PGR solicita investigação de Eduardo Bolsonaro por sanções dos EUA

PGR pede investigação contra Eduardo Bolsonaro por ações nos EUA contra autoridades.
PGR aponta busca por sanções contra ministros do STF nos Estados Unidos.
A Procuradoria-Geral da República solicitou, nesta segunda-feira (26), ao Supremo Tribunal Federal a abertura de inquérito para investigar a atuação do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro em relação a autoridades brasileiras. O pedido ocorre após o parlamentar ser acusado de articular nos Estados Unidos a imposição de sanções contra ministros do STF, especialmente Alexandre de Moraes. A PGR argumenta que a conduta, ao envolver autoridades estrangeiras na busca de medidas econômicas e restritivas contra membros do Judiciário brasileiro, poderia configurar coação e tentativa de interferência direta no funcionamento regular do Supremo. O caso ganhou destaque nacional e levou a Procuradoria a pedir a relatoria do ministro Moraes, devido à sua atuação em processos correlatos que envolvem aliados e familiares do ex-presidente Jair Bolsonaro. O pedido da PGR relata ainda que as declarações públicas e as entrevistas concedidas por Eduardo Bolsonaro reforçam o tom ameaçador das ações, indicando intenção clara de pressionar e intimidar agentes públicos do mais alto escalão do Judiciário brasileiro.
A solicitação também menciona a representação criminal apresentada pelo deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) solicitando a prisão de Eduardo Bolsonaro, sob a acusação de atentar contra a soberania nacional. A denúncia alega que Eduardo utiliza sua influência internacional para deslegitimar instituições brasileiras, visando benefícios pessoais e familiares.
Em um vídeo publicado no domingo (25), Eduardo Bolsonaro rebateu as acusações, comparando suas ações às de figuras da esquerda. Ele citou Dilma Rousseff, que recorreu à ONU após o impeachment, e o presidente Lula, que denunciou sua prisão à comunidade internacional. “Agora, quando eu denuncio as reais violações de direitos humanos e perseguições políticas, essas mesmas pessoas pedem que o Moraes confisque meu passaporte e me prenda”, declarou Eduardo.
Detalhes das acusações e contexto das articulações internacionais
De acordo com o documento encaminhado ao STF, Eduardo Bolsonaro, desde o início do ano, tem reiterado publicamente seu empenho em convencer o governo dos Estados Unidos a sancionar ministros do Supremo Tribunal Federal e outras autoridades, como integrantes da Procuradoria-Geral da República e da Polícia Federal. A justificativa apresentada por ele seria a existência de perseguição política contra si próprio e seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro. Para a PGR, tal postura ultrapassa o debate político e atinge a esfera criminal, ao tentar influenciar o desfecho de investigações e ações penais em andamento no Judiciário brasileiro. O procurador-geral Paulo Gonet explicou que as providências divulgadas poderiam acarretar proibições de entrada nos Estados Unidos, bloqueio de bens e restrições comerciais a brasileiros envolvidos. O órgão ainda requereu o monitoramento das redes sociais de Eduardo Bolsonaro e o depoimento de Jair Bolsonaro, que, segundo declarações do próprio, seria financeiramente responsável pela estadia do filho nos EUA. Em meio a esse cenário, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, mencionou em audiência parlamentar a possibilidade real de sanções a autoridades brasileiras, evidenciando a repercussão internacional das ações do deputado.
Repercussão da abertura de inquérito e impactos políticos do caso
A decisão da PGR de pedir a investigação formal de Eduardo Bolsonaro foi confirmada pelo STF, que designou o ministro Alexandre de Moraes como relator do inquérito. O caso reacende o debate sobre os limites da atuação parlamentar no exterior e as possíveis consequências legais de se buscar envolvimento direto de governos estrangeiros em questões internas do país. Entre os impactos previstos, especialistas apontam o agravamento das tensões entre Poderes, especialmente pela natureza das acusações de coação no curso do processo e possível obstrução à Justiça. O embate entre o Legislativo e o Judiciário, acirrado por episódios recentes envolvendo o ex-presidente e seus aliados, tende a se intensificar com o avanço das investigações. Parlamentares de diferentes espectros avaliam que a iniciativa pode abrir precedentes sobre a responsabilização de agentes públicos que extrapolem suas prerrogativas ao recorrer a atores internacionais. Além disso, cresce a expectativa sobre os desdobramentos diplomáticos da situação, visto que sanções de governos estrangeiros contra autoridades brasileiras podem afetar a relação bilateral.
PGR intensifica acompanhamento e inquérito do STF seguirá com novas diligências
Com o inquérito aberto, o Supremo Tribunal Federal passa a conduzir uma série de diligências para apurar em profundidade as circunstâncias e possíveis crimes relacionados à atuação de Eduardo Bolsonaro. A Procuradoria-Geral da República reforçou a necessidade de preservar todos os registros digitais que possam contribuir para o esclarecimento dos fatos, incluindo publicações em redes sociais e comunicações com autoridades internacionais. O ministro Alexandre de Moraes, à frente da relatoria, deve determinar nos próximos dias novas oitivas e análises de documentos, ampliando a investigação para eventuais ramificações das tentativas de interferência externa no sistema judicial brasileiro. O caso segue em destaque na agenda política e jurídica do país, com potenciais reflexos tanto no campo institucional quanto nas relações diplomáticas do Brasil. O desfecho dependerá das provas colhidas e da avaliação do Supremo, que será fundamental para definir se ações similares deverão ser enquadradas como crimes no futuro, estabelecendo parâmetros claros para a atuação internacional de agentes políticos brasileiros.
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