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Governo promete luz de graça, mas esquece de avisar: é proibido usar eletrodomésticos

O governo federal anunciou com grande alarde que até 60 milhões de brasileiros serão beneficiados com isenção total da conta de energia elétrica.

O governo federal anunciou com grande alarde que até 60 milhões de brasileiros serão beneficiados com isenção total da conta de energia elétrica.

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O governo federal anunciou com grande alarde que até 60 milhões de brasileiros serão beneficiados com isenção total da conta de energia elétrica. O programa, vinculado ao Cadastro Único e voltado para famílias de baixa renda, estabelece que, para obter gratuidade, o consumo mensal deve se manter abaixo de 80 kWh (quilowatt-hora). Na prática, porém, a única forma de alcançar esse teto é não utilizando os principais eletrodomésticos do dia a dia.

📉 O limite é técnico — e cruel

A fórmula do consumo é simples: Consumo (kWh)=Poteˆncia (kW)×Tempo de uso (h)×Dias no meˆs\text{Consumo (kWh)} = \text{Potência (kW)} \times \text{Tempo de uso (h)} \times \text{Dias no mês}Consumo (kWh)=Poteˆncia (kW)×Tempo de uso (h)×Dias no meˆs

Aplicando isso a uma residência típica com 4 pessoas, mesmo adotando eletrodomésticos eficientes e hábitos de uso moderado, o consumo ultrapassa o limite com facilidade.

Veja uma simulação básica:

AparelhoUso típicoConsumo (kWh/mês)
Geladeira (A++)24h/dia25,2
Iluminação LED (6 lâmpadas)4h/dia6,5
TV LED 32″3h/dia4,05
Ventilador4h/dia8,4
Carregadores de celular5h/dia1,5
Chuveiro 3.500W20 min/dia (4 banhos)34,7
Total estimado80,35 kWh

Isso sem incluir máquina de lavar, micro-ondas, notebook, ferro de passar ou qualquer outro eletrodoméstico comum. Retirar um deles até ajuda, mas bastam banhos 2 minutos mais longos para que tudo desmorone.

💬 O que o governo diz — e o que não diz

A meta do governo Lula, anunciada com entusiasmo em 2023 e reforçada em 2025, era beneficiar até 60 milhões de brasileiros com o programa. A isenção é destinada a quem consome até 80 kWh/mês e esteja inscrito no CadÚnico, além de cumprir critérios como tarifa social.

Mas não houve qualquer detalhamento técnico sobre o que isso implica no cotidiano das famílias.

“É como dizer que todos vão receber pão de graça, desde que só comam meia fatia por dia”, ironiza o engenheiro eletricista Cláudio Santana, especialista em eficiência energética. “A conta não fecha nem para famílias que já vivem em condições mínimas. Isso não é política pública, é ilusão estatística.”

🛑 Um “benefício” que exige abrir mão do básico

Para que uma família típica se enquadre no programa, seria necessário:

  • Banhos de no máximo 4–5 minutos por pessoa/dia
  • Zero uso de máquina de lavar roupa
  • Não possuir micro-ondas, ferro elétrico, ar-condicionado ou notebook
  • Uso controlado de iluminação e ventilação

Aos olhos do governo, esses números sugerem uma grande ação de inclusão social. Na realidade, a exigência de um consumo tão baixo expulsa justamente quem mais precisa da isenção: famílias que usam energia para trabalhar, estudar, se alimentar ou simplesmente viver com dignidade.

⚙️ Um incentivo ao subconsumo forçado

A proposta poderia ser compreendida como incentivo à eficiência energética — se viesse acompanhada de investimentos em eletrodomésticos econômicos, aquecimento solar, reforma habitacional e educação energética. Mas sem isso, é apenas um empurrão ao subconsumo forçado, travestido de benefício social.

📌 Conclusão

O programa de isenção na conta de energia é viável no papel, mas impraticável na vida real para a maioria das famílias brasileiras. A meta de alcançar 60 milhões de pessoas ignora o padrão mínimo de consumo doméstico — e transforma o acesso à energia em mais uma linha da desigualdade.


Resumo? O governo promete luz de graça, mas cobra em troca a renúncia ao conforto — e ao uso básico da eletricidade. Porque no Brasil de 2025, ter luz de graça significa viver no escuro — quase literalmente.