Governadores Zema, Caiado e Ratinho selam pacto para disputar Presidência em 2026

Aliança de centro-direita contra Lula.
Os governadores Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, e Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, formalizaram um pacto de união mútua para as eleições presidenciais de 2026 durante a 90ª edição da Expozebu, tradicional feira do agronegócio realizada em Uberaba, Minas Gerais, no último sábado (26). O encontro marcou a consolidação de uma estratégia conjunta em que os três pré-candidatos à Presidência da República se comprometeram a apoiar aquele que eventualmente avançar para um segundo turno contra o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em seus discursos, os governadores adotaram tom crítico ao governo federal e defenderam a necessidade de uma mudança na condução política do país. Caiado, em sua fala, demonstrou confiança na vitória da centro-direita nas próximas eleições presidenciais, afirmando categoricamente que o grupo chegará “ao comando dessa Nação”. Já Zema, em tom mais contundente, acusou o governo Lula de perseguir produtores e trabalhadores, declarando que em 2026 os três governadores estarão unidos para “tirar esse governo que persegue quem produz, que persegue quem trabalha”, defendendo uma gestão mais técnica, com responsabilidade fiscal para “permitir a queda da inflação e dos juros”.
A articulação dos três governadores ocorre em um contexto de movimentações políticas intensas visando a sucessão presidencial, com diversos atores buscando se posicionar como alternativas viáveis para 2026. O ex-presidente Michel Temer também tem demonstrado interesse em unificar o campo de centro-direita, trabalhando para aproximar não apenas Caiado, Zema e Ratinho Júnior, mas também os governadores Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul, e Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo. Segundo informações apuradas junto a pessoas próximas ao ex-presidente, Temer busca viabilizar um projeto para o Brasil nos moldes do documento “Uma ponte para o futuro”, que orientou seu mandato presidencial. O presidente do PSD, Gilberto Kassab, atual secretário de governo da gestão Tarcísio em São Paulo, avaliou recentemente que o centro-direita só teria candidato único em 2026 se o governador paulista decidisse concorrer à Presidência. Caso Tarcísio opte pela reeleição em São Paulo, Kassab prevê um cenário fragmentado, com seis ou sete candidaturas disputando uma vaga no segundo turno contra Lula ou seu eventual sucessor. Nesse contexto, o dirigente destacou que seu correligionário Ratinho Júnior seria aquele com maior capacidade de unir a região Sul do país, considerada por ele “o reduto mais expressivo do anti-PT”.
A movimentação dos três governadores durante o evento do agronegócio em Uberaba demonstra uma estratégia calculada de aproximação com um setor econômico tradicionalmente crítico ao PT e ao governo Lula. Ao escolher a Expozebu como palco para sinalizar a união, os pré-candidatos buscaram fortalecer laços com produtores rurais e empresários do agronegócio, setor que representa parte significativa do PIB brasileiro e possui considerável influência política, especialmente nas regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste. Durante seu pronunciamento, Caiado foi enfático ao garantir o apoio mútuo entre os três, independentemente de quem avance para o segundo turno: “Qualquer um de nós que for para o segundo turno terá o apoio de todos nós”. Esta declaração evidencia a estratégia de enfrentamento ao atual presidente, priorizando a união do campo político de centro-direita em detrimento de ambições individuais. Zema aproveitou o momento para defender uma gestão mais técnica e com responsabilidade fiscal, defendendo que o país precisa voltar a atrair investimentos e retomar o crescimento econômico. Em um movimento que reforça sua articulação política em Minas Gerais, o governador mineiro também manifestou apoio a Mateus Simões, seu atual vice-governador, para sucedê-lo no governo estadual em 2026, indicando que sua prioridade será mesmo a disputa presidencial, deixando um sucessor de confiança para dar continuidade a seu trabalho no estado.
A formação deste bloco de governadores representa um importante movimento no tabuleiro político nacional, especialmente considerando que Minas Gerais, Goiás e Paraná são estados com expressivo colégio eleitoral e significativa relevância econômica. A estratégia de unificação antecipada visa evitar a fragmentação de votos no campo da centro-direita, problema que historicamente beneficiou candidaturas mais consolidadas. No entanto, desafios consideráveis se apresentam para esta aliança, principalmente a necessidade de conciliar as ambições individuais de cada governador com o projeto coletivo. O movimento ocorre em paralelo à articulação de Michel Temer, que busca ampliar ainda mais esta frente com a inclusão de Tarcísio de Freitas e Eduardo Leite, o que poderia fortalecer ou, dependendo da condução, fragmentar ainda mais o campo político. A avaliação de Kassab sobre o cenário eleitoral para 2026, indicando que apenas Tarcísio teria potencial para unificar completamente o campo, adiciona uma variável importante nesta equação política. Em um cenário fragmentado, como previsto pelo presidente do PSD caso Tarcísio opte pela reeleição em São Paulo, o pacto entre Caiado, Zema e Ratinho ganha ainda mais relevância como tentativa de organizar ao menos parte deste campo político para enfrentar o atual presidente ou seu eventual sucessor nas eleições presidenciais de 2026.
Posicionamento estratégico no cenário nacional
O encontro dos três governadores em Uberaba demonstra uma clara estratégia de posicionamento nacional com mais de um ano de antecedência às eleições. A escolha de um evento do agronegócio para esta demonstração de união não foi coincidência, mas um movimento calculado para fortalecer a base de apoio junto a um setor econômico fundamental. Enquanto o cenário político para 2026 ainda está em formação, a aliança entre Zema, Caiado e Ratinho Jr. representa uma das primeiras movimentações concretas visando construir uma alternativa competitiva ao atual governo federal, sinalizando que a disputa pela Presidência da República já começou, mesmo faltando mais de um ano para o início oficial da campanha eleitoral.