Petrobras anuncia redução de 5,6% no preço da gasolina após queda sustentada do petróleo

Petrobras reduz preço da gasolina em 5,6% com queda contínua do petróleo.
Combustível ficará R$ 0,17 mais barato nas distribuidoras a partir desta terça-feira.
A Petrobras anunciou na segunda-feira, 2 de junho de 2025, uma redução significativa de 5,6% no preço da gasolina A vendida às distribuidoras em todo o território nacional. O valor do litro do combustível passará de R$ 3,02 para R$ 2,85, representando uma queda de R$ 0,17 por litro. A medida entrará em vigor a partir desta terça-feira, 3 de junho, e representa o primeiro reajuste para baixo no preço da gasolina desde julho de 2024, há quase um ano. De acordo com fontes internas da estatal, a decisão foi tomada após uma avaliação técnica que identificou uma “queda sustentada” na cotação internacional do petróleo do tipo Brent, tendência que deve se manter por um período mais longo do que o inicialmente projetado pelos especialistas da companhia. Paralelamente, a valorização do real frente ao dólar também contribuiu para a redução, visto que ambos os fatores são considerados na política de preços da Petrobras. Considerando a mistura obrigatória de 27% de etanol anidro e 73% de gasolina A para a composição da gasolina C comercializada nos postos, a estatal estima que o consumidor final poderá sentir uma redução de aproximadamente R$ 0,12 por litro nas bombas, caso o repasse seja feito integralmente pelos postos.
O recuo nos preços ocorre em um contexto de queda significativa nas cotações internacionais do petróleo, que já acumula uma redução de mais de 5% desde meados de maio, quando o barril do tipo Brent estava cotado a US$ 66,63, recuando para US$ 63,21 atualmente. No acumulado de 2025, a queda é ainda mais expressiva, atingindo 15,3%. Além disso, a recente decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) de aumentar a produção em 411 mil barris por dia a partir de julho também influenciou positivamente a decisão da Petrobras. Segundo fontes da estatal, esse aumento na oferta global deverá compensar a maior demanda por derivados durante a temporada de férias nos Estados Unidos, que tradicionalmente se estende até o final de setembro. A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, já havia sinalizado na semana passada a possibilidade desse reajuste, após participar do evento Nova Indústria Brasil, no Rio de Janeiro. Na ocasião, ela destacou que “tanto a gasolina quanto o diesel estão abaixo do preço de paridade internacional” e que a companhia vinha observando atentamente a queda nos preços do petróleo e a valorização do real, além de monitorar constantemente o market share dos produtos no mercado nacional, fatores que acabaram culminando na decisão anunciada hoje.
Esta redução de preços marca uma mudança na tendência dos combustíveis no Brasil, que já vinha apresentando sinais de queda, ainda que tímidos. Segundo o relatório mais recente da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), divulgado em 31 de maio, o preço médio da gasolina nas bombas estava em R$ 6,27, valor 0,63% inferior ao registrado na última semana de abril (R$ 6,31). Em algumas regiões, como Belo Horizonte e entorno, a gasolina já havia registrado uma queda mais expressiva em maio, com redução média de R$ 0,08, chegando a R$ 6,02, conforme pesquisa do Mercado Mineiro divulgada nesta segunda-feira. Especialistas do setor apontam que essa nova redução anunciada pela Petrobras, caso seja integralmente repassada, poderá fazer com que o preço médio da gasolina fique abaixo dos R$ 6,00 em diversas regiões do país nos próximos dias. Entretanto, o administrador do Mercado Mineiro, Feliciano Abreu, alerta que o repasse para o consumidor nem sempre é imediato. “Vemos que, quando há queda, demora um pouco mais para ela chegar ao bolso do consumidor”, observa Abreu, recomendando que os motoristas pesquisem bastante antes de abastecer e optem pelos postos com preços mais competitivos, o que poderia “acelerar essa queda e até intensificá-la mais”.
A redução no preço da gasolina representa um alívio para os consumidores brasileiros e para a economia como um todo, especialmente em um momento de incertezas econômicas globais. Em termos históricos, a Petrobras destaca que, desde dezembro de 2022, o preço da gasolina vendida às distribuidoras acumula uma queda de R$ 0,22 por litro. Considerando a inflação do período, essa redução equivale a R$ 0,60 por litro, ou aproximadamente 17,5% em termos reais. Vale ressaltar que outros combustíveis também têm apresentado tendência de queda no mercado nacional. O diesel, por exemplo, passou por três reduções em 2025, sendo a mais recente em 5 de maio, quando a Petrobras realizou um corte de 4,66%, equivalente a R$ 0,16 por litro. Já o etanol registrou uma queda de 2% em maio, com o preço médio passando de R$ 4,38 para R$ 4,29, representando cerca de 71% do valor da gasolina, próximo ao limite considerado vantajoso para os consumidores que possuem veículos flex. Para os próximos meses, analistas do setor projetam que, se a tendência de queda nas cotações internacionais do petróleo se mantiver e o real continuar se valorizando frente ao dólar, novas reduções nos preços dos combustíveis poderão ocorrer, contribuindo para o controle da inflação e impulsionando a atividade econômica no país.
Impacto para consumidores pode demorar alguns dias
Embora a redução de preços nas refinarias seja imediata, especialistas alertam que o repasse completo aos consumidores pode levar alguns dias, dependendo do estoque atual e da concorrência em cada região. A economia para o brasileiro comum deve ser sentida gradualmente ao longo da próxima semana, à medida que os postos renovem seus estoques com o combustível mais barato.