MC Poze do Rodo é preso por apologia ao crime

MC Poze do Rodo é preso por apologia ao crime; entenda o caso.
Marlon Brandon Coelho Couto Silva, conhecido como MC Poze do Rodo, foi preso na madrugada de quinta-feira (29) por agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) em sua casa no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio de Janeiro. A prisão decorre de uma investigação que aponta a prática de apologia ao crime por meio de letras de músicas, eventos com a presença de traficantes e outras manifestações públicas do cantor.
Segundo a Polícia Civil, as letras de Poze exaltam organizações criminosas, tráfico de drogas e uso ilegal de armas. Durante coletiva de imprensa, o Secretário de Polícia Civil, delegado Felipe Curi, destacou que tais ações têm impacto significativo, podendo ser “mais lesivas do que o tiro de um traficante” devido à influência do artista. O delegado André Neves, do Departamento-Geral de Polícia Especializada (DGPE), citou trechos de músicas que fazem referência direta a comunidades controladas pelo Comando Vermelho e a confrontos armados.
Uma das letras investigadas, “Nós vamos tomar Rodo, Antares, é CV, é CV”, foi associada ao contexto da morte do policial Marquini, da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), em abril, durante um confronto em área de disputa entre facções. A polícia alega que shows do cantor, frequentemente realizados em regiões dominadas pelo Comando Vermelho, contavam com a presença de criminosos armados, que também financiariam os eventos, contribuindo para o aumento do consumo de drogas.
O que diz a lei sobre apologia ao crime?
A investigação se baseia no artigo 287 do Código Penal, que considera crime “fazer, publicamente, apologia de fato criminoso ou de autor de crime”, com pena de detenção de três a seis meses ou multa. Letras como “Fala que é a tropa do Comando Vermelho / Ai, nosso fuzil tá demais” são apontadas como exemplos de exaltação ao crime organizado, com potencial de glorificar práticas ilícitas.
Liberdade de expressão x limites legais
Especialistas em direito penal consultados pela CNN explicam que, embora a Constituição Federal garanta a liberdade de expressão e manifestação artística, esse direito não é absoluto. Manifestações que incentivem ou enalteçam crimes podem ser punidas. A Polícia Civil argumenta que os conteúdos de Poze ultrapassam o caráter simbólico, funcionando como incentivo indireto ao crime.
Defesa e projeto de lei
A defesa do cantor acompanhou os procedimentos na Cidade da Polícia e informou que analisará os autos do processo. Enquanto isso, um projeto de lei do deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil), apresentado em fevereiro, propõe proibir apologia ao crime organizado e ao uso de drogas em eventos financiados por recursos públicos. A proposta, que altera a Lei de Licitações, prevê multas e sanções para artistas que descumprirem a regra, e aguarda tramitação na Câmara dos Deputados.
O caso de MC Poze do Rodo reacende o debate sobre os limites da liberdade artística e a responsabilidade de figuras públicas na influência de comportamentos ilícitos.
“`