Elon Musk deixa cargo no governo Trump

Musk renuncia a cargo no governo dos EUA, ‘decepcionado’ com lei orçamentária de Trump.
Bilionário encerra participação no Departamento de Eficiência após 130 dias.
Elon Musk anunciou oficialmente seu desligamento do governo do presidente Donald Trump na quarta-feira, 28 de maio de 2025, após completar os 130 dias permitidos por lei para sua atuação como “funcionário especial do governo”. O empresário bilionário, que liderava a força-tarefa de cortes financeiros no chamado Departamento de Eficiência do Governo (DOGE), confirmou sua saída através de uma publicação em sua rede social X. Na mensagem, Musk agradeceu a oportunidade ao presidente e afirmou que a iniciativa de redução de gastos se tornaria um “modo de vida no governo”. A saída de Musk já era esperada nos círculos internos da administração Trump, que havia indicado a membros do gabinete que o empresário estaria deixando suas funções governamentais nas próximas semanas, coincidindo com o término do período legal que o isentava de certas regulações éticas e de conflito de interesses. O bilionário havia assumido o papel de conselheiro especial logo após a posse presidencial em janeiro, com a promessa ambiciosa de cortar aproximadamente US$ 1 trilhão em gastos federais.
A atuação de Musk no governo Trump foi marcada por promessas grandiosas e resultados controversos. Durante sua gestão à frente do DOGE, o empresário implementou medidas drásticas de redução de gastos, cancelamento de contratos governamentais e diminuição do quadro de servidores públicos federais. Segundo informações divulgadas pelo próprio departamento, a iniciativa teria economizado aproximadamente US$ 175 bilhões (equivalente a R$ 910 bilhões) aos cofres públicos americanos, embora análises independentes realizadas pela BBC tenham apontado falta de evidências concretas para sustentar esses números. O bilionário também enfrentou dificuldades significativas em sua comunicação com secretários de gabinete e funcionários da Casa Branca, incluindo a chefe de gabinete Susie Wiles, gerando turbulências internas na administração. Suas declarações frequentemente imprevistas e fora da mensagem oficial do governo em sua plataforma X causaram repetidos transtornos, especialmente quando anunciava planos não coordenados para reduções significativas em agências federais. Defensores de Musk na administração, no entanto, argumentavam que havia um limite para quanto ele poderia simplificar as operações governamentais sem comprometer serviços essenciais, tornando oportuno seu afastamento após o período inicial de trabalho.
O impacto político da participação de Musk no governo tornou-se particularmente evidente nas últimas semanas. Em abril, o próprio presidente Trump começou a preparar o terreno para a saída do empresário durante uma reunião de gabinete em 24 de março, quando informou aos presentes sobre a iminente transição. A permanência do bilionário como figura central da administração havia se tornado cada vez mais arriscada politicamente, especialmente após democratas capitalizarem sobre seu investimento de aproximadamente US$ 20 milhões nas eleições de Wisconsin, caracterizando o pleito como um referendo sobre o controverso empreendedor. As medidas implementadas por Musk também geraram protestos significativos e até mesmo impactaram negativamente os negócios de suas empresas privadas, com relatos de queda nas vendas da Tesla. Em uma entrevista recente à CBS, quando questionado sobre suas ações controversas no governo, o bilionário defendeu-se afirmando: “Fiz o que precisava ser feito”. A situação reflete um padrão observado em sua atuação governamental, onde promessas iniciais ambiciosas foram gradualmente redimensionadas. Inicialmente, Musk havia declarado a intenção de cortar “pelo menos 2 trilhões” do orçamento federal, mas recentemente havia reduzido essa meta para 150 bilhões de dólares até o ano fiscal de 2026, representando uma redução drástica em relação aos objetivos iniciais.
O futuro do Departamento de Eficiência do Governo após a saída de Musk permanece incerto, embora o projeto esteja formalmente programado para continuar até julho de 2026. Apesar do afastamento formal, especialistas acreditam que o bilionário poderá manter algum grau de influência sobre a administração Trump, considerando seu significativo apoio financeiro à campanha de reeleição do republicano em 2024, quando doou mais de US$ 250 milhões (aproximadamente R$ 1,3 bilhão). A experiência de Musk no governo americano também terá consequências duradouras para sua própria imagem pública e empresarial. Analistas políticos observam que o empresário essencialmente sacrificou parte de sua reputação pessoal ao colocar-se no centro de políticas extremamente controversas e frequentemente impopulares. Como um dos comentaristas do cenário político americano observou, “ele está basicamente pegando sua marca pessoal e manchando-a. E isso é o que acontece quando você se coloca à frente e no centro de algumas políticas extremamente controversas e muitas vezes impopulares”. O legado da passagem de Musk pelo governo Trump provavelmente será avaliado não apenas pelos cortes orçamentários efetivamente realizados, mas também pelo impacto mais amplo de suas políticas na estrutura governamental americana e na percepção pública sobre a eficiência da administração federal.
Os motivos que levaram Elon Musk a sair do governo Trump
Elon Musk, responsável por cortes nos gastos federais como assessor do governo dos EUA, renunciou após discordar do projeto de lei orçamentária de Donald Trump. “Agradeço ao presidente Trump pela oportunidade de reduzir gastos desnecessários”, escreveu Musk, o homem mais rico do mundo, na rede social X. Ele destacou que a missão do DOGE (Departamento de Eficiência Governamental), sob seu comando, continuará a promover eficiência no governo.
Musk criticou o projeto de lei de Trump, apelidado pelo presidente de “grande e bonito”, por aumentar o déficit orçamentário e comprometer o trabalho do DOGE, que já demitiu milhares de funcionários. “Fiquei decepcionado com esse projeto de gastos imensos que eleva o déficit”, afirmou Musk em entrevista à CBS News. Ele acrescentou que um projeto pode ser grande ou bonito, mas dificilmente ambos.
Musk também lamentou que o DOGE tenha se tornado um “bode expiatório” para críticas, conforme declarou ao jornal na Starbase, base de lançamentos da SpaceX no Texas, antes de um voo de teste. A Casa Branca, por meio do assessor de Trump, Stephen Miller, minimizou as divergências, afirmando no X que o projeto não é um orçamento anual e que os cortes do DOGE dependeriam de outra legislação, conforme regras do Senado.
O projeto de lei, já aprovado pela Câmara e em análise no Senado, reflete a visão de Trump de uma nova “Era de Ouro”, mas reduz programas de seguridade social para financiar a ampliação dos cortes de impostos de 2017. Críticos alertam que isso pode prejudicar a saúde dos mais pobres e aumentar a dívida nacional em até US$ 4 trilhões em uma década, segundo analistas independentes.
Os comentários de Elon Musk sinalizam um rompimento com o presidente republicano Donald Trump, a quem ele apoiou para retornar à Casa Branca após o mandato de 2017 a 2021, investindo milhões de dólares na campanha eleitoral de 2024.
Em entrevista ao The Washington Post, Musk, CEO da Tesla e da SpaceX, falou sobre as reformas que levaram à demissão de muitos funcionários federais, alguns sem notificação prévia. “A burocracia federal é muito pior do que eu imaginava”, afirmou. “Sabia que havia problemas, mas melhorar as coisas em Washington é uma batalha árdua, para dizer o mínimo”, completou.
Trump nomeou Musk para liderar o DOGE no início de seu mandato. Após um início intenso, o bilionário anunciou em abril que reduziria seu envolvimento no governo para se dedicar às suas empresas. Em maio, admitiu que o DOGE não atingiu todos os objetivos, apesar de ter cortado dezenas de milhares de empregos federais e desmantelado ou fechado diversos departamentos governamentais.
Impacto das medidas de austeridade deixa legado controverso
A saída de Elon Musk do governo Trump marca o fim de um capítulo controverso na administração americana, onde sua abordagem agressiva de cortes orçamentários gerou tanto apoio quanto críticas significativas. Enquanto alguns membros da administração celebram as economias realizadas, outros apontam para os custos humanos e institucionais dessas medidas. O futuro dirá se suas iniciativas de “eficiência governamental” estabelecerão um novo paradigma para a administração pública americana ou se serão vistas como um experimento de curta duração com consequências duradouras. Enquanto isso, o bilionário retorna ao comando de suas múltiplas empresas, carregando consigo a experiência de ter tentado aplicar princípios empresariais à máquina governamental, com resultados que continuarão sendo debatidos nos próximos anos.