Glauber Braga dorme na Câmara após sua cassação ser aprovada no Conselho de Ética

Câmara dos Deputados decide sobre futuro político de Glauber Braga.
Em greve de fome, Glauber Braga toma isotônico e ouve NX Zero para manter a calma.
O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) enfrenta um dos momentos mais delicados de sua carreira política após o Conselho de Ética da Câmara aprovar, por 13 votos a 5, o pedido de cassação de seu mandato. A decisão ocorreu em meio à tensão e ao tumulto gerado por apoiadores e adversários políticos na última quarta-feira, 9 de abril. A acusação central envolve um episódio ocorrido em abril de 2024, no qual Glauber teria agredido Gabriel Costenaro, integrante do Movimento Brasil Livre (MBL), com empurrões e chutes dentro das dependências da Câmara. Em sua defesa, Braga afirma ser alvo de uma perseguição política orquestrada por Arthur Lira (PP-AL), ex-presidente da Câmara. O parlamentar iniciou uma greve de fome como forma de protesto e permanece no plenário em busca de apoio para reverter o processo.
Processo político e acusações de perseguição
As circunstâncias que levaram à abertura do processo de cassação contra Glauber Braga levantam questionamentos sobre a parcialidade e motivações por trás do caso. O deputado afirma que a sua defesa de pautas progressistas e denúncias contra o chamado “orçamento secreto”, liderado por Arthur Lira, são o verdadeiro motivo das ações contra ele. Segundo Glauber, Gabriel Costenaro atuou de forma provocativa, instigando confrontos reiterados e utilizando ofensas pessoais, inclusive contra a mãe do parlamentar, que faleceu pouco tempo depois. A reação de Glauber a essas provocações tornou-se o estopim para o processo disciplinar, apresentado originalmente pelo Partido Novo. A presidente nacional do PSOL, Paula Coradi, vê a situação como um ataque à democracia e uma tentativa de silenciar vozes críticas dentro do Congresso Nacional.
Repercussões políticas e resposta do PSOL
A situação de Glauber Braga dividiu opiniões entre governistas e oposicionistas. Enquanto aliados do PSOL classificam o processo como um “ataque político” e uma manobra para intimidar a esquerda, membros da oposição celebram a decisão como uma “vitória da ética parlamentar”. O PSOL tem investido em estratégias políticas e judiciais para reverter a cassação, incluindo um apelo à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e articulações junto a outros partidos progressistas. Atos públicos também foram anunciados como parte da mobilização para pressionar o Congresso. Glauber continua recebendo apoio de diversas lideranças do campo progressista, que argumentam que a pena é desproporcional quando comparada a casos mais graves envolvendo outros parlamentares, muitos dos quais receberam punições mais brandas.
Em greve de fome, Glauber Braga terá visitas diárias de médicos e exames na Câmara
Após a aprovação de sua cassação, o congressista declarou que não deixaria o espaço do Congresso Nacional até o fim do processo que visa a perda de seu mandato. Ele também prometeu fazer greve de fome.
“A partir do dia de hoje eu vou permanecer aqui, nesse plenário, e quem quiser chamar de greve de fome, chame de greve de fome ou chame como queira, mas eu vou dar manutenção a uma ação de não rendição ao orçamento secreto, a Arthur Lira e companhia”, disse.
Em nota enviada às 19h de quinta (10), a equipe de Glauber informou que médicos recomendaram a ingestão de soro para “amenizar os efeitos da greve de fome”.
“Durante todo o dia, centenas de pessoas estiveram no local prestando solidariedade ao deputado. Ainda pela tarde, Glauber conseguiu dormir por cerca de uma hora, desta vez em um colchonete que foi levado pela equipe de apoio para o local, assim como um cobertor e lençóis”, diz o pronunciamento.
O futuro do mandato e as implicações para a política brasileira
O desfecho do processo contra Glauber Braga, que ainda precisa ser votado no plenário da Câmara, terá implicações significativas para a política brasileira. Caso a cassação seja confirmada, o suplente Heloísa Helena (Rede-RJ) assumirá o mandato, marcando uma mudança na composição da bancada do PSOL. Além disso, a decisão pode estabelecer um precedente preocupante para outros parlamentares que exercem forte oposição ao governo vigente. Glauber, por sua vez, reafirma sua disposição de lutar contra o que considera uma “injustiça histórica”, apostando na mobilização de sua base e no apoio popular para reverter o cenário. Para muitos analistas, o caso é emblemático dos desafios enfrentados pela democracia brasileira, destacando as tensões entre liberdade de expressão, ética parlamentar e disputas ideológicas.