Ex-presidente do Banco Central Roberto Campos Neto assume cargo executivo no Nubank

Nova função como Vice-Chairman e Chefe Global de Políticas Públicas.
O ex-presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, foi anunciado na terça-feira (6) como o novo Vice-Chairman e Chefe Global de Políticas Públicas do Nubank, assumindo também uma posição no Conselho de Administração da Nu Holdings como membro não independente. De acordo com o comunicado oficial divulgado pela instituição financeira digital, Campos Neto iniciará suas atividades a partir de 1º de julho de 2025, após cumprir integralmente o período de quarentena de seis meses estabelecido pela legislação brasileira para ex-dirigentes do Banco Central. A nomeação representa um movimento estratégico significativo para o Nubank, que continua sua expansão internacional pelos mercados da América Latina, tendo recentemente obtido licença para operar como banco no México. Em sua nova função executiva, o ex-banqueiro central trabalhará diretamente com o CEO e fundador do Nubank, David Vélez, sendo responsável por liderar a agenda global de políticas públicas da fintech, com foco especial no relacionamento com reguladores, participação em fóruns financeiros internacionais e desenvolvimento da estratégia de negócios de longo prazo da instituição, especialmente no que tange à expansão para novos mercados internacionais.
A contratação de Campos Neto pelo Nubank ocorre após sua destacada gestão à frente do Banco Central do Brasil, onde permaneceu por seis anos, de 2019 até o final de 2024, período no qual implementou importantes inovações para o sistema financeiro nacional, com destaque para o desenvolvimento e lançamento do Pix e a implementação do sistema de Open Finance. Antes de assumir a presidência do BC, Campos Neto construiu uma sólida carreira no setor financeiro privado, tendo trabalhado por quase duas décadas no banco Santander em duas passagens distintas, experiência que complementa seu conhecimento do ambiente regulatório e traz uma perspectiva valiosa para o Nubank em sua estratégia de crescimento e relacionamento com órgãos reguladores. O próprio executivo já comunicou formalmente sua intenção de ingressar no Nubank à Comissão de Ética Pública do Brasil (CEP), respeitando todos os procedimentos legais exigidos para ex-autoridades do sistema financeiro nacional. A nomeação de um ex-presidente do Banco Central para uma posição executiva de alto escalão em uma fintech representa um movimento significativo no mercado financeiro brasileiro, sinalizando a crescente importância das empresas de tecnologia financeira no cenário econômico e a valorização de profissionais com experiência tanto no ambiente regulatório quanto no setor privado.
Em declaração divulgada pelo Nubank, Roberto Campos Neto expressou entusiasmo com sua nova fase profissional: “Estou ansioso por essa mudança de carreira e por liderar as equipes do Nubank em sua jornada contínua para desenvolver produtos e serviços financeiros inovadores, apoiando políticas e regulações modernas e competitivas no cenário internacional, levando a um maior acesso, transparência e qualidade para os consumidores”. Por sua vez, David Vélez, fundador e CEO do Nubank, destacou a importância estratégica da contratação, afirmando que Campos Neto “tem sido um dos principais pensadores do mundo sobre como usar a tecnologia para avançar os sistemas financeiros locais por meio de sistemas como o Pix e o Open Finance”. Vélez complementou que, devido à sua experiência técnica nos setores financeiro e regulatório, o ex-presidente do BC “proporcionará uma liderança estratégica valiosa para o crescimento contínuo de nosso portfólio e operações na América Latina e em futuras geografias”. A chegada de Campos Neto ocorre em um momento de expansão internacional para o Nubank, que além do Brasil já opera na Colômbia e no México, onde recentemente recebeu licença para funcionar como banco comercial. A instituição tem manifestado repetidamente, através de seus fundadores David Vélez, Cristina Junqueira e Edward Wible, a ambição de expandir suas operações para outros mercados internacionais, especialmente na América Latina, região onde o banco digital vê grande potencial de crescimento devido aos altos índices de população desbancarizada e às elevadas tarifas cobradas pelos bancos tradicionais.
Impactos no mercado financeiro e expectativas para o futuro
A contratação de Roberto Campos Neto pelo Nubank representa não apenas um reforço significativo para o time executivo da fintech, mas também sinaliza uma nova fase na relação entre as instituições financeiras tradicionais e as empresas de tecnologia que estão revolucionando o setor bancário. Com sua vasta experiência tanto no mercado privado quanto como autoridade regulatória, Campos Neto traz consigo conhecimentos valiosos sobre a estrutura e funcionamento do sistema financeiro global, além de relacionamentos estabelecidos com reguladores e formuladores de políticas públicas em diversos países. Esta movimentação ocorre em um contexto de crescente competição no setor financeiro, onde o Nubank tem se destacado como um dos principais desafiantes dos bancos tradicionais, oferecendo serviços financeiros digitais com baixo ou nenhum custo para milhões de clientes. A expectativa é que, sob a liderança de Campos Neto na área de políticas públicas, o Nubank consiga navegar com maior facilidade pelos complexos ambientes regulatórios dos países onde pretende expandir suas operações, potencialmente acelerando seu processo de internacionalização. Além disso, sua experiência à frente do desenvolvimento de sistemas como o Pix e o Open Finance no Brasil poderá ser fundamental para que o Nubank continue a desenvolver produtos e serviços inovadores, mantendo sua vantagem competitiva em um mercado cada vez mais disputado por fintechs e bancos tradicionais que buscam se digitalizar. Quando assumir formalmente sua posição em 1º de julho de 2025, Roberto Campos Neto estará diante do desafio de ajudar o Nubank a consolidar sua posição como uma das principais instituições financeiras digitais do mundo, contribuindo para a transformação do sistema bancário não apenas no Brasil, mas em toda a América Latina e potencialmente em outras regiões onde a empresa venha a atuar no futuro.