Galípolo assume Presidência do BC em Meio a Desafios Econômicos

Gabriel Galípolo assume a presidência do Banco Central em um momento delicado para a economia brasileira. Em 1º de janeiro de 2025, ele herdou um cenário de incertezas, com a inflação pressionada e a economia ainda se recuperando dos impactos de políticas fiscais questionáveis. A situação é agravada pela crise de confiança gerada pelo pacote fiscal anunciado no final de 2024, considerado insuficiente pelo mercado. A inflação projetada para 2025 já ultrapassa o teto da meta, chegando a 4,96%, e o dólar alcançou patamares históricos, obrigando o Banco Central a intervir com a venda de US$ 30,8 bilhões em reservas cambiais somente em dezembro.
Economistas apontam para a postura técnica e independente de Galípolo, mesmo tendo sido secretário-executivo do Ministério da Fazenda. Sua experiência prévia é vista como um trunfo para levar ao governo a percepção dos riscos fiscais, incentivando decisões mais realistas.
Logo na primeira reunião do Copom sob sua liderança, Galípolo conduziu o debate sobre o aumento da Selic, aprovado por 5×4, com um aumento de 0,5 ponto percentual. Apesar da dissidência inicial, as decisões seguintes do Comitê foram unânimes, demonstrando o empenho de Galípolo em manter a coesão e credibilidade da instituição. A Selic, elevada para 12,25%, com previsão de atingir 14,25% em março, sinaliza a determinação do Banco Central em controlar a inflação, mesmo com a instabilidade fiscal. Essa postura reforça o compromisso com a missão do BC, mas ainda pairam dúvidas sobre como Galípolo reagirá a uma desaceleração econômica mais intensa que a esperada.
Os desafios são consideráveis. A política fiscal do governo continua sendo um foco de tensão, com questionamentos sobre a eficácia das medidas atuais para estabilizar a dívida pública. Galípolo precisa conciliar a independência do Banco Central com a necessidade de alinhar as expectativas do mercado à realidade econômica do país.
O sucesso da gestão de Galípolo dependerá das decisões fiscais do governo. Novas medidas no início do ano podem ser bem recebidas pelo mercado, abrindo espaço para a queda dos juros. Por outro lado, a resistência a novas medidas fiscais pode gerar reações negativas, com novas altas do dólar.
A chegada de Gabriel Galípolo ao Banco Central inicia um novo capítulo em um momento crucial para a economia brasileira. Com sua abordagem técnica e compromisso com a autonomia, ele busca recuperar a confiança do mercado e controlar a inflação. O futuro da economia brasileira depende das decisões de Galípolo e do governo em relação à política fiscal. O país observa com expectativa e cautela os próximos passos.