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Investigação policial revela desvio de R$ 1 milhão do Corinthians para organização ligada ao PCC

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Dinheiro do patrocínio da VaideBet foi rastreado até empresa denunciada por delator.

Uma investigação conduzida pela Polícia Civil de São Paulo revelou que mais de R$ 1 milhão proveniente do contrato de patrocínio entre o Corinthians e a casa de apostas VaideBet foi direcionado para empresas ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC). Segundo relatório emitido pela Delegacia de Repressão à Lavagem de Dinheiro, o dinheiro da comissão paga pelo clube paulista circulou por diversas contas bancárias, em um esquema de pulverização de recursos que dificultava o rastreio das quantias. A quebra de sigilo bancário, autorizada pela justiça, permitiu que os investigadores identificassem o caminho percorrido pelos R$ 1,4 milhões iniciais, dos quais aproximadamente R$ 1.074.150,00 terminaram na empresa UJ Football, uma agência de gestão de carreiras esportivas que foi apontada como tendo ligações com a facção criminosa. Este caso, que resultou na rescisão do milionário contrato entre o clube e a empresa de apostas, ocorreu em 2024 e agora gera turbulência política interna no Corinthians, além de colocar dirigentes sob investigação por possíveis crimes de furto qualificado e lavagem de dinheiro.

O esquema de desvio foi revelado graças a um meticuloso trabalho investigativo que contou com o apoio do Ministério Público de São Paulo, através do GAECO (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). De acordo com documentos obtidos pelos investigadores, o dinheiro saiu inicialmente dos cofres do Corinthians em duas remessas de R$ 700 mil, em março de 2024, sendo transferido para uma conta da empresa Rede Social Media Design, pertencente a Alex Fernando André, conhecido como Alex Cassundé, que havia trabalhado na campanha de Augusto Melo à presidência do clube. Na sequência, foram identificados repasses de R$ 580 mil e R$ 462 mil para uma empresa fantasma registrada em nome de laranja, a Neoway Soluções Integradas. Esta empresa fantasma, por sua vez, transferiu aproximadamente R$ 1 milhão para a Wave Intermediações Tecnológicas, que posteriormente realizou transações de quase R$ 900 mil para a UJ Football Talent Intermediação, pertencente ao empresário Ulisses de Souza Jorge. A UJ Football representa diversos atletas, incluindo nomes de destaque como Éder Militão, do Real Madrid, e foi especificamente apontada como uma das empresas utilizadas para lavar dinheiro do crime organizado, conforme delação premiada feita ao Ministério Público de São Paulo.

Um elemento crucial para esta investigação foi o depoimento de Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, empresário que firmou um acordo de delação premiada com o Ministério Público de São Paulo em março de 2024, revelando crimes da facção criminosa e de policiais. Gritzbach denunciou especificamente a UJ Football como um dos elos do Primeiro Comando da Capital no mundo do futebol brasileiro, apontando-a como parte do esquema de lavagem de dinheiro. Tragicamente, o delator foi assassinado em 11 de novembro, no aeroporto de Guarulhos, após ter solicitado mais proteção aos promotores por ter sido jurado de morte. A investigação também descobriu que R$ 525 mil dos valores desviados dos cofres do Corinthians ficaram pelo caminho como pagamento de comissão durante o processo de lavagem, demonstrando a complexidade do esquema. O caso ganhou ainda mais repercussão quando a própria VaideBet decidiu rescindir o contrato de R$ 360 milhões com o Corinthians após a revelação do pagamento da comissão, que não estava previsto no acordo original firmado entre as partes. A situação é particularmente alarmante no contexto do futebol brasileiro, considerando que o Brasil já ocupa a primeira posição no ranking mundial de manipulação de resultados esportivos, conforme relatório da empresa de monitoramento contratada pela Confederação Brasileira de Futebol, que detectou suspeitas em 109 partidas realizadas em território nacional apenas no ano passado.

As implicações deste caso vão muito além do impacto financeiro imediato para o Corinthians, que perdeu um contrato milionário de patrocínio. A investigação policial agora se concentra não apenas no rastreamento completo dos recursos desviados, mas também na identificação de todos os envolvidos no esquema, incluindo dirigentes do clube. Além de Alex Cassundé, o presidente do Corinthians, Augusto Melo, e outros diretores estão sendo investigados, com a polícia afirmando que crimes como furto qualificado e lavagem de dinheiro ficaram comprovados através da quebra de sigilo bancário. Em nota oficial, o Corinthians tentou se distanciar do escândalo, afirmando que “não tem responsabilidade por qualquer direcionamento de dinheiro que não esteja na conta bancária do clube” e recusando-se a comentar o caso que corre em segredo de Justiça. O episódio expõe a vulnerabilidade das instituições esportivas brasileiras diante do crime organizado e levanta questões sobre a necessidade de maior transparência e controle nos contratos de patrocínio, especialmente aqueles envolvendo casas de apostas, setor que tem crescido exponencialmente no Brasil. Para os torcedores do Corinthians, o escândalo representa mais um capítulo turbulento na história recente do clube, que agora enfrenta não apenas dificuldades financeiras com a perda do patrocinador, mas também a sombra de possíveis condenações criminais para seus dirigentes, caso as investigações confirmem a participação consciente no esquema de desvio de recursos.

Caso pode ter desdobramentos graves para o futuro do clube paulista

A revelação do envolvimento de dirigentes do Corinthians com organizações criminosas através do desvio de recursos de patrocínio representa um dos maiores escândalos da história recente do futebol brasileiro. A investigação, ainda em andamento, promete revelar mais detalhes sobre como o crime organizado se infiltra nas instituições esportivas, usando-as como ferramentas para lavagem de dinheiro. Para o Corinthians, os próximos passos incluem possíveis mudanças na diretoria e a necessidade urgente de implementar medidas de compliance mais rigorosas para recuperar a credibilidade junto a patrocinadores e torcedores. O caso também deve servir como um alerta para outros clubes brasileiros sobre os riscos associados a contratos milionários com empresas de apostas e a importância de verificar rigorosamente todos os intermediários envolvidos em negociações de patrocínio.

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