Lula volta a fazer crítica indireta a Elon Musk: ‘Acha que pode tudo, mas vai ter que respeitar’

Lula afirmou que mundo atravessa momento em que a mentira é difundida nas redes sociais e que “hoje a verdade foi pisoteada”.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar indiretamente o bilionário Elon Musk na sexta-feira (7), e afirmou que o sul africano “acha que pode tudo”, mas que, no Brasil, terá que “respeitar o povo”. Lula não citou Musk nominalmente mas já vinha se referindo ao dono da rede social X em outras ocasiões.
— Tem até o dono de uma empresa americana, que é o dono de uma dessas empresas muito fortes aí, que divulga essas notícias na internet, que ele não quer nem respeitar governo, não quer nem respeitar a Justiça, ele acha que ele pode tudo. Ele pode tudo no país dele, aqui no Brasil ele vai ter que respeitar o povo brasileiro, ele vai ter que respeitar o povo brasileiro e não tem outra coisa — afirmou Lula durante evento realizado em Campo do Meio (MG).
Relembre o caso do Itamaraty que acusou diplomacia americana de distorcer fatos.
Governo Lula rebate críticas dos EUA sobre decisão judicial no Brasil.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu fortemente a uma manifestação do Departamento de Estado dos Estados Unidos que criticou decisões judiciais brasileiras relacionadas à liberdade de expressão no fim de Fevereiro. Em nota oficial, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil acusou a diplomacia americana de tentar politizar e distorcer o sentido de decisões do Supremo Tribunal Federal (STF). A polêmica teve início após o ministro Alexandre de Moraes determinar o bloqueio da plataforma de vídeos Rumble no país, alegando descumprimento reiterado de ordens judiciais. O Departamento de Estado americano afirmou em publicação nas redes sociais que bloquear informações e multar empresas sediadas nos EUA seria incompatível com valores democráticos, numa referência indireta às ações do magistrado brasileiro contra a Rumble.
A manifestação do Itamaraty destaca que o governo brasileiro recebeu “com surpresa” a declaração americana sobre uma ação judicial movida por empresas privadas dos EUA para se eximirem do cumprimento de decisões da Suprema Corte brasileira. “O governo brasileiro rejeita, com firmeza, qualquer tentativa de politizar decisões judiciais e ressalta a importância do respeito ao princípio republicano da independência dos poderes, contemplado na Constituição Federal brasileira de 1988”, afirma o comunicado. A nota acrescenta que a manifestação do Departamento de Estado “distorce o sentido das decisões do Supremo Tribunal Federal, cujos efeitos destinam-se a assegurar a aplicação, no território nacional, da legislação brasileira pertinente, inclusive a exigência da constituição de representantes legais a todas as empresas que atuam no Brasil”.
O embate diplomático evidencia as tensões crescentes entre os governos brasileiro e americano no que diz respeito à regulação de plataformas digitais e redes sociais. Enquanto as autoridades brasileiras argumentam que as medidas visam combater a desinformação e garantir o cumprimento da legislação nacional por empresas estrangeiras que operam no país, os EUA alegam preocupações com a liberdade de expressão e possíveis impactos em companhias americanas. O caso da Rumble ganhou destaque após a plataforma se recusar a indicar um representante legal no Brasil, como exigido pela legislação. Moraes determinou o bloqueio do site no país, afirmando que a empresa cometeu “reiterados, conscientes e voluntários descumprimentos das ordens judiciais”. A Rumble e a Trump Media, ligada ao ex-presidente Donald Trump, chegaram a processar o ministro nos Estados Unidos, acusando-o de violar a soberania americana, mas o pedido foi rejeitado pela Justiça dos EUA.
A controvérsia levanta questões complexas sobre jurisdição, soberania nacional e regulação de empresas de tecnologia em um mundo cada vez mais interconectado digitalmente. Enquanto o Brasil busca fazer valer sua legislação e decisões judiciais em seu território, os Estados Unidos expressam preocupação com possíveis impactos em empresas americanas e na liberdade de expressão. O episódio evidencia os desafios enfrentados por governos e instituições jurídicas na era digital, onde as fronteiras entre jurisdições nacionais se tornam cada vez mais fluidas. À medida que o debate sobre a regulação das plataformas digitais se intensifica globalmente, é provável que tensões semelhantes continuem a surgir entre diferentes países, exigindo esforços diplomáticos e jurídicos para encontrar um equilíbrio entre a soberania nacional, a liberdade de expressão e a operação de empresas multinacionais de tecnologia.
Perspectivas para as relações Brasil-EUA no cenário digital
O episódio envolvendo a Rumble e as críticas mútuas entre os governos brasileiro e americano sinalizam a necessidade de um diálogo mais aprofundado sobre a regulação do espaço digital e suas implicações para as relações internacionais. É provável que os dois países busquem canais diplomáticos para discutir essas questões de forma mais detalhada, visando encontrar um terreno comum que respeite tanto a soberania nacional quanto os princípios de liberdade de expressão. A evolução desse debate poderá ter impactos significativos não apenas nas relações bilaterais, mas também na forma como outros países lidam com desafios semelhantes no futuro próximo.