Prefeitura de São Paulo questiona Uber sobre novo serviço de ônibus fretado

Empresa é notificada para esclarecer operação do Uber Shuttle.
O serviço do Uber Shuttle foi apresentado como uma alternativa econômica para o transporte intermunicipal, visando atender principalmente a demanda de passageiros que realizam o trajeto entre Guarulhos e São Paulo regularmente. A empresa anunciou que, inicialmente, seriam oferecidos pacotes mensais com pelo menos dois deslocamentos no período de 30 dias, com reservas podendo ser feitas com até sete dias de antecedência ou até 25 minutos antes do embarque. Os trajetos disponibilizados incluem rotas que partem de bairros como Bonsucesso, Jardim Adriana e Vila Rio de Janeiro, em Guarulhos, com destino a regiões como Itaim Bibi e Jurubatuba, na capital paulista. A Uber argumenta que o serviço visa oferecer uma opção de mobilidade mais acessível e prática para os usuários que utilizam a modalidade de fretados entre as duas cidades.
Contudo, a implementação do Uber Shuttle gerou preocupações por parte dos órgãos reguladores de transporte. A Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) informou que a Uber não possui cadastro para executar transporte coletivo de passageiros no regime de fretamento, conforme regulamentado pelo Decreto Estadual n° 29.912/1989. A agência destacou que, apesar de a empresa contratada (Viação Mimo) estar devidamente cadastrada no sistema de fretamento, a cobrança individual dos passageiros caracteriza um serviço de transporte coletivo regular, não se enquadrando na modalidade de fretamento anunciada. Esta discrepância levou à retirada de circulação de dois veículos durante uma fiscalização realizada no dia 10 de janeiro. Além disso, a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) também se manifestou, afirmando que o serviço anunciado pela Uber não se enquadra na modalidade de fretamento prevista na legislação vigente e que sua operação, na forma proposta, não possui autorização.
Diante desse cenário, a notificação emitida pela Prefeitura de São Paulo busca obter esclarecimentos detalhados sobre a operação do Uber Shuttle. As autoridades municipais pretendem avaliar se o serviço está em conformidade com as regulamentações de transporte da cidade e se possui as devidas autorizações para funcionar. A situação coloca em evidência o desafio recorrente enfrentado por empresas de tecnologia que buscam inovar no setor de mobilidade urbana, muitas vezes esbarrando em regulamentações existentes que não contemplam modelos de negócio disruptivos. O desfecho desse questionamento poderá ter implicações significativas não apenas para a Uber e seus usuários, mas também para o futuro da regulamentação de serviços de transporte inovadores em grandes centros urbanos como São Paulo.
Impactos e perspectivas para o transporte urbano
O desenrolar dessa situação será crucial para determinar o futuro do Uber Shuttle e de serviços similares na região metropolitana de São Paulo. As autoridades terão que equilibrar a necessidade de inovação no transporte urbano com a importância de manter a segurança e a regulamentação adequada do setor. O resultado desse processo poderá estabelecer precedentes importantes para a integração de novas tecnologias e modelos de negócio no sistema de transporte público, potencialmente abrindo caminho para uma modernização mais ampla da mobilidade urbana na maior metrópole do Brasil.