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Galípolo prevê BC agressivo na alta de juros e cauteloso nos cortes

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Presidente do BC projeta inflação acima do teto da meta.

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que a inflação tende a permanecer acima do teto do sistema de metas, ou seja, de 4,5%, até que o processo de alta dos juros vá gerando desaceleração no ritmo de crescimento da economia brasileira. Em evento promovido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Galípolo destacou que a resposta a essa e a outras expectativas para a economia estão na política monetária. O novo chefe da autoridade monetária, que assumiu o cargo no início deste ano após indicação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sinalizou uma postura agressiva do BC na alta de juros e cautela nos eventuais cortes futuros da taxa Selic.

Atualmente, a taxa Selic está em 13,25% ao ano, após quatro altas seguidas pelo BC, que indicou também novo aumento de um ponto percentual, em março deste ano. Os aumentos de juros foram criticados nos últimos anos pelo presidente Lula, mas Galípolo defendeu a necessidade de subir a taxa básica de juros para um nível “seguro” para levar a inflação à meta. O presidente do BC argumentou que o Banco Central vai tomar o tempo necessário para ver se os dados confirmam uma tendência real de desaceleração da economia, e não somente volatilidade de dados de alta frequência, antes de tomar uma decisão de ter uma política mais suave para os juros.

Galípolo também abordou os desafios enfrentados pela autoridade monetária na condução da política de juros. Segundo ele, foram construídos mecanismos para reduzir a sensibilidade de diversos setores às altas da Selic, o que demanda “doses maiores do remédio” (juro alto) para surtir o efeito desejado no controle da inflação. O presidente do BC ressaltou que há um setor que não tem proteção contra esse “remédio”: o Tesouro Nacional, que arca diretamente com o custo dos juros elevados, impactando a dívida pública. Essa situação cria um dilema para a autoridade monetária, que precisa equilibrar o controle inflacionário com a sustentabilidade fiscal do país.

Olhando para o futuro, Galípolo indicou que o crescimento da economia em 2025 será menor que o deste ano, refletindo o impacto da política monetária restritiva. Ele destacou que os crescimentos recentes têm sido acima do PIB potencial estimado pelo mercado, o que pode estar relacionado às reformas estruturais aprovadas nos últimos anos. No entanto, o presidente do BC ponderou que essa hipótese ainda depende de mais investigação e tempo para ser confirmada. Galípolo também mencionou a dificuldade em encontrar evidências de ganho de produtividade para além do setor de agricultura, sugerindo que os desafios para a economia brasileira permanecem significativos, mesmo com a perspectiva de controle inflacionário no médio prazo.

Perspectivas para a economia e política monetária

As declarações de Galípolo reforçam a expectativa de que o Banco Central manterá uma postura vigilante em relação à inflação, mesmo diante de pressões por uma flexibilização da política monetária. A projeção de um crescimento econômico menor em 2025 sugere que os efeitos do aperto monetário devem se fazer sentir de forma mais intensa no próximo ano, o que pode abrir espaço para uma eventual redução gradual dos juros, desde que a inflação mostre sinais consistentes de convergência para a meta. O mercado financeiro e os agentes econômicos seguirão atentos às próximas comunicações e decisões do Copom para ajustar suas expectativas e estratégias diante desse cenário desafiador para a economia brasileira.