Indígenas e ambientalistas pressionam COP30 pelo fim dos combustíveis fósseis

Indígenas e ambientalistas pressionam COP30 pelo fim dos combustíveis fósseis
Pedido conjunto por justiça climática
Em um movimento histórico realizado no Acampamento Terra Livre (ATL) em Brasília, cerca de 200 organizações indígenas e ambientalistas do mundo uniram forças para exigir um compromisso da presidência brasileira da COP30 em favor do fim dos combustíveis fósseis. A carta, entregue simbolicamente ao presidente da conferência, André Corrêa do Lago, destacou a urgência de bloquear novos projetos de exploração petrolífera e de reduzir de forma rápida e ordenada a produção mundial de hidrocarbonetos. Este evento, que antecede a conferência climática marcada para novembro em Belém, reforça o protagonismo das lideranças indígenas e ambientais na luta global contra o aquecimento climático. Marcado por discursos contundentes e pela presença de líderes indígenas de diversas regiões, o ATL destacou a imprescindibilidade de ouvir e incorporar as vozes indígenas nas negociações climáticas.
Carregando faixas em defesa “do clima e da Amazônia”, os indígenas marcharam até o Congresso, onde um grupo de manifestantes que ultrapassou o perímetro de segurança foi repelido pela polícia com gás lacrimogêneo, testemunhou um fotógrafo da AFP.
Contexto e causas urgentes
A luta pelo fim dos combustíveis fósseis está diretamente ligada ao cumprimento das metas globais de limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. Segundo a Agência Internacional de Energia, alcançar esse objetivo exige uma redução de 55% na produção mundial de combustíveis fósseis até 2035. Contudo, o Brasil, maior produtor de petróleo da América Latina, enfrenta um desafio extra: conciliar seu papel global como anfitrião da COP30 e a pressão interna por explorar novas áreas como a Foz do Amazonas. Enquanto isso, ativistas alertam para os impactos irreversíveis de políticas extrativistas em ecossistemas críticos e territórios indígenas. A mobilização promovida pelo ATL sinaliza não apenas a resistência indígena, mas também uma tentativa de ampliar o debate sobre uma transição energética que não exclua comunidades vulneráveis.
Propostas e impacto das mobilizações
Entre as demandas apresentadas pelas lideranças indígenas destacam-se a inclusão da demarcação de terras como política climática, a promoção da liderança indígena nas decisões da COP30 e a criação de metas precisas para redução da exploração de hidrocarbonetos por parte dos Estados signatários. A campanha “A Resposta Somos Nós”, liderada pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) e apoiada por organizações internacionais, busca reforçar a importância de soluções baseadas no conhecimento tradicional indígena. Além disso, alianças internacionais como a dos povos da Amazônia, Pacífico e Austrália, fortalecem o movimento por justiça climática, evidenciando a conexão global entre territórios e comunidades impactadas pela crise climática. Para os líderes, a COP30 deve ser um marco de virada, avançando de palavras para ações concretas.
Perspectivas e o futuro da COP30
A conferência climática deste ano, a ser realizada em Belém, carrega expectativas de ser a “COP da virada”, com planos concretos para reduzir os combustíveis fósseis e implementar uma transição energética justa. No entanto, o sucesso desse evento depende de um esforço coletivo para garantir espaço e voz equitativa às lideranças indígenas, além de compromissos firmes de nações ricas na redução de emissão de gases de efeito estufa. Os próximos meses serão cruciais para alinhar agendas e fortalecer a mobilização global, culminando em novembro, onde milhares de representantes indígenas e ambientais devem levar suas mensagens ao cenário internacional. Em meio a desafios políticos e sociais, a COP30 representa uma oportunidade sem precedentes para reafirmar a centralidade da justiça climática nas políticas globais e locais.
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