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Açúcar brasileiro enfrenta taxação elevada nos Estados Unidos

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Setor sucroalcooleiro critica barreiras comerciais.

O setor sucroalcooleiro brasileiro enfrenta significativas barreiras comerciais na exportação de açúcar para os Estados Unidos, com tarifas que ultrapassam 100% do valor do produto. Essa situação foi destacada por Evandro Gussi, presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), em entrevista recente. A declaração surge em um contexto de tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos, especialmente após o anúncio do presidente Donald Trump sobre um plano para um comércio internacional “justo e recíproco”, que coloca o etanol brasileiro sob escrutínio. Gussi enfatizou a disparidade nas condições de comércio entre os dois países, ressaltando que o açúcar brasileiro enfrenta obstáculos praticamente intransponíveis no mercado americano devido às elevadas tarifas impostas.

A questão das tarifas sobre o açúcar brasileiro nos Estados Unidos é um tema de longa data nas relações comerciais entre os dois países. Enquanto o Brasil se destaca como um dos maiores produtores mundiais de açúcar, com uma indústria altamente competitiva e eficiente, o acesso ao mercado americano permanece extremamente limitado. As tarifas impostas pelos EUA, que segundo Gussi ultrapassam 100% em relação ao preço do produto, efetivamente bloqueiam a entrada do açúcar brasileiro naquele mercado. Esta situação contrasta com a abertura do mercado brasileiro para produtos agrícolas americanos, incluindo o etanol de milho, que enfrenta tarifas significativamente menores ao entrar no Brasil. A disparidade nas políticas comerciais tem sido fonte de frustração para o setor sucroalcooleiro brasileiro, que argumenta estar enfrentando condições desleais de competição.

O debate sobre as tarifas do açúcar se intensifica em um momento em que os Estados Unidos questionam as taxas brasileiras sobre o etanol americano. Enquanto os EUA aplicam uma tarifa de apenas 2,5% sobre o etanol brasileiro, o Brasil impõe uma taxa de 18% sobre o etanol importado dos Estados Unidos. Esta discrepância foi destacada pelo governo Trump como exemplo de prática comercial injusta. No entanto, o setor brasileiro argumenta que a comparação direta entre as tarifas de etanol e açúcar é inadequada, dada a magnitude da barreira enfrentada pelo açúcar. Além disso, Gussi ressaltou que o etanol brasileiro é importado pelos Estados Unidos devido à sua qualidade ambiental superior, com uma pegada de carbono significativamente menor em comparação ao etanol de milho americano. Esta diferença qualitativa, segundo o setor, justifica a demanda americana pelo produto brasileiro, apesar das barreiras existentes.

A situação atual coloca em evidência a complexidade das relações comerciais agrícolas entre Brasil e Estados Unidos, dois gigantes do agronegócio global. Enquanto ambos os países buscam proteger seus setores domésticos, a busca por um equilíbrio justo nas trocas comerciais permanece um desafio. O setor sucroalcooleiro brasileiro continua a pressionar por maior acesso ao mercado americano, argumentando que a redução das barreiras tarifárias beneficiaria consumidores nos Estados Unidos e promoveria uma competição mais justa. No entanto, a resolução dessa questão dependerá de negociações bilaterais complexas, que devem levar em conta não apenas as tarifas sobre açúcar e etanol, mas também uma gama mais ampla de produtos agrícolas e industriais. A busca por um comércio verdadeiramente recíproco entre as duas maiores economias das Américas permanece um objetivo desafiador, mas crucial para o fortalecimento das relações econômicas bilaterais.