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Ovos de Páscoa deixam de ser tradição para muitos brasileiros

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Preço elevado afasta consumidores dos ovos de Páscoa.

Uma recente pesquisa do Serasa revelou que 38% dos brasileiros não pretendem comprar ovos de Páscoa neste ano, apontando para uma mudança significativa no comportamento do consumidor durante uma das datas mais tradicionais do país. O levantamento, realizado em abril de 2025, mostra que a alta nos preços dos ovos de chocolate é o principal fator que afasta a população das prateleiras, em um cenário de inflação ainda persistente e orçamento familiar mais apertado. A tradição da Páscoa, que costuma movimentar supermercados, lojas especializadas e pequenos negócios em todo o território brasileiro, vem perdendo força especialmente nas grandes cidades, onde a competitividade dos preços é mais acirrada e o acesso a alternativas é maior. Diante desse contexto, muitos brasileiros estão optando por opções mais baratas, como barras de chocolate, bombons ou até mesmo a produção artesanal em casa, em busca de manter o clima festivo sem comprometer o orçamento doméstico.

O fenômeno não é recente, mas o salto nos preços registrado nos últimos anos, aliado a uma estagnação nos salários, torna ainda mais expressivo o número de famílias que deixam de comprar ovos de Páscoa. Historicamente, o doce representa não só um símbolo religioso, mas também uma oportunidade de confraternização familiar, troca de presentes e demonstração de carinho. Entretanto, as embalagens sofisticadas e as campanhas de marketing pouco conseguem amenizar a frustração dos consumidores diante de valores considerados abusivos. O cenário econômico nacional, com aumento do custo de vida, desemprego em níveis preocupantes e endividamento geral das famílias, colabora para que o chocolate deixe de ser visto apenas como um agrado e passe a integrar a lista de itens supérfluos. O resultado é uma queda nas vendas e na circulação de pessoas nos pontos de venda tradicionais, pressionando o setor alimentício, que já busca alternativas para driblar o encalhe de produtos nas gôndolas.

Os desdobramentos dessa tendência podem ser observados tanto no comportamento do consumidor quanto nas estratégias adotadas pela indústria e varejo. Empresas do setor chocolatero apostam em embalagens menores, kits promocionais e produtos personalizados para tentar contornar a resistência do público aos preços praticados. Ao mesmo tempo, iniciativas independentes, como a confecção de ovos caseiros e a venda por encomenda, ganham espaço, impulsionando a economia criativa e artesanal em bairros das grandes cidades. O movimento também reflete nas redes sociais, onde receitas e dicas de fabricação de ovos de chocolate viralizam e criam um novo tipo de tradição, baseada no faça-você-mesmo. Apesar dessas alternativas, o impacto negativo nas vendas é sentido por grandes marcas, que registram projeções de faturamento menores em relação aos anos anteriores, numa clara demonstração de que o consumidor brasileiro tornou-se mais consciente e seletivo em suas escolhas.

Ovos de Páscoa e o futuro do mercado de chocolates no Brasil

A expectativa para os próximos anos é que o cenário de retração no consumo de ovos de Páscoa se mantenha, caso não haja uma readequação significativa nos preços ou uma melhora efetiva nas condições econômicas do país. A tradição da Páscoa, embora permaneça viva no imaginário coletivo, tende a se adaptar à nova realidade, com consumidores priorizando criatividade e economia diante da necessidade de cortar gastos. As grandes empresas do setor alimentício precisarão investir em inovação para reconquistar esse público, seja por meio de ofertas mais acessíveis, produtos diferenciados ou experiências que valorizem o lado emocional da data. Enquanto isso, a indústria artesanal, os pequenos produtores e as alternativas caseiras seguirão em alta, mostrando que, apesar das dificuldades, a celebração pode persistir – ainda que reinventada. O futuro dos ovos de Páscoa no Brasil dependerá, assim, da capacidade do mercado de ouvir seus consumidores e propor soluções mais próximas de sua realidade financeira.