PF investiga irmã de militar por tentativa de entrega de fone em prisão

PF abre investigação sobre fone escondido em panetone para militar preso.
Irmã de tenente-coronel tenta burlar segurança em visita à prisão.
A Polícia Federal (PF) instaurou um inquérito para investigar a conduta da irmã do tenente-coronel do Exército Rodrigo Bezerra Azevedo, que está em prisão preventiva no Comando Militar do Planalto, em Brasília. O caso ganhou notoriedade após a familiar tentar esconder um fone de ouvido, um cabo USB e um cartão de memória dentro de uma embalagem de panetone durante uma visita ao militar no final de dezembro de 2024. A tentativa de burlar a segurança foi descoberta quando o detector de metais do presídio foi acionado, levando à apreensão dos itens e à suspensão do direito de visita da irmã. O episódio chamou a atenção das autoridades, uma vez que Azevedo é um dos indiciados em uma investigação sobre uma suposta tentativa de golpe após as eleições de 2022.
O tenente-coronel Rodrigo Bezerra Azevedo, conhecido como “kid preto” devido à sua formação nas Forças Especiais do Exército Brasileiro, está detido desde 19 de novembro, quando a PF deflagrou a Operação Contragolpe. Ele é um dos 40 indiciados por supostos crimes relacionados a uma tentativa de desestabilização do processo democrático. A situação se agravou com a tentativa de sua irmã, Dhebora Bezerra de Azevedo, de introduzir equipamentos eletrônicos na prisão, o que levantou suspeitas sobre possíveis comunicações não autorizadas ou acesso a informações externas. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator da investigação, foi informado sobre o incidente e determinou a suspensão imediata do direito de visitas ao militar.
Em depoimento à Polícia Federal, a irmã de Azevedo alegou que os equipamentos eram destinados apenas para que o tenente-coronel pudesse ouvir músicas durante sua detenção. Ela afirmou que o cartão de memória continha apenas arquivos de áudio musical e negou que estivesse atendendo a um pedido específico do irmão. O advogado de defesa, Jeffrey Chiquini, reconheceu que a atitude da irmã não foi a mais adequada, mas atribuiu a ação a um estado de “desespero”. Ele argumentou que, caso seja comprovado por perícia que o fone de ouvido não possuía dispositivos de telecomunicação, a prática não configuraria crime. A defesa também está tentando reverter a suspensão das visitas, alegando que o tenente-coronel não teve participação em nenhuma trama contra as instituições democráticas e que há uma “sabotagem” na investigação.
O caso levanta questões sobre a segurança nos presídios militares e os procedimentos de visita a detentos de alta periculosidade ou envolvidos em casos sensíveis. A Polícia Federal agora busca esclarecer se houve intenção de facilitar comunicação ilegal ou se o episódio foi apenas um ato isolado de um familiar em situação de estresse. Enquanto isso, a defesa de Azevedo continua a negar veementemente qualquer envolvimento do militar em planos contra autoridades ou instituições democráticas. O desenrolar deste inquérito poderá ter implicações não apenas para o caso específico do tenente-coronel, mas também para os protocolos de segurança em instalações prisionais militares em todo o país, possivelmente levando a uma revisão e endurecimento das normas de visita e inspeção de itens trazidos para detentos.
Investigação pode levar a mudanças nos procedimentos de segurança
A conclusão deste caso poderá resultar em significativas alterações nos procedimentos de segurança em presídios militares e civis. A Polícia Federal deverá apresentar os resultados de sua investigação nos próximos meses, o que poderá influenciar decisões judiciais futuras relacionadas não apenas ao tenente-coronel Azevedo, mas também a outros casos similares. Enquanto isso, o episódio serve como um alerta para as autoridades sobre a necessidade de constante vigilância e aprimoramento dos protocolos de segurança, mesmo em instalações consideradas de alta segurança.