Kennedy Jr denuncia falhas da OMS e propõe cooperação de saúde fora da organização: “OMS moribunda”

Kennedy Jr denuncia falhas da OMS e pede que outros países sigam seu exemplo e deixem a OMS.
Secretário de Saúde dos EUA critica influência farmacêutica e intervenção chinesa.
O Secretário de Saúde dos Estados Unidos, Robert F. Kennedy Jr., fez duras críticas à Organização Mundial da Saúde (OMS) durante a Assembleia Mundial da Saúde realizada na terça-feira, 20 de maio de 2025, em Genebra. Em um vídeo pré-gravado exibido durante o evento, Kennedy rejeitou o acordo pandêmico recentemente adotado pelos membros da OMS e convidou outros países a trabalharem com os EUA em iniciativas de saúde global fora do âmbito da organização. O secretário afirmou que a cooperação global em saúde continua sendo importante para o presidente Donald Trump e para ele próprio, mas argumentou que esta cooperação não está funcionando adequadamente sob a direção da OMS, como teria sido demonstrado pelos “fracassos da era Covid”. Kennedy enfatizou a necessidade de libertar a cooperação internacional em saúde do que chamou de “camisa de força de interferência política por influências corruptoras das empresas farmacêuticas, de nações adversárias e de seus representantes não-governamentais”, sinalizando uma clara mudança na política de saúde global americana desde que o presidente Trump retirou o país da organização em seu primeiro dia de mandato.
A decisão dos Estados Unidos de se retirar da OMS e de buscar parcerias alternativas para cooperação em saúde global representa uma ruptura significativa com décadas de participação americana na organização. Kennedy destacou que o governo Trump já está em contato com países que compartilham visões semelhantes e que estariam interessados em trabalhar juntos fora do escopo da OMS. Esta abordagem reflete a postura do presidente Trump, que acredita que a pandemia de COVID-19 teve início em um acidente em um laboratório de virologia do governo chinês e acusa a OMS de ter ajudado a encobrir este incidente. O secretário Kennedy argumentou que a OMS sofre de uma “sobrecarga burocrática” e de “influência indevida” da China, citando estes como fatores determinantes para a decisão americana de se afastar da organização. Ele criticou a OMS por não ter reconhecido seus erros durante a pandemia de COVID-19 e por não ter implementado reformas significativas, intensificando, ao invés disso, esforços em um acordo pandêmico que, segundo Kennedy, apenas encobriria as disfunções da resposta da organização à pandemia. “Não vamos participar disso”, afirmou categoricamente o secretário, reforçando a posição do governo americano de não integrar as novas iniciativas da OMS relacionadas à preparação para futuras pandemias.
Durante sua apresentação, Kennedy também detalhou as prioridades que estabeleceu para as agências de saúde dos Estados Unidos, incluindo o combate a doenças crônicas, a remoção de corantes artificiais dos alimentos, a redução do consumo de alimentos ultraprocessados e a busca pelas causas do autismo e de outras doenças crônicas. “Vamos apoiar mudanças no estilo de vida que fortalecerão os sistemas imunológicos e transformarão a saúde do nosso povo”, declarou o secretário, acrescentando que “poucos desses esforços se prestam facilmente ao lucro ou servem a interesses especiais estabelecidos”. Esta abordagem marca uma reorientação significativa nas políticas de saúde americanas, com um foco maior em fatores relacionados ao estilo de vida e na prevenção de doenças crônicas. Kennedy também enfatizou a necessidade de “reiniciar todo o sistema”, tanto internacionalmente quanto nos Estados Unidos, onde sua administração está implementando mudanças substanciais nas políticas de saúde pública. A recusa em participar do acordo pandêmico da OMS e a busca por parcerias alternativas sinalizam uma abordagem mais unilateral ou seletivamente multilateral dos EUA em questões de saúde global, refletindo a visão do governo Trump de que a OMS falhou em sua missão durante a crise do COVID-19 e está excessivamente influenciada por interesses contrários aos americanos.
As declarações de Kennedy geraram reações mistas entre especialistas em saúde global e diplomatas presentes na Assembleia Mundial da Saúde. Enquanto alguns observadores expressaram preocupação com o potencial enfraquecimento da coordenação global em saúde, outros reconheceram a necessidade de reformas na OMS. A postura dos EUA representa um desafio significativo para a organização, que historicamente contou com o apoio financeiro e político americano para suas operações globais. Os Estados Unidos foram tradicionalmente o maior contribuinte financeiro da OMS, e sua retirada já está impactando o orçamento e a capacidade operacional da organização. O futuro da cooperação global em saúde permanece incerto, com a possibilidade de emergência de estruturas paralelas lideradas pelos EUA concorrendo com a OMS. Para os países que compartilham as preocupações americanas sobre a influência chinesa e a eficácia da OMS, a proposta de Kennedy de criar mecanismos alternativos de cooperação pode representar uma opção atrativa. No entanto, a fragmentação dos esforços globais de saúde em múltiplas iniciativas concorrentes pode complicar a resposta internacional a futuras emergências sanitárias, justamente quando a preparação para pandemias se tornou uma prioridade global após a experiência do COVID-19.
Novos rumos para a saúde global e desafios para a OMS
A postura de distanciamento dos EUA em relação à OMS marca uma nova fase nas relações internacionais no campo da saúde global. Enquanto a organização continua seus trabalhos com o apoio de outros países membros, deverá enfrentar desafios significativos sem a participação e o financiamento do seu maior contribuinte histórico. A proposta de Kennedy de criar uma estrutura alternativa de cooperação internacional em saúde representa tanto um desafio quanto uma oportunidade para repensar os mecanismos globais de resposta a emergências sanitárias, com foco em maior transparência e eficácia. Nos próximos meses, espera-se que os Estados Unidos comecem a detalhar sua visão para esta cooperação alternativa e a anunciar quais países estão dispostos a participar desta iniciativa fora do âmbito da OMS.