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Hospitais suspendem plano dos Correios

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Hospitais interrompem atendimento a plano dos Correios.

Atrasos prejudicam atendimento de beneficiários.

A rede hospitalar que atende ao plano de saúde dos Correios, a Postal Saúde, interrompeu os serviços em diversas cidades devido à falta de pagamento por parte da estatal. O problema, evidenciado desde o início do ano, tem afetado hospitais em municípios como Juazeiro do Norte, Fortaleza, Itaitinga, Eusébio (CE), além de localidades em São Paulo, Mato Grosso, Bahia e Pará. A situação foi relatada por beneficiários que enfrentam recusas recorrentes em clínicas e hospitais, impossibilitando consultas e tratamentos essenciais. Segundo fontes próximas ao caso, os pagamentos realizados pelos Correios cobrem apenas uma fração mínima das dívidas acumuladas, variando entre 1% e 10% do total devido, sem qualquer cronograma de regularização. Tal contexto tem gerado indignação entre os usuários, que temem pelo agravamento da crise na assistência médica.

O rombo já chega a 400 milhões de reais. Fundada em 2013, a Postal Saúde tem 200.000 beneficiários, entre funcionários dos Correios e dependentes, e uma rede credenciada com 13.000 prestadores em todos o Brasil. A operadora depende dos repasses da estatal para pagar os contratos.

Crise afeta trabalhadores e prestadores de saúde

A suspensão dos serviços é um reflexo direto das dificuldades financeiras enfrentadas pela Postal Saúde, administradora do plano de saúde dos Correios. Para hospitais e clínicas credenciadas, a situação se tornou insustentável, visto que as parcelas irrisórias que vêm sendo pagas pela estatal não cobrem os custos operacionais. Como consequência, colaboradores dependentes do benefício estão recorrendo ao Sistema Único de Saúde (SUS) ou custeando atendimentos médicos do próprio bolso. Representantes dos prestadores de serviços afirmam que a falta de comunicação e os atrasos persistentes comprometem a relação de confiança com o plano, ameaçando a continuidade das parcerias. Além disso, especialistas apontam que a situação é resultado de uma má gestão financeira que se intensificou nos últimos anos, agravando as dificuldades do sistema de saúde dos Correios.

“A nossa saúde, a nossa vida depende disso. Nós pagamos mensalmente, pagamos compartilhamento, que é um absurdo, na nossa conta e, quando procura a nossa assistência médica, vêm dizer que não está sendo atendida por falta de pagamento?”, questiona dirigente do Sindicato dos Trabalhadores em Correios e Telégrafos no Estado da Bahia, lembrando que os beneficiários continuam tendo coparticipação dos planos descontada do contracheque.

“Se não pagarem as clínicas e hospitais, nós vamos paralisar as atividades de toda a Bahia”, afirma a sindicalista.

Desdobramentos e impactos da suspensão

A paralisação dos atendimentos alcançou proporções alarmantes, impactando diretamente a saúde de milhares de beneficiários e trabalhadores dos Correios. Sem a cobertura médica garantida, usuários relatam atrasos em tratamentos crônicos, dificuldade de acesso a medicamentos e a interrupção de procedimentos essenciais para manutenção da saúde. Do lado das instituições hospitalares, os atrasos nos repasses financeiros geraram desequilíbrios econômicos, impossibilitando novos investimentos e até mesmo a manutenção de parte das operações. A situação também levantou dúvidas sobre a governança do plano de saúde e as perspectivas futuras de sua viabilidade, considerando a crescente insatisfação entre os prestadores e os riscos de descredenciamento em massa. Além disso, sindicatos de trabalhadores já começaram a pressionar por soluções urgentes, exigindo maior transparência e um cronograma claro para os pagamentos pendentes.

Historicamente, os Correios injetam uma média de 170 milhões de reais por mês no custeio da Postal Saúde, somando cerca de 2 bilhões de reais por ano. Se não houver qualquer repasse à operadora de autogestão até a próxima quinta-feira, 10 de abril, o rombo vai saltar para cerca de 600 milhões de reais.

Na cúpula do Postal Saúde, existe o temor de que, persistindo o calote, a Agência Nacional de Saúde (ANS) decrete uma intervenção na empresa. Isso porque, sempre que fazem o descredenciamento unilateral de um plano de saúde, as prestadoras são obrigadas a notificar a ANS, justificando a decisão.

Nos primeiros meses sem repasses dos Correios desde novembro, os executivos da Postal Saúde ainda conseguiram negociar com algumas das maiores redes para que os atendimentos aos beneficiários não fossem suspensos. Mas a situação se tornou insustentável, até mesmo para os gigantes do setor.

Perspectivas e soluções para o impasse

Enquanto os beneficiários continuam enfrentando dificuldades, a Postal Saúde e os Correios ainda não apresentaram um plano concreto para resolver a crise. A exigência por ações imediatas cresce entre sindicatos, trabalhadores e hospitais credenciados, que cobram do governo federal uma intervenção para estabilizar a situação. Apesar da falta de soluções claras até o momento, especialistas sugerem que a renegociação de dívidas e a implementação de uma gestão financeira mais robusta poderiam ser caminhos viáveis para superar os desafios atuais. No entanto, sem um compromisso formal por parte da estatal, o risco de que a crise se agrave permanece elevado. A continuidade do plano e a saúde dos beneficiários agora dependem de medidas urgentes e estruturais capazes de restabelecer a confiança no serviço e garantir a regularização dos atendimentos.

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