Moody’s alerta para riscos na compra do Banco Master pelo BRB
Relatório da Moody’s aponta desafios na integração.
A agência de classificação de risco Moody’s divulgou um relatório na quarta-feira (2 de abril de 2025) sobre a aquisição do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB), apontando elevados riscos de execução e integração durante o processo. Segundo a agência, o BRB, sendo um banco público, enfrenta desafios de governança complexos que podem dificultar a consolidação com o Banco Master, cuja estrutura apresenta alta concentração de empréstimos em recebíveis ilíquidos. A aquisição, anunciada em 28 de março, visa diversificar as operações do BRB e melhorar sua lucratividade, mas suscita dúvidas quanto à viabilidade e aos impactos financeiros dessa fusão. A expectativa inicial é que o preço de aquisição, um desconto de 25% em relação ao valor contábil do Banco Master, traga um impacto positivo ao capital do BRB. No entanto, a Moody’s ressalta que a incerteza permanece alta, especialmente em um cenário onde o crescimento acelerado e estratégias complexas ampliam os desafios.
Desafios do BRB e histórico do Banco Master
O BRB enfrenta pressão em sua lucratividade desde 2021, reflexo de uma combinação de custos crescentes e margens apertadas, exacerbada por sua estratégia de expansão acelerada. Em setembro de 2024, a taxa de capitalização do banco, medida pelo índice CET1, caiu para 7,7%, comparada aos 11,4% registrados em 2021. O Banco Master, por sua vez, adotou uma estratégia de crescimento agressivo nos últimos anos, tornando-se a 25ª maior instituição financeira do Brasil em ativos em 2024, frente à 77ª posição que ocupava em 2021. Essa rápida expansão foi sustentada por operações em áreas como cartões de crédito consignado, câmbio e crédito corporativo. Apesar dos avanços, a Moody’s alerta que o modelo de negócios do Master apresenta riscos associados à concentração de crédito e à opacidade em sua estrutura patrimonial. Esses aspectos, aliados à complexidade da governança do BRB, elevam os desafios desta aquisição, especialmente considerando que o BRB não deterá controle absoluto em decisões estratégicas.
Impactos e perspectivas da aquisição
A Moody’s destaca que a aquisição pode ter o potencial de diversificar os negócios do BRB, trazendo maior capacidade de ganhos a médio prazo. No entanto, os riscos de execução relacionados à integração de duas instituições financeiras com perfis tão distintos preocupam o mercado. A governança pública do BRB e os desafios regulatórios, somados à estrutura de crédito concentrada do Master, são fatores que podem limitar os benefícios esperados da transação. Além disso, o cenário competitivo no setor bancário brasileiro, dominado por grandes instituições, adiciona uma camada extra de dificuldade para que o BRB consolide sua posição ampliada. A agência avalia que, embora a compra ofereça um desconto em relação ao valor contábil do Master, os desafios de gestão e integração podem eclipsar os ganhos potenciais, sobretudo sem uma estratégia clara para mitigar os riscos identificados.
Conclusão e próximos passos
A aquisição do Banco Master pelo BRB simboliza uma oportunidade de crescimento estratégico, mas os desafios apresentados pelo alto risco de execução não podem ser subestimados. A Moody’s reforça que a transação, embora potencialmente positiva para a diversificação e lucratividade do BRB, depende de uma integração bem-sucedida e de uma gestão eficaz para superar os entraves operacionais e de governança. Nos próximos meses, será essencial acompanhar como o BRB planeja abordar as questões levantadas pela Moody’s, incluindo sua estratégia para lidar com recebíveis ilíquidos e integrar sua operação regional ao modelo de negócios do Master. Por enquanto, o mercado observa cautelosamente, enquanto a incerteza continua a pairar sobre os resultados efetivos desta complexa transação.
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