Governo Federal gasta R$ 168 mil em show de Roberta Sá para jantar com Lula e Macron

Cantora brasileira se apresentou em evento diplomático em Paris.

O governo federal brasileiro confirmou que desembolsou a quantia de R$ 168 mil para a realização de um show da cantora Roberta Sá durante jantar de Estado oferecido pelo presidente da França, Emmanuel Macron, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O evento diplomático que ocorreu na quinta-feira, 5 de junho de 2025, em Paris, fez parte da agenda oficial da visita presidencial brasileira ao país europeu. A informação sobre o cachê artístico foi oficialmente publicada no Diário Oficial da União na quarta-feira, 4 de junho, gerando repercussão imediata nos meios políticos e na imprensa. A contratação da artista brasileira para animar o jantar com música ao vivo foi formalizada pelo Palácio do Planalto, que justificou a escolha pela representatividade cultural da cantora. Especialistas em relações internacionais observam que é comum a presença de elementos culturais em eventos diplomáticos desta natureza, embora o valor do cachê tenha gerado questionamentos em um momento em que o país enfrenta diversos desafios econômicos e sociais que demandam recursos públicos.

A visita de Lula à França representa mais um capítulo nas relações diplomáticas entre os dois países, que têm buscado fortalecer laços comerciais e alianças estratégicas em diversos setores. O presidente brasileiro viajou acompanhado de uma comitiva que inclui ministros e assessores diretos, além da primeira-dama Janja da Silva. O jantar de Estado, tradicionalmente um dos momentos mais formais e simbólicos das visitas presidenciais, serve como plataforma para demonstrações de cordialidade e aproximação entre nações. A escolha de Roberta Sá para a apresentação musical reflete a estratégia de soft power frequentemente empregada pela diplomacia brasileira, utilizando manifestações artísticas e culturais como cartão de visitas do país. O contrato para a apresentação da cantora, conforme publicado oficialmente, estabelece que o show fará parte da programação cultural do evento, levando ritmos brasileiros para o cenário diplomático europeu. A decisão de custear a apresentação com recursos do Tesouro Nacional foi tomada pelo Planalto, que entendeu ser apropriado para a ocasião e compatível com a importância do encontro bilateral, segundo informações de fontes ligadas à Presidência da República.

Embora o jantar seja uma homenagem do presidente francês Emmanuel Macron ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governo brasileiro está custeando a apresentação da cantora Roberta Sá. A contratação dispensa licitação, conforme o Artigo 74 da Lei 14.133/2021, que isenta o processo para artistas “consagrados pela crítica especializada ou pela opinião pública”. A francesa Sélène Saint-Aimé também se apresentou no evento.

O jantar de Estado contou com personalidades brasileiras ligadas à França, como a bailarina Luciana Sagioro, de 19 anos, integrante do balé da Ópera de Paris, e o ex-tenista Gustavo Kuerten, tricampeão de Roland Garros. Às 22h15, a Torre Eiffel foi iluminada com as cores do Brasil, em uma rara homenagem do governo francês a Lula, gesto reservado para ocasiões especiais, como a iluminação anual em apoio à Ucrânia.

A repercussão da notícia nos meios de comunicação e nas redes sociais tem sido significativa, com opiniões divididas sobre a pertinência do gasto. Críticos apontam que o valor de R$ 168 mil poderia ser direcionado para áreas prioritárias como saúde, educação ou programas sociais, especialmente considerando os desafios econômicos enfrentados pelo Brasil. Por outro lado, defensores da iniciativa argumentam que os gastos com diplomacia cultural representam investimentos importantes para a projeção internacional do país e para o fortalecimento de relações que podem gerar acordos comerciais e parcerias estratégicas. A cantora Roberta Sá, conhecida por seu trabalho no cenário da música popular brasileira contemporânea, não se manifestou publicamente sobre o valor do cachê ou sobre sua participação no evento diplomático. A escolha da artista segue uma tradição de apresentar ao mundo a diversidade cultural brasileira em ocasiões diplomáticas de alto nível, prática que tem sido adotada por diferentes governos ao longo da história recente. Analistas de relações internacionais destacam que a França tradicionalmente valoriza intercâmbios culturais em suas relações diplomáticas, sendo um dos países europeus com maior interesse e abertura para manifestações artísticas de outras nações, o que pode explicar a decisão de incluir uma apresentação musical brasileira na programação do jantar.

As expectativas para o encontro entre Lula e Macron vão além do jantar de gala e da apresentação musical. A agenda bilateral prevê discussões sobre temas como acordos comerciais, cooperação ambiental com foco na Amazônia, intercâmbios educacionais e parcerias tecnológicas. Estas pautas substantivas representam o verdadeiro núcleo da visita presidencial, que busca consolidar a França como um dos principais parceiros europeus do Brasil. Na atual conjuntura internacional, marcada por tensões geopolíticas e desafios globais como as mudanças climáticas, alianças estratégicas com potências europeias ganham relevância especial para a política externa brasileira. O jantar de Estado, mesmo com o custo associado à apresentação musical, funciona como um ritual diplomático que abre portas para negociações mais concretas. Nos próximos dias, após a conclusão da visita, será possível avaliar os resultados práticos deste investimento em diplomacia cultural, verificando se os acordos e parcerias firmados justificarão os gastos realizados. A história da diplomacia mundial está repleta de exemplos em que momentos de confraternização cultural serviram como catalisadores para aproximações políticas e econômicas duradouras, o que pode ser o caso deste encontro entre os presidentes do Brasil e da França.

Impacto nas relações Brasil-França

A visita presidencial brasileira à França, marcada pelo jantar que contou com a apresentação de Roberta Sá, representa um momento significativo para as relações bilaterais entre os dois países. Historicamente, Brasil e França mantêm laços diplomáticos, culturais e comerciais que remontam a séculos de intercâmbios. O atual momento político, com governos que demonstram afinidades em diversas pautas internacionais, cria um cenário favorável para o aprofundamento dessas relações. O investimento em diplomacia cultural, mesmo gerando controvérsias sobre seus custos, faz parte de uma estratégia mais ampla de posicionamento internacional do Brasil que busca recuperar protagonismo no cenário global. A expectativa dos analistas é que, para além da música e da gastronomia, o encontro entre Lula e Macron produza resultados concretos em termos de acordos comerciais, cooperação técnica e alinhamento em fóruns multilaterais, justificando assim o investimento realizado nos aspectos cerimoniais e culturais da visita.