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PSDB enfrenta crise histórica e perde relevância nacional

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PSDB agoniza em praça pública e arrisca desaparecer.

Partido tucano vive declínio após três décadas de protagonismo.

O Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) enfrenta sua maior crise desde a fundação, marcando um declínio dramático após três décadas de protagonismo na política nacional. Fundado em 1988 como uma alternativa de centro-esquerda, o partido que governou o Brasil entre 1995 e 2002 com Fernando Henrique Cardoso e foi o principal antagonista do PT por 20 anos, agora luta para manter sua relevância no cenário político. A derrocada tucana ficou evidente nas últimas eleições, com o partido perdendo espaço em redutos históricos e sofrendo uma debandada de lideranças importantes. Em São Paulo, maior colégio eleitoral do país e bastião tucano por 27 anos consecutivos, o PSDB perdeu o governo estadual e viu sua bancada na Câmara Municipal da capital reduzir-se a zero, um golpe simbólico para a legenda que já foi hegemônica na região.

A trajetória de declínio do PSDB pode ser traçada a partir de uma série de fatores que minaram sua identidade e coesão interna. A dificuldade em se posicionar no espectro ideológico, especialmente diante da polarização entre PT e o bolsonarismo, contribuiu significativamente para a perda de espaço político. O partido, que nasceu com uma proposta social-democrata, foi gradualmente se deslocando para a direita, em uma tentativa de se adaptar às mudanças do cenário político nacional. Esse movimento, no entanto, resultou em uma crise de identidade que afastou tanto eleitores tradicionais quanto potenciais novos apoiadores. Além disso, disputas internas entre as alas mais tradicionais e os quadros mais recentes do partido, exemplificadas pelo embate entre os chamados “cabeças brancas” e “cabeças pretas”, fragilizaram a unidade partidária e dificultaram a formação de uma liderança forte e consensual capaz de conduzir o PSDB em meio às turbulências políticas.

O enfraquecimento do PSDB se manifestou de forma contundente nas urnas. Nas eleições presidenciais de 2018, o partido amargou o pior desempenho de sua história, com Geraldo Alckmin obtendo apenas 4,76% dos votos válidos, ficando em quarto lugar. Em 2022, a situação se agravou com o partido sequer lançando candidatura própria à presidência, optando por apoiar Simone Tebet (MDB). Nas eleições municipais, o declínio também foi notável: o PSDB, que já chegou a governar 799 cidades em 2016, viu esse número cair para 520 em 2020 e reduzir-se ainda mais em 2024, chegando a apenas 269 municípios. A perda de quadros importantes também contribuiu para o esvaziamento do partido. Figuras históricas como Geraldo Alckmin, João Doria, Arthur Virgílio Neto e Xico Graziano deixaram a legenda, buscando novos rumos políticos. Essa debandada não apenas enfraqueceu o PSDB em termos de lideranças, mas também sinalizou uma perda de confiança no projeto político do partido.

Diante desse cenário desafiador, o PSDB busca alternativas para se reinventar e recuperar sua relevância no cenário político nacional. Sob a liderança do atual presidente nacional, Marconi Perillo, o partido tenta pacificar suas disputas internas e traçar estratégias para as próximas eleições. Uma das apostas é o fortalecimento de lideranças emergentes, como o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, visto como um potencial candidato à presidência em 2026. No entanto, o caminho para a recuperação é árduo e incerto. O PSDB enfrenta o desafio de redefinir sua identidade política em um contexto de forte polarização, ao mesmo tempo em que precisa reconquistar a confiança do eleitorado e atrair novos quadros. A possibilidade de fusão com outras siglas também é discutida como uma estratégia de sobrevivência, embora encontre resistência entre membros históricos do partido. O futuro do PSDB permanece incerto, mas sua trajetória de declínio serve como um alerta sobre os desafios enfrentados pelos partidos tradicionais em um cenário político em rápida transformação.

PSDB aceita abdicar do nome por fusão com Republicanos; para Abi-Ackel, divergências estão superadas

Negociações com três partidos avançam, e PSDB aceita abdicar do nome e da identidade tucana: “se for necessário abrir mão da sigla, faremos o sacrifício”.

O diretório nacional, contudo, é unânime: uma fusão é necessária para garantir a sobrevivência do PSDB. A principal opção avaliada pelos tucanos é se unir a Republicanos, Podemos e Solidariedade. A articulação faria o partido saltar dos atuais 11 deputados para 76, transformando-o na segunda maior bancada da Câmara. 

Para o presidente dos tucanos em Minas Gerais, deputado Paulo Abi-Ackel, sacrifícios deverão ser feitos para garantir a continuidade da história do PSDB. “Se for necessário abrir mão da sigla, que é representativa e integra a história brasileira, para a conjunção dar certo… Faremos esse sacrifício”, analisou. O deputado também é secretário-geral do partido. 

Com trânsito entre figurões do partido, como Aécio e o presidente Marconi Perillo, Abi-Ackel admite que a negociação com o Republicanos avançou e o partido quer participar da construção de um bloco em direção ao Centro, uma alternativa à polarização PT e PL. “O PSDB está seguindo o movimento que muitos outros partidos têm feito. Há uma convicção de que o país não pode permanecer nessa anarquia partidário com mais de 30 siglas… Quinze das quais têm linhas ideológicas absolutamente semelhantes. É prejudicial para a qualidade do debate”, defende. 

“Estamos buscando uma fórmula para convergência. Não é fácil e nem é simples. O Brasil é um país com 27 Estados, há núcleos que se opõem. Mas, acho que estamos caminhando para, dentro de duas ou três semanas, poder anunciar para o Brasil um novo grande partido, uma via de centro”, completo. 

A opção favorita, hoje, é a fusão. Mas, detalhes jurídicos e discussões sobre a identidade do novo partido e as individualidades de cada uma das siglas tornam o processo lento. A situação está adiantada em relação ao Podemos, presidido pela deputada Renata Abreu (SP), e a expectativa é que as conversas avancem nos próximos dias com Marcos Pereira e o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara. 

As costuras também têm na mira as eleições de 2026. Em um ano e seis meses, os brasileiros vão às urnas escolher governadores, senadores, deputados estaduais e federais e o presidente da República. Em Minas Gerais, PSDB, Republicanos e Podemos têm discutido internamente com suas bancadas os nomes que pretende lançar; a discussão pode chegar a um impasse em relação às duas cadeiras a que MG terá direito para o Senado Federal. 

O PSDB pode lançar Aécio Neves ou Abi-Ackel, segundo fontes; o Republicanos deseja eleger o deputado Euclydes Pettersen, e o atual senador Carlos Viana (Podemos-MG) confirmou o interesse em disputar a reeleição.

“Por enquanto, estamos construindo harmonias nos Estados de forma que consigamos essa composição em um quadro maior”, ponderou Abi-Ackel.

Perspectivas para o futuro do partido tucano

O PSDB se encontra em um momento crucial de sua história, buscando caminhos para se reinventar e recuperar sua relevância no cenário político brasileiro. A sobrevivência e eventual ressurgimento do partido dependerão de sua capacidade de se adaptar às novas dinâmicas políticas, redefinir sua identidade ideológica e formar novas lideranças capazes de dialogar com o eleitorado contemporâneo. O desafio é significativo, mas a história política brasileira já testemunhou ressurgimentos surpreendentes, e o futuro do PSDB, assim como o panorama político nacional, permanece em aberto, sujeito às constantes transformações que caracterizam a democracia brasileira.