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Moraes critica big techs e alerta sobre lavagem cerebral digital

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Ministro do STF alerta sobre riscos das plataformas digitais.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), fez duras críticas às grandes empresas de tecnologia, conhecidas como big techs, durante uma aula inaugural na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025. Em seu discurso, Moraes afirmou categoricamente que essas empresas “não são enviadas de Deus” e as acusou de realizar uma “lavagem cerebral” nos eleitores ao redor do mundo. O magistrado, que também é professor na renomada instituição, aproveitou a oportunidade para abordar o que ele denominou de “novo populismo digital extremista” e sua relação com o uso de algoritmos pelas plataformas digitais.

Durante sua exposição, Moraes enfatizou que as big techs não são entidades neutras, mas sim grupos econômicos com objetivos claros de dominação global. “São grupos econômicos que querem dominar a economia e a política mundial, ignorando fronteiras, a soberania nacional de cada um dos países e as legislações para terem poder e lucro”, declarou o ministro. Ele argumentou que essas empresas distorcem conceitos fundamentais como democracia e liberdade em prol de seus interesses comerciais. Moraes chegou a afirmar que, para as big techs, “tudo é dinheiro, é negócio”, inclusive a própria democracia, que seria tratada como uma mercadoria: “Assim como vendemos carros, vamos vender candidatos”.

O magistrado aprofundou sua análise ao relacionar o uso de algoritmos pelas plataformas digitais com tentativas de desestabilização democrática. Segundo Moraes, essas empresas foram instrumentalizadas para atacar os três pilares fundamentais da democracia: o jornalismo profissional, o processo eleitoral e o Poder Judiciário. Ele argumentou que grupos extremistas se apropriaram das redes sociais para disseminar um discurso que, embora se declare em defesa da democracia, na verdade busca miná-la por dentro. “Em nenhum lugar do mundo esses grupos de extrema direita dizem que são contra a democracia. Eles dizem: ‘Essa democracia tem fraudes, então essa não vale, se eu perder [eleição] não vale, só tem democracia se eu ganhar. E, para poder fortalecer a democracia, eu tenho que tomar o poder’. Esse é o discurso”, explicou o ministro, acrescentando que essa narrativa conseguiu “fazer essa verdadeira lavagem cerebral no mundo, de milhões e milhões de eleitores e eleitoras”.

As declarações de Moraes ganham ainda mais relevância no contexto atual, em que o debate sobre a regulação das plataformas digitais se intensifica globalmente. O ministro alertou para a necessidade de se compreender e combater os mecanismos pelos quais as big techs podem influenciar processos democráticos e moldar a opinião pública. Ele enfatizou a importância de se estabelecer marcos regulatórios que garantam a transparência dos algoritmos e a responsabilização das empresas por conteúdos nocivos. Moraes concluiu sua fala ressaltando a resiliência das instituições brasileiras diante dos desafios impostos pela era digital, mas advertiu que a vigilância constante e a adaptação das leis às novas realidades tecnológicas são essenciais para a preservação da democracia no século XXI.

Impactos e desdobramentos das declarações do ministro

As afirmações contundentes de Alexandre de Moraes certamente repercutirão nos círculos jurídicos, políticos e tecnológicos, podendo influenciar futuras discussões sobre a regulamentação das plataformas digitais no Brasil e além. A crescente preocupação com o poder das big techs e seu impacto na sociedade demanda um debate amplo e urgente sobre como conciliar inovação tecnológica, liberdade de expressão e proteção da democracia no ambiente digital.