Haddad defende reação firme contra extrema direita: “Ir além do bom senso”

Ministro destaca desafios políticos e econômicos.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, enfatizou a necessidade de adotar posturas mais ousadas para enfrentar os desafios impostos pela crescente influência da extrema direita no Brasil. Durante um evento em São Paulo, intitulado “Dilemas da humanidade: perspectivas para transformação social”, Haddad afirmou que é preciso ir “além do bom senso” para contrabalançar as ações de movimentos conservadores. O painel, realizado no Sesc Pompeia, reuniu especialistas e lideranças políticas para debater reformas estruturais e inclusão social. Haddad destacou que o governo enfrenta um Congresso Nacional altamente conservador, o que dificulta a aprovação de medidas progressistas. Ele defendeu uma postura mais ambiciosa por parte da esquerda, enfatizando a importância de estratégias teóricas e práticas robustas para sustentar mudanças significativas no cenário sociopolítico.
‘Temos de navegar neste território. É um desafio muito grande aprovar medidas no Congresso Nacional.’
“Para enfrentar o desafio da extrema direita, temos de ir além do que rezaria o bom senso. Se eles estão rompendo barreiras do lado de lá, temos de angariar forças para romper barreiras do lado de cá. A coisa é muito desafiadora. A provocação do lado de lá é muito mais sem cerimônia e isso deveria servir de estímulo para nós”, disse, ao citar a necessidade, para os pensadores de esquerda, de ter “mais ambição teórica“.
Ele já havia pedido que os trabalhadores, teoricamente beneficiados pela mudança, se mobilizassem para pressionar os parlamentares.
“Para alguns, com muita razão, essas propostas podem parecer pouco ambiciosas. Acredito que sejam pouco ambiciosas, embora em um mundo devastado por poucas ideias, não podemos deixar [de ver] que são passos importantes”, completou.
Reforma tributária para maior equidade
Um dos principais pontos levantados por Haddad foi a reforma do Imposto de Renda, que pretende isentar contribuintes com renda mensal de até R$ 5 mil e reduzir alíquotas para aqueles que ganham até R$ 7 mil. A proposta inclui também a criação de um imposto mínimo sobre altas rendas, abrangendo brasileiros que recebem mais de R$ 600 mil por ano. Segundo o ministro, essa medida beneficiaria cerca de 10 milhões de pessoas e ajustaria o sistema tributário para que os mais privilegiados contribuam de forma proporcional. Ele ressaltou que, embora as mudanças sejam um passo importante, ainda enfrentam forte resistência no Congresso, o que exige maior mobilização popular e articulação política. Haddad também abordou o papel do Brasil na promoção de paradigmas de taxação mais justos dentro do G-20, posicionando o país como referência em políticas de equidade fiscal.
Desafios democráticos frente à desinformação
Outro tema abordado foi o domínio da extrema direita sobre as redes sociais, que, segundo Haddad, amplifica a disseminação de informações distorcidas que impactam negativamente o debate público. Ele mencionou o uso estratégico das plataformas digitais por movimentos conservadores para espalhar desinformação, criando desafios sociais e políticos. Haddad enfatizou que a esquerda precisa desenvolver maior expertise nesse campo, adotando métodos inovadores para contrabalançar a influência digital da oposição. Ele alertou sobre como informações falsas podem desviar o foco de questões cruciais e reforçou a necessidade de uma comunicação mais eficiente por meio das mídias sociais. A fala do ministro sublinhou a importância de estratégias integradas que unam iniciativas legislativas e ações de conscientização pública para combater a desinformação e fortalecer a democracia.
Perspectivas para futuro mais equitativo
Ao concluir sua participação, Haddad reafirmou o compromisso do governo em avançar com políticas que promovam justiça social e equidade econômica. Ele destacou que, apesar dos desafios, o Brasil possui potencial para liderar transformações significativas, tanto internamente quanto no cenário internacional. Segundo o ministro, é crucial que os setores progressistas mantenham a determinação em desenvolver soluções inovadoras para superar os obstáculos impostos pelo atual contexto político e econômico. Haddad concluiu com um apelo à sociedade civil e aos movimentos sociais, pedindo maior engajamento e mobilização para apoiar medidas que fomentem o desenvolvimento sustentável e inclusivo. O evento reforçou a urgência de ações coordenadas entre o governo, instituições e cidadãos para assegurar um futuro mais justo para todos os brasileiros.
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