Inteligência artificial revoluciona correção de tarefas nas escolas estaduais de São Paulo

Governo paulista começa a usar IA para corrigir lição de alunos.
Tecnologia promete agilizar trabalho docente e oferecer feedback imediato aos estudantes.
O governo do estado de São Paulo anunciou na última segunda-feira, 19 de maio de 2025, a implementação de um sistema de inteligência artificial para auxiliar na correção de tarefas escolares na rede estadual de ensino. A iniciativa, que já está em fase de projeto piloto, utiliza tecnologia baseada no modelo OpenAI GPT-4o mini para avaliar automaticamente as atividades realizadas pelos estudantes na plataforma TarefaSP. Inicialmente, o sistema está sendo aplicado na correção de 5% dos exercícios, tanto objetivos quanto dissertativos, destinados aos alunos do 8º ano do Ensino Fundamental e da 1ª série do Ensino Médio. Segundo a Secretaria da Educação do Estado (Seduc), a ferramenta funciona comparando as respostas dos estudantes com gabaritos elaborados pelo time pedagógico da secretaria, verificando se o conteúdo apresentado está de acordo com o esperado. A medida visa principalmente “desafogar” os professores da rede estadual, que poderão dedicar mais tempo a outras atividades pedagógicas, enquanto o sistema processa automaticamente milhões de questões por mês, oferecendo feedback imediato aos alunos após a resolução dos exercícios na plataforma digital.
A implementação da inteligência artificial na correção de tarefas escolares se insere em um contexto mais amplo de digitalização do sistema educacional paulista, processo que vem sendo intensificado desde 2023, quando a plataforma TarefaSP foi criada. Apenas desde o início deste ano letivo, quase 95 milhões de questões foram resolvidas pelos estudantes no sistema, demonstrando a dimensão do desafio enfrentado pelos educadores no processo de correção e feedback. A ferramenta de IA agora implementada tem capacidade de processar entre 4 e 5 milhões de questões dissertativas mensalmente, abrangendo diversas disciplinas como Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, Química, Física, Geografia e História. O secretário de Educação, Renato Feder, destacou que a iniciativa faz parte de um pacote tecnológico que visa tornar a escola mais moderna e atrativa para os estudantes, inserindo-se na política continuada de “digitalização acelerada” da rede estadual. A tecnologia permite que, na prática, o estudante responda a uma questão na ferramenta do TarefaSP e sua resposta seja imediatamente processada pela inteligência artificial, que analisa o conteúdo, compara com os parâmetros estabelecidos pelos especialistas da Seduc-SP e fornece uma avaliação instantânea, otimizando significativamente o tempo que seria gasto pelos professores nesse processo de correção manual das atividades.
Esta não é a primeira vez que a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo implementa soluções baseadas em inteligência artificial no ambiente escolar. Em abril de 2024, a pasta já havia introduzido tecnologias de IA para criação e avaliação de materiais pedagógicos em todas as escolas estaduais, como parte da mesma política de modernização. No entanto, especialistas como os pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) têm alertado para a necessidade de um debate mais aprofundado sobre a adoção dessas tecnologias no contexto educacional. De acordo com análises críticas, a implementação de modelos de IA na educação deveria ser pautada por valores democráticos, transparência e ampla participação da sociedade, considerando cuidadosamente seus impactos e implicações antes da adoção em larga escala. Entre as capacidades da inteligência artificial que podem beneficiar o sistema educacional, destacam-se a automatização de tarefas repetitivas e burocráticas, a precisão na execução dos comandos, a capacidade de processar grandes volumes de dados simultaneamente, a detecção lógica para captura de detalhes em tarefas que requerem alto nível de atenção, além da predição para apoiar tomadas de decisão e a otimização de processos através da análise integrada de dados de várias fontes. No caso específico da correção de tarefas, a tecnologia promete não apenas reduzir a carga de trabalho dos professores, mas também proporcionar um retorno mais rápido aos estudantes, elemento considerado fundamental no processo de aprendizagem.
As perspectivas para o futuro da iniciativa são promissoras, com a Secretaria de Educação sinalizando a possibilidade de expansão gradual do sistema para outras séries escolares e aumento do percentual de exercícios corrigidos pela inteligência artificial, caso os resultados do projeto piloto sejam satisfatórios. Os defensores da incorporação da IA no campo educacional frequentemente destacam duas vantagens principais: o aumento da produtividade e a melhoria da qualidade do ensino. O governador Tarcísio de Freitas tem afirmado que os modelos de inteligência artificial aplicados ao sistema educacional são ferramentas para facilitar a missão da Secretaria da Educação, não substituindo o papel fundamental dos professores, mas complementando seu trabalho com recursos tecnológicos que permitem maior eficiência. Especialistas em educação e tecnologia apontam que, se bem implementada e com os devidos cuidados éticos e pedagógicos, a inteligência artificial pode contribuir significativamente para a personalização do ensino, identificando padrões nas respostas dos estudantes que ajudem a mapear dificuldades específicas e orientar intervenções pedagógicas mais direcionadas. No entanto, ressaltam a importância de manter o equilíbrio entre inovação tecnológica e valores educacionais fundamentais, garantindo que a tecnologia seja uma aliada no processo de ensino-aprendizagem e não um substituto para a relação humana essencial entre professores e alunos, especialmente em um sistema educacional público que atende a milhões de estudantes com realidades sociais e necessidades pedagógicas diversas.
Impactos da implementação da IA no futuro da educação paulista
A introdução da inteligência artificial para correção de tarefas nas escolas estaduais de São Paulo representa um passo significativo na transformação digital da educação pública brasileira. Enquanto a fase piloto atual abrange apenas 5% dos exercícios de determinadas séries escolares, a expectativa é que, com o amadurecimento da tecnologia e a análise dos resultados iniciais, o sistema possa ser gradualmente expandido para beneficiar um número maior de estudantes e professores. A Secretaria da Educação do Estado continuará monitorando de perto o desempenho da ferramenta, avaliando tanto sua eficácia técnica quanto seu impacto pedagógico, para definir os próximos passos na integração da inteligência artificial ao cotidiano escolar. O sucesso desta iniciativa poderá servir como modelo para outros estados brasileiros que enfrentam desafios semelhantes relacionados à sobrecarga de trabalho docente e à necessidade de modernização dos processos educacionais. A combinação entre tecnologia avançada e educação pública de qualidade representa um caminho promissor para enfrentar os desafios educacionais do século XXI, desde que implementada com o devido planejamento pedagógico e respeitando o papel insubstituível dos educadores no processo de formação integral dos estudantes.