Lula reafirma compromisso com Petrobras estatal e critica privatizações: ‘Entra outro e privatiza’

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou sua posição contra a privatização da Petrobras durante evento de reinauguração do Complexo de Energias Boaventura, antigo Comperj, em Itaboraí (RJ). Em discurso enfático, Lula criticou as tentativas anteriores de venda da estatal e alertou para os riscos de futuros governos retomarem essa agenda. “Se não levarmos a sério, entra outro e privatiza”, afirmou o presidente, destacando a importância estratégica da Petrobras para o desenvolvimento nacional e a soberania energética do país. O evento marcou a autorização para o processamento de gás natural na unidade, que havia sido alvo de investigações da Operação Lava Jato e ficou paralisada por anos.

Lula questionou os benefícios das privatizações realizadas no passado, citando especificamente o caso da BR Distribuidora, hoje Vibra Energia. “O que melhorou para o consumidor brasileiro a venda da BR? Barateou o combustível? Eles estão fazendo entrega na casa da gente? Não estão, eles apenas se apoderaram de uma empresa que daria lucro para a Petrobras”, argumentou o presidente. Ele também criticou a venda de outras estatais, como a Vale e a Eletrobras, reiterando sua visão de que empresas públicas têm um papel que vai além da simples geração de lucros, devendo contribuir para o desenvolvimento do país e o bem-estar da população.

O discurso do presidente se alinha com sua política de fortalecimento do papel do Estado na economia, contrastando com a agenda de privatizações do governo anterior. Lula enfatizou a capacidade da Petrobras de se adaptar às mudanças no setor energético, afirmando que a empresa está preparada para liderar a transição para energias renováveis. “O dia que acabar o petróleo, a Petrobras será a maior produtora de biocombustível, etanol e hidrogênio verde. Ela é muito mais do que uma indústria de óleo, é uma indústria de energia”, declarou. Essa visão de longo prazo para a Petrobras inclui investimentos em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias energéticas, reforçando o compromisso do governo com a sustentabilidade e a inovação no setor.

A reinauguração do Complexo de Energias Boaventura representa um marco na retomada de investimentos da Petrobras em projetos estratégicos. Segundo a estatal, a unidade será a maior processadora de gás natural do país, recebendo gás do pré-sal da Bacia de Santos. Quando totalmente operacional, o complexo deverá produzir 12 mil barris de óleos lubrificantes por dia, além de 75 mil barris diários de diesel S-10 e 20 mil barris de querosene de aviação. Esse projeto não apenas fortalece a posição da Petrobras no mercado de gás natural, mas também contribui para a geração de empregos e o desenvolvimento econômico da região. A defesa ferrenha de Lula pela manutenção da Petrobras como empresa estatal sinaliza que o governo continuará priorizando o papel da companhia como instrumento de política energética e industrial, resistindo a pressões por sua privatização.

Perspectivas para o futuro da Petrobras e do setor energético brasileiro

A postura do governo Lula em relação à Petrobras e ao setor energético brasileiro indica uma continuidade da política de fortalecimento das estatais e de busca por soberania energética. Essa abordagem, contudo, enfrenta desafios em um cenário global de transição energética e pressões por maior eficiência e competitividade. O futuro da Petrobras como empresa estatal dependerá não apenas da vontade política do governo, mas também de sua capacidade de inovar, adaptar-se às mudanças do mercado e contribuir efetivamente para o desenvolvimento econômico e social do Brasil, mantendo-se competitiva no cenário internacional.