PF prende Gilson Machado acusado de tentar passaporte português para Mauro Cid

PF prende Gilson Machado por suspeita de tentar obter passaporte português para Mauro Cid.
Operação da PF surpreende ex-ministro e coloca foco em investigação de passaporte.
A Polícia Federal prendeu nesta sexta-feira, 13 de junho de 2025, em Recife, o ex-ministro do Turismo Gilson Machado após suspeitas de que ele teria tentado obter passaporte português para Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. A ordem de prisão foi expedida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, atendendo a um pedido da Procuradoria-Geral da República, que fundamentou a solicitação na descoberta de possível tentativa de atrapalhar investigações em curso. A ação foi desencadeada depois que a PF detectou indícios do envolvimento de Machado ao tentar intermediar documentos para Cid, que é réu em processos criminais e delator sobre casos de grande repercussão nacional. A investigação aponta que a tentativa de emissão do passaporte ocorreu em maio de 2025, no Consulado de Portugal em Recife, com objetivo de possibilitar a saída de Mauro Cid do país em meio às restrições impostas pela Justiça brasileira. Gilson Machado, em nota, negou as acusações, afirmou desconhecer o teor das investigações e reiterou que não esteve em qualquer consulado, inclusive o português. A defesa de Mauro Cid também se pronunciou negando que o militar tivesse tentado deixar o país e destacou que o pedido de cidadania portuguesa ocorreu apenas por razões familiares, já que sua esposa e filhas possuem tal nacionalidade. O caso chamou a atenção de autoridades e da sociedade, reacendendo debates sobre tentativas de burlar controles judiciais em processos considerados sensíveis.
O episódio representa mais um capítulo de tensão envolvendo figuras próximas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, especialmente após a deflagração de investigações que miram medidas para dificultar o trabalho de autoridades brasileiras e criar alternativas de saída do território nacional para investigados. Gilson Machado, que comandou o Ministério do Turismo na gestão anterior, foi conduzido à sede da Polícia Federal no Recife para prestar esclarecimentos ainda na manhã da sexta-feira. Segundo informações oficiais, o principal elemento que motivou a ordem de prisão foi a suspeita de interferência no andamento processual de investigações em curso, visto que Mauro Cid enfrenta diversas medidas judiciais e coopera como delator em processos de grande interesse público. A suspeita é de que a tentativa de obtenção do passaporte tenha sido articulada como uma estratégia para permitir a saída de Cid do Brasil sem que fossem respeitadas as exigências legais impostas pela Justiça. Documentos apreendidos e depoimentos colhidos constam do inquérito, que deverá seguir com novas oitivas e análises periciais sobre materiais digitais sob custódia policial.
O desenrolar do caso tem gerado ampla repercussão política e jurídica, com diferentes setores do Executivo e Judiciário avaliando o impacto das novas informações na credibilidade das instituições e na condução de apurações sobre condutas de ex-integrantes do governo anterior. O ministro Alexandre de Moraes, responsável por determinar a prisão de Machado, fundamentou sua decisão na necessidade de preservar a ordem pública e a integridade das investigações, além de garantir que não haja qualquer tentativa de obstruir o processo judicial. A Procuradoria-Geral da República também se manifestou, ressaltando a gravidade da denúncia e frisando que toda a conduta relacionada à tentativa de obtenção do passaporte português será minuciosamente apurada. O episódio ainda abre margens para análises sobre a atuação de redes de apoio entre antigos auxiliares de Bolsonaro diante do cerco investigativo, evidenciando possíveis estratégias de blindagem e favorecimento pessoal. As respostas dos investigados deverão ser detalhadas nos próximos dias conforme o avanço das diligências.
Com a continuidade das investigações, a expectativa é de que o caso siga sob intensa atenção do público e da imprensa, dada a relevância dos personagens envolvidos e a possibilidade de novos desdobramentos jurídicos e políticos. O inquérito conduzido pela Polícia Federal pode resultar em processos criminais por tentativa de obstrução de Justiça, caso as suspeitas se confirmem, além de influenciar diretamente na condução de outros procedimentos que envolvem ex-membros do governo Bolsonaro. A defesa de Gilson Machado tenta reverter a prisão e busca provar que não houve qualquer atuação irregular por parte do ex-ministro, enquanto os investigadores mantêm o foco em esclarecer todas as circunstâncias do pedido de passaporte. O caso ilustra os desafios das instituições brasileiras em coibir práticas que atentem contra decisões judiciais e reforça a importância da transparência no trato de temas que envolvem figuras públicas e o respeito às normas legais do país.
Mauro Cid comparece à PF para depor sobre suposta tentativa de fuga com passaporte português.
Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, chegou à sede da Polícia Federal (PF) em Brasília na manhã desta sexta-feira (13) para depor sobre indícios de que o ex-ministro do Turismo, Gilson Machado, tentou obter um passaporte português para o militar. Machado foi preso, enquanto Cid teve prisão decretada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, mas o mandado foi revogado logo após.
Cid, que chegou de carro à PF sem falar com a imprensa, é delator em investigação sobre um suposto plano de auxiliares de Bolsonaro para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e promover um golpe de Estado. A defesa de Cid, formada pelos advogados Cezar Bitencourt, Vania Adorno Bitencourt e Jair Alves Pereira, afirmou ao Estadão que ele cumpre todas as medidas cautelares do STF, negando qualquer pedido de passaporte português ou tentativa de deixar o país. Eles esclareceram que Cid possui cidadania portuguesa e carteira de identidade de Portugal, fato já informado ao STF.
Em fevereiro, Moraes cobrou explicações da defesa sobre a solicitação de passaporte português e a obtenção da cédula de identidade. Os advogados informaram que Cid requereu a cidadania portuguesa em 11 de janeiro de 2023, apenas porque sua família já a possuía.
Desdobramentos e expectativas após prisão do ex-ministro
A prisão de Gilson Machado lança novas perspectivas sobre a profundidade das investigações e sinaliza que outras figuras do cenário político podem ser chamadas a depor ou responder judicialmente caso evidências adicionais sejam encontradas. O contexto revela que a tentativa de obtenção de passaporte para Mauro Cid pode configurar mais uma etapa de articulações voltadas a driblar restrições impostas pela Justiça, tornando-se exemplar para futuras decisões em situações similares. Analistas avaliam que o avanço das apurações pode fomentar debates sobre mecanismos de controle na emissão de passaportes a investigados e o papel das autoridades diplomáticas no monitoramento de pedidos suspeitos. O caso também reforça a necessidade de atualização e modernização de protocolos internos das instituições responsáveis pela emissão de documentos internacionais. Nos próximos meses, será fundamental observar como a Justiça irá tratar este e outros episódios semelhantes, estabelecendo jurisprudência e referência para ações futuras. O cenário político permanece atento, pois o desfecho da investigação pode influenciar o comportamento de possíveis aliados do ex-ministro e provocar reorganizações estratégicas entre antigos integrantes do governo anterior. Com os novos elementos trazidos pela atuação da Polícia Federal, o caso deve pautar discussões em diferentes esferas e se consolidar como um divisor de águas na relação entre autoridades brasileiras e a aplicação das leis sobre figuras de destaque no cenário nacional.
“`