Lula recebe sugestão para escolher Eduardo Paes como vice na chapa de 2026

Lula é aconselhado a escolher Eduardo Paes como vice em 2026.
Petistas fluminenses defendem nome do prefeito do Rio para fortalecer aliança nacional.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu, através de interlocutores próximos, a sugestão de escolher o atual prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), como candidato a vice-presidente na chapa para a eleição presidencial de 2026. A proposta, que ganhou força na última semana durante encontro com a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, partiu principalmente de lideranças petistas do Rio de Janeiro, que enxergam em Paes um nome com forte capacidade de diálogo com o eleitorado de centro e conservador, além de possuir significativa capilaridade eleitoral na região Sudeste. A ofensiva pelo nome do prefeito carioca demonstra uma movimentação estratégica dentro do partido governista, que busca garantir uma composição eleitoral capaz de assegurar a reeleição de Lula no próximo pleito presidencial. A articulação ocorreu durante reunião em Brasília, quando lideranças petistas se concentraram na capital federal para discutir a escolha do nome que representará a ala majoritária da sigla, a Construindo um Novo Brasil (CNB), no processo de eleição interna da legenda, evidenciando que o partido já começa a organizar sua estratégia para o próximo ciclo eleitoral, mesmo ainda estando na primeira metade do atual mandato presidencial.
Eduardo Paes, atualmente em seu quarto mandato como prefeito do Rio de Janeiro, construiu uma trajetória política marcada por vitórias expressivas nas urnas e pela capacidade de formar coalizões amplas. Sua carreira política teve início como subprefeito da Zona Oeste do Rio durante a gestão de Cesar Maia, passou pelo Partido Verde em 1995, foi eleito vereador pelo Partido da Frente Liberal em 1996 e chegou ao cargo de deputado federal em 1998. Após uma tentativa frustrada ao governo estadual em 2006, quando obteve apenas 5% dos votos válidos, Paes conseguiu se eleger prefeito da capital fluminense em 2008, em uma acirrada disputa no segundo turno contra Fernando Gabeira, conquistando 50,8% dos votos válidos. Em 2012, garantiu sua reeleição ainda no primeiro turno com expressivos 64% dos votos. Durante seus mandatos anteriores à frente da prefeitura carioca, entre 2009 e 2017, Paes concentrou esforços na recuperação de importantes vias da cidade e na preparação do Rio para sediar grandes eventos internacionais, como a Copa do Mundo FIFA em 2014 e os Jogos Olímpicos de Verão em 2016. Após um período afastado da prefeitura, voltou ao comando da cidade em 2020, então filiado ao DEM, e atualmente desfruta de 51% de aprovação entre os eleitores cariocas, conforme apontou recente pesquisa do instituto DataFolha, o que reforça sua posição como um político com alta aceitação popular e considerável capital político.
Para os petistas favoráveis à indicação de Paes como vice de Lula, a escolha traria importantes ganhos estratégicos para a chapa presidencial. O prefeito do Rio de Janeiro comanda uma coligação ampla, que engloba desde partidos de esquerda até siglas de direita, incluindo apoio de setores evangélicos, o que poderia ajudar Lula a estabelecer um diálogo mais efetivo com o eleitorado conservador, segmento onde o atual presidente encontra maiores resistências. Além disso, a presença de Paes na chapa fortaleceria a aliança com o PSD, partido presidido por Gilberto Kassab que possui a maior bancada no Senado Federal e o maior número de prefeituras no país, conferindo maior capilaridade eleitoral à candidatura petista. Outro fator relevante é que Paes é considerado favorito na corrida pelo governo do estado do Rio de Janeiro em 2026, com 48,9% das intenções de voto segundo levantamento divulgado em abril pelo instituto Paraná Pesquisas, indicando possibilidade de vitória já no primeiro turno. Essa força eleitoral no segundo maior colégio eleitoral do país representa um ativo importante para a chapa nacional, especialmente por se tratar da região Sudeste, onde o presidente necessita consolidar apoio para garantir sua reeleição, reforçando a lógica do presidencialismo de coalizão brasileiro, sistema no qual o chefe do Executivo precisa formar alianças amplas para garantir governabilidade.
Contudo, a indicação de Eduardo Paes como vice na chapa de Lula para 2026 enfrenta um obstáculo significativo: o impasse com o PSB, partido do atual vice-presidente, Geraldo Alckmin, que tem interesse em mantê-lo no posto. Essa situação coloca o Palácio do Planalto diante de uma delicada equação política, avaliando alternativas como uma possível candidatura de Alckmin ao governo de São Paulo ou ao Senado Federal, visando oferecer um palanque robusto a Lula no maior colégio eleitoral do país. A decisão sobre a composição da chapa presidencial para 2026 deverá considerar não apenas o fortalecimento da candidatura à reeleição, mas também a manutenção de alianças estratégicas construídas ao longo da atual gestão. O presidente Lula, reconhecido por sua habilidade de articulação política, terá pela frente o desafio de acomodar diferentes interesses partidários sem comprometer a unidade da base governista. Para além da disputa eleitoral, o cenário sinaliza uma reorganização de forças políticas visando a consolidação de um projeto de poder de longo prazo, onde partidos de centro como o PSD ganham relevância crescente no tabuleiro político brasileiro, demonstrando que as articulações para o próximo ciclo eleitoral já estão em pleno andamento, aproximadamente um ano antes do início oficial da corrida presidencial, evidenciando a antecipação das movimentações políticas que caracterizam o sistema eleitoral brasileiro.
Articulação política visa fortalecer base no Sudeste e ampliar diálogo com eleitorado conservador
A estratégia de aproximação com Eduardo Paes representa uma movimentação calculada do PT para ampliar sua base de apoio em regiões estratégicas do país. O prefeito do Rio, que comandou a cidade durante importantes eventos internacionais como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, construiu uma imagem de gestor eficiente e pragmático, características valorizadas pelo eleitorado de centro. A eventual composição com o PSD na chapa presidencial reforçaria o modelo de presidencialismo de coalizão que marca a política brasileira, onde alianças amplas são fundamentais para garantir não apenas a vitória nas urnas, mas também a governabilidade no período pós-eleitoral. Nos próximos meses, a definição sobre a vice-presidência deverá ganhar contornos mais definidos, à medida que o próprio presidente Lula sinalize suas preferências para a composição que buscará seu segundo mandato consecutivo, terceiro na história política brasileira.