Macron alerta sobre empobrecimento americano com tarifa de Trump

Crítica contundente à política comercial dos EUA.
O presidente da França, Emmanuel Macron, fez fortes declarações nesta quinta-feira, 3 de abril de 2025, condenando as novas tarifas impostas pelos Estados Unidos sob a liderança de Donald Trump. O anúncio, feito no dia anterior, foi classificado por Macron como “brutal” e “sem fundamento”. Para o líder francês, as políticas adotadas pela administração norte-americana representam um perigo não apenas para os próprios EUA, mas também para o equilíbrio do comércio global. Macron destacou em coletiva de imprensa que essas medidas tendem a enfraquecer a economia americana e prejudicar diretamente os consumidores, resultando em um cenário de empobrecimento generalizado. Ele também convocou uma resposta unificada dos países europeus, sugerindo retaliações “massivas” e coordenadas para enfrentar o que considera uma abordagem unilateral e injusta.
“Elas terão um impacto no equilíbrio de nossas economias e em certos mercados. A extensão é sem precedentes”, alertou Macron em uma reunião no Palácio do Eliseu com membros do governo francês representantes dos setores econômicos franceses mais afetados pelas tarifas.
Impactos para os europeus e o comércio internacional
As novas tarifas impostas pelos Estados Unidos foram descritas por Macron como um “choque para o comércio internacional”. Ele enfatizou que a decisão de Trump poderia abrir espaço para que outras potências, como países asiáticos, aumentem suas exportações para o mercado europeu, deslocando os produtos americanos. O presidente francês também conclamou as empresas europeias a suspender temporariamente seus investimentos nos EUA, até que o cenário seja esclarecido. Segundo Macron, essa seria uma forma de pressionar o governo americano a reconsiderar suas políticas. Além disso, líderes europeus, como o comissário para o Comércio Maroš Šefčovič, prometeram agir de forma firme e coordenada, reforçando que a União Europeia não aceitará medidas unilaterais sem uma resposta à altura.
Segundo o governante francês, a resposta será europeia, “um mercado de 450 milhões de consumidores, mais do que nos Estados Unidos”.
Em sua primeira reação oficial ao anúncio da tarifa, Macron enfatizou que os membros da UE devem “estar unidos” em sua resposta a Washington e “não agir sozinhos”.
“Vamos preparar uma resposta europeia. Nada está excluído, tudo está sobre a mesa”, advertiu o presidente francês, que citou que a taxação de “serviços de internet”, incluindo empresas populares como Amazon, Google e Netflix, pode estar entre as possíveis represálias europeias.
“Faremos o que for mais eficaz e proporcional. Não estamos dispostos a sermos passados para trás. Vamos nos defender e nos proteger”, disse Macron, que ressaltou que os próprios consumidores dos EUA também serão prejudicados pelas tarifas.
União dos europeus contra as tarifas unilaterais
A reação europeia aos anúncios de Trump reflete um esforço para preservar a estabilidade econômica e o multilateralismo no comércio internacional. Macron ressaltou que, caso os países europeus não ajam de forma conjunta, o impacto das tarifas será ainda mais severo para as economias do bloco. A postura do presidente francês reflete uma busca por solidariedade entre os membros da União Europeia, que já enfrentam desafios decorrentes de tensões geopolíticas e da guerra comercial global. Ao destacar a necessidade de uma resposta coesa, Macron apontou que somente por meio de ações unificadas será possível desmontar essas tarifas e buscar um comércio mais justo e equilibrado entre as nações.
Macron também solicitou uma resposta comum dos diferentes setores a essa decisão e, nesse sentido, exigiu que as empresas francesas já presentes nos Estados Unidos suspendam seus projetos de investimento até que a situação tarifária “seja esclarecida”.
A decisão de Trump “vem de uma boa análise do mundo, porque é verdade que no Ocidente há muita desindustrialização, mas a resposta é ruim”, argumentou Macron, que afirmou ser a favor da “concorrência leal”.
Para Macron, a desindustrialização deve ser combatida com maior produtividade no setor, e não com tarifas.
Perspectivas futuras e desdobramentos da disputa
As declarações de Macron lançam luz sobre o delicado momento das relações entre Europa e Estados Unidos. A escalada tarifária tem o potencial de desencadear uma nova onda de protecionismo, aumentando tensões comerciais e prejudicando o crescimento econômico global. Para o presidente francês, o futuro demandará negociações robustas e a implementação de estratégias que fortaleçam o comércio multilateral. Líderes europeus já indicaram que buscarão diálogo com os americanos para evitar um agravamento do cenário, mas reiteraram que não hesitarão em tomar medidas retaliatórias caso necessário. A expectativa é que nos próximos meses sejam organizadas reuniões entre autoridades dos dois lados do Atlântico, na tentativa de amenizar os efeitos dessas políticas, que já geram insegurança nos mercados globais e ameaçam enfraquecer alianças históricas.