Pesquisa revela insatisfação dos brasileiros com rumo da economia

Maioria da população acredita que país está no caminho errado.
Uma pesquisa recente do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) divulgada na quinta-feira (27 de março de 2025) revelou um cenário preocupante em relação à percepção dos brasileiros sobre a situação econômica do país. De acordo com o levantamento, 58% dos entrevistados acreditam que a economia brasileira está no caminho errado, enquanto apenas 35% avaliam que a condução na área está no caminho certo. O estudo, que ouviu 2.500 pessoas entre os dias 20 e 25 de março, com margem de erro de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, traz à tona o descontentamento da população com as políticas econômicas adotadas pelo governo federal e lança luz sobre os desafios enfrentados pelo país em meio a um cenário de incertezas globais e pressões inflacionárias persistentes.
A pesquisa do Ipespe não apenas evidencia a insatisfação geral com o rumo da economia, mas também revela nuances importantes quando se analisa a percepção por diferentes segmentos da sociedade. Entre os insatisfeitos com a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro da Fazenda Fernando Haddad, o índice dos que dizem que a economia está “no caminho errado” chega a impressionantes 93%. Por outro lado, entre os satisfeitos com a administração federal, 79% avaliam o cenário econômico como no “caminho certo”. Esses dados mostram uma clara polarização na avaliação da situação econômica, refletindo as divisões políticas que persistem no país. Além disso, o estudo aponta que a maior avaliação da economia como no “caminho certo” está entre mulheres de 16 a 24 anos, com ensino médio completo, que ganham de R$ 2.000 a R$ 5.000 e que vivem no Nordeste, enquanto a visão mais pessimista é predominante entre homens de 45 a 59 anos, com nível superior completo, renda de até R$ 2.000 e que vivem nas regiões Centro-Oeste ou Sul.
O cenário de insatisfação revelado pela pesquisa do Ipespe encontra eco em outros levantamentos recentes. Uma pesquisa Datafolha divulgada no início de janeiro de 2025 já apontava que 61% dos brasileiros acreditavam que a economia estava no caminho errado. Naquele estudo, a desaprovação do cenário econômico brasileiro era ainda mais expressiva entre os jovens de 16 a 24 anos, atingindo 71%. Esse descontentamento generalizado reflete uma série de desafios enfrentados pela economia brasileira, incluindo a persistência de altos níveis de desemprego, o aumento do custo de vida e a dificuldade de retomada do crescimento econômico em níveis satisfatórios. A pesquisa do Datafolha também revelou que 67% dos entrevistados antecipavam uma piora na inflação, enquanto 41% acreditavam que o desemprego iria aumentar. Esses dados sugerem que, apesar dos esforços do governo para impulsionar a economia, a população brasileira continua cética quanto às perspectivas de melhora no curto e médio prazo.
A insatisfação generalizada com o rumo da economia brasileira, evidenciada pelas pesquisas recentes, coloca pressão adicional sobre o governo federal para adotar medidas mais efetivas de estímulo ao crescimento e combate à desigualdade. O desafio para as autoridades econômicas será encontrar um equilíbrio entre políticas de austeridade fiscal, necessárias para manter a confiança dos investidores, e medidas de estímulo que possam gerar empregos e renda para a população. A percepção negativa da economia por parte de segmentos importantes da sociedade, como jovens e pessoas com nível superior, pode ter implicações significativas para o futuro do país, afetando decisões de investimento, consumo e até mesmo a formação de capital humano. Nesse contexto, a capacidade do governo de comunicar efetivamente suas políticas econômicas e demonstrar resultados concretos será crucial para reverter o pessimismo atual e recuperar a confiança dos brasileiros no potencial de crescimento e desenvolvimento do país.
Perspectivas para a economia brasileira nos próximos meses
À medida que o Brasil enfrenta os desafios econômicos revelados pelas pesquisas recentes, a atenção se volta para as perspectivas futuras e as possíveis ações que podem ser tomadas para reverter o quadro de insatisfação. Analistas econômicos apontam que a recuperação da confiança dos consumidores e investidores será fundamental para impulsionar o crescimento nos próximos meses. O governo terá que equilibrar cuidadosamente as políticas fiscais e monetárias, buscando controlar a inflação sem sufocar o crescimento econômico. Além disso, investimentos em infraestrutura, educação e inovação podem ser cruciais para melhorar a produtividade e competitividade do país no longo prazo. A evolução dos indicadores econômicos nos próximos trimestres será determinante para avaliar se as percepções negativas atuais se confirmam ou se o país conseguirá surpreender positivamente, superando as expectativas pessimistas e pavimentando o caminho para uma recuperação mais robusta e sustentável da economia brasileira.