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Mais de 20 países suspendem importação de frango brasileiro após caso de gripe aviária

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Crise sanitária provoca embargos comerciais e preocupa setor agropecuário.

O Brasil enfrenta uma grave crise no setor de exportação de carne de frango após a confirmação do primeiro foco de gripe aviária em uma granja comercial, localizada no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul, no final da semana passada. Segundo informações divulgadas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária na segunda-feira (19), já são mais de 20 países que suspenderam total ou parcialmente as importações do produto brasileiro, incluindo importantes parceiros comerciais como China, México, Argentina, Chile, Coreia do Sul, Uruguai, Canadá, África do Sul, União Europeia (bloco que reúne 27 países), Rússia, Paquistão, Sri Lanka, Malásia, Marrocos, Peru, Bolívia e República Dominicana. Alguns mercados como Japão, Arábia Saudita, Emirados Árabes e Filipinas adotaram restrições regionalizadas, embargando apenas a compra de frango produzido no município gaúcho onde foi detectado o vírus H5N1, continuando a importar o produto de outras localidades do país. As autoridades sanitárias brasileiras estão em alerta máximo, pois além do caso confirmado em Montenegro, onde cerca de 17 mil aves foram sacrificadas e seus ovos destruídos, já surgiram sete novos casos suspeitos da doença, sendo dois deles em estabelecimentos comerciais em Aguiarnópolis (TO) e Ipumirim (SC).

O impacto econômico das suspensões já preocupa o setor produtivo e as autoridades, com estimativas apontando que o Brasil pode deixar de exportar aproximadamente R$ 1,5 bilhão por mês em carne de frango. Este valor corresponde a uma média mensal das compras feitas ao longo de 2024 pelos países que interromperam temporariamente as importações. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, tem se mostrado otimista, afirmando que se o cerco sanitário e o alerta no país funcionarem adequadamente, o bloqueio de importações pode ser revogado em pouco tempo. O esforço do governo brasileiro está concentrado em restringir as suspensões apenas ao Rio Grande do Sul, seguindo o modelo já adotado por alguns países como Japão e Filipinas. O Brasil detém atualmente 39,3% do mercado global de exportação de carne de frango, uma posição de liderança que está ameaçada pela atual crise sanitária. Especialistas do setor acreditam que as negociações poderão limitar os embargos a áreas específicas, considerando o histórico de excelência do sistema brasileiro de vigilância sanitária, que conseguiu manter o vírus fora do plantel comercial por 19 anos, enquanto circulava pelo mundo.

Os casos suspeitos que estão em análise atualmente se distribuem por diferentes estados brasileiros, incluindo Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Tocantins, Sergipe, Ceará e Mato Grosso, demonstrando a amplitude da preocupação das autoridades sanitárias. Os resultados de testes realizados em casos suspeitos de Nova Brazilândia (MT), Triunfo (RS) e Grancho Cardoso (SE) foram negativos, trazendo algum alívio para o setor. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) já elabora estratégias para redirecionar as exportações e minimizar o impacto interno da crise, trabalhando em conjunto com o governo federal para garantir a credibilidade do sistema sanitário brasileiro perante os parceiros comerciais internacionais. O ministro Fávaro destacou a eficiência do sistema brasileiro, afirmando que “o sistema brasileiro é sem sombra de dúvida o melhor sistema mundial. Melhor não existe”, e ressaltou que não é coincidência que o vírus que circula no mundo há 19 anos nunca havia entrado no plantel comercial brasileiro até agora. Em outros países, segundo o ministro, pouco tempo depois da identificação do vírus, os casos já estavam em granjas comerciais, enquanto no Brasil foram exatos dois anos entre a detecção em aves silvestres e o primeiro caso em estabelecimento comercial.

As perspectivas para a resolução da crise dependem fundamentalmente da eficácia das medidas sanitárias implementadas e da capacidade de negociação do governo brasileiro com os parceiros comerciais. Alguns especialistas acreditam que países como China e outros importadores significativos poderão adotar posições mais flexíveis nas próximas semanas, considerando não apenas aspectos sanitários, mas também interesses comerciais mais amplos, incluindo disputas geopolíticas. A regionalização dos embargos, limitando-os apenas às áreas afetadas, seria uma solução intermediária que permitiria a continuidade de grande parte das exportações brasileiras enquanto o foco identificado é controlado. O Ministério da Agricultura mantém um sistema de monitoramento constante sobre a Síndrome Respiratória e Nervosa das Aves, com atualizações diárias sobre novos casos suspeitos. A experiência acumulada pelo Brasil no controle de outras crises sanitárias, como a contenção de focos anteriores de doenças em animais, coloca o país em posição relativamente favorável para enfrentar o desafio atual, embora a magnitude das suspensões comerciais represente um obstáculo significativo. Para os produtores brasileiros, a expectativa é que a excelência do sistema sanitário nacional seja reconhecida pelos parceiros internacionais, permitindo uma rápida recuperação do acesso aos mercados e minimizando os impactos econômicos da crise atual.

Medidas de contenção e perspectivas de recuperação do mercado

As autoridades sanitárias brasileiras trabalham intensamente para conter a propagação do vírus e recuperar a confiança dos mercados internacionais. A rapidez na identificação e isolamento do foco inicial em Montenegro, com o sacrifício das aves infectadas e destruição dos ovos, demonstra a eficiência do protocolo brasileiro de biossegurança. A expectativa do setor produtivo é que, com base no histórico de excelência do sistema sanitário nacional e nas medidas rigorosas adotadas, os embargos comerciais sejam gradualmente suspensos ou regionalizados nas próximas semanas, permitindo a retomada das exportações para a maioria dos destinos internacionais e minimizando os prejuízos estimados em R$ 1,5 bilhão mensais para a balança comercial brasileira.