas perspectivas nas relações trabalhistas do país.
Perspectivas para o futuro do trabalho no Brasil
O movimento pela redução da jornada de trabalho, liderado por figuras centrais do governo federal como Geraldo Alckmin, representa uma resposta direta às exigências da economia moderna, marcada pela rápida implantação da tecnologia e pela necessidade de adaptação constante das normas trabalhistas. A PEC que propõe o fim da escala 6×1 e a implementação de jornadas mais enxutas sinaliza um avanço importante no sentido de alinhar o país com as melhores práticas internacionais, priorizando a saúde, o bem-estar e os direitos dos trabalhadores. Com o debate fortalecido no Congresso Nacional e o envolvimento de sindicatos, representantes empresariais e poder público, o Brasil se posiciona na vanguarda de um tema que, cada vez mais, influencia políticas laborais em todo o mundo. O cenário aponta para um futuro em que a qualidade de vida e a competitividade caminham lado a lado, promovendo uma transição equilibrada e justa para todos os envolvidos no processo produtivo. O desfecho desse debate será decisivo para definir a posição do país no contexto global, demonstrando sua capacidade de inovar e de garantir condições dignas para a força de trabalho brasileira.
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