Redes sociais impulsionam dívidas segundo pesquisa nacional

Estímulo ao consumo nas redes preocupa brasileiros.
Uma pesquisa recente conduzida pela Creditas em parceria com a Opinion Box trouxe à tona um cenário preocupante: seis em cada dez brasileiros acreditam que as redes sociais são um dos principais fatores que contribuem para o aumento das dívidas no país. Realizado em março de 2025, o levantamento ouviu consumidores de diferentes regiões e faixas de renda, destacando que 33% dos entrevistados apontam as plataformas digitais como impulsionadoras de gastos desnecessários, enquanto 17% afirmam que há um reforço de uma cultura consumista e 13% percebem nas redes um incentivo direto às compras por impulso. Segundo o estudo, a maioria dos brasileiros já contraiu dívidas em algum momento da vida, com 70% relatando ter enfrentado esse tipo de situação, sendo que despesas inesperadas, uso excessivo do cartão de crédito e parcelamentos são os principais motivadores. A pesquisa revela ainda que as promoções relâmpago, tendências passageiras e a ideia de que determinados produtos são indispensáveis, amplamente propagados nas redes, levam muitos consumidores a recorrer ao crédito rotativo, um dos mais caros do mercado nacional. Esse fenômeno se traduz, para muitos especialistas, em uma relação cada vez mais complexa entre consumo midiático, decisões financeiras e o aumento do endividamento das famílias brasileiras.
O impacto das redes sociais no comportamento financeiro não é novidade, mas a intensidade do fenômeno tem chamado a atenção de especialistas e entidades do setor econômico. Dados do Instituto Locomotiva e MFM Tecnologia mostram que, atualmente, 77% das famílias brasileiras convivem com algum tipo de dívida, e 30% dessas têm débitos em atraso. Dentro desse contexto, as redes sociais foram eleitas como a principal “má influência” para a saúde financeira dos endividados, ultrapassando programas de TV e até amigos nas opiniões dos entrevistados. O levantamento aponta que, em 2023, apenas 16% dos brasileiros responsabilizavam as plataformas digitais por maus hábitos financeiros; em 2025, esse número já atingiu 23%. Os pesquisadores destacam que as redes sociais estimulam o consumo não apenas por meio da publicidade direcionada, mas também por mecanismos sociais, como o desejo de se equiparar a estilos de vida exibidos por outros usuários, criando uma pressão sutil, porém persistente, que afeta tanto jovens quanto adultos. Esse ambiente de comparações constantes e ofertas tentadoras torna o autocontrole financeiro ainda mais desafiador, resultando em um ciclo de dívidas que se retroalimenta e compromete o orçamento de milhões de brasileiros.
Sob esse panorama, as análises apontam que o endividamento provocado por estímulos das redes sociais não se limita ao aumento de compras desnecessárias, mas aprofunda uma cultura de imediatismo e satisfação instantânea que reflete em outras áreas da vida do consumidor. A facilidade de acesso ao crédito, aliada ao bombardeio constante de anúncios personalizados, faz com que muitos brasileiros recorram a linhas de crédito altamente tóxicas, especialmente o rotativo do cartão de crédito, cujas taxas de juros se mantêm entre as mais elevadas do mundo. O estudo da Creditas reforça que, para além do consumo visível, existe uma dimensão mais profunda relacionada à sensação de pertencimento e à influência de figuras digitais, celebridades e influenciadores, que ostentam padrões de vida muitas vezes inviáveis para a maioria. Especialistas em finanças alertam para o perigo de se perder o controle diante das inúmeras oportunidades de consumo apresentadas nas plataformas, fato que, além de agravar o endividamento, demonstra a necessidade de uma educação financeira mais robusta e adaptada à era digital. O debate sobre o papel das redes sociais na promoção do consumo excessivo passa a ser central na agenda pública, exigindo respostas não apenas dos consumidores, mas também das empresas e órgãos reguladores.
Caminhos para o futuro do consumo no ambiente digital
Ao analisar os dados e desdobramentos recentes, especialistas indicam que enfrentar o endividamento relacionado às redes sociais demanda uma abordagem multifacetada, que envolva regulação, educação financeira e conscientização do consumidor. A tendência é que o papel das plataformas digitais no cotidiano das famílias brasileiras continue a crescer, tornando urgente o desenvolvimento de ferramentas e estratégias para gerir impulsos de consumo e orientar escolhas mais racionais. Observa-se um movimento inicial de campanhas de educação financeira e iniciativas de regulação de publicidade, mas ainda são insuficientes diante da velocidade e escala do fenômeno. O cenário traçado pela pesquisa serve de alerta para todos os agentes envolvidos: consumidores, empresas, instituições financeiras e autoridades precisam colaborar para transformar o ambiente digital em um espaço mais equilibrado, que estimule decisões de consumo conscientes e responsáveis. O futuro do consumo no Brasil, cada vez mais influenciado pelo universo online, exigirá não apenas novas regras, mas também uma mudança de mentalidade em relação ao papel das redes sociais na vida financeira. Enquanto isso, cabe ao cidadão buscar informação e controle sobre seus hábitos, reconhecendo os riscos potenciais desse novo cenário, para que as redes sociais possam ser aliadas, e não vilãs, no planejamento financeiro.
“`